Novos destinos da emigração

Ao longo do tempo, a emigração portuguesa, para além de aumentar ou diminuir, muda por alteração dos seus destinos. Recuando ao início do século XX, a emigração começou por ser transatlântica, com destaque para a que se dirigia para o Brasil, acompanhada, num patamar mais reduzido, e em décadas diferentes, pelas que tinham por destino, sucessivamente, os Estados Unidos, o Canadá e a Venezuela. A partir de meados dos anos 60, transformou-se num fenómeno europeu, característica que se manteve e acentuou até hoje. Antes do 25 de Abril, os destinos mais importantes foram França, Alemanha e Luxemburgo. Depois da Revolução, destacou-se, entre os novos destinos, a Suíça. Já no início deste século, a Espanha foi, por alguns anos, o país para onde mais portugueses emigravam. Com as crises financeira, primeiro, e das dívidas soberanas, depois, novos destinos apareceram a par de uma retoma parcial dos antigos países europeus de emigração portuguesa. Entre esses, um destacou-se pelo elevado número de emigrantes portugueses que recebia todos os anos: o Reino Unido.
Mais recentemente, com a travagem da emigração portuguesa induzida pelo Brexit, acentuou-se o crescimento das saídas para os Países Baixos e para os escandinavos: Dinamarca, Suécia e Noruega. Hoje, já se emigra mais para os Países Baixos do que para o Luxemburgo.

E, durante a paragem migratória internacional durante a crise do covid, a emigração para a Dinamarca continuou a crescer, imune aos múltiplos obstáculos de então à mobilidade internacional. Esta emigração, que já tinha começado a crescer desde o início do século XXI, é, desde o início, a mais qualificada com origem em Portugal, característica que se acentuou nos últimos anos (sobretudo nos países da Escandinávia). Por exemplo, em 2000 os licenciados representavam menos de 20% dos emigrantes portugueses a residir na Suécia; em 2020 aquela percentagem mais do que triplicou, ultrapassando os 60%. Já em 2011, segundo os censos da população realizados nesse ano, a percentagem de licenciados entre os emigrantes portugueses variava entre os 28% na Suécia e os 40% na Noruega. Valores que contrastavam, então, com os observados, por exemplo, para França, com menos de 7% de licenciados entre os emigrantes portugueses, ou a Espanha (13%).
Sendo a emigração para os novos destinos mais qualificada do que para os antigos, pode crescer mais rapidamente, pois não está tão dependente das redes intra-migrantes para se reproduzir e ampliar. De facto, quanto mais qualificados são os emigrantes, mais possibilidades estes terão de utilizar informação impessoal, técnica, na identificação de oportunidades de migração. Para além, claro, da informação que circula nas redes interpessoais.

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