Carlos Farinha
Nasceu em Santarém, Portugal. Possui Atelier em Lisboa. É licenciado em Artes Plásticas, vertente escultura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
Realiza e produz continuamente cenografias para o Festival de Banda Desenhada da Amadora desde o ano 1998. Foi co-fundador de “EPIPIderme, encontros à volta da Performance” em 2010 e pratica regularmente performances. Ganhou diversos prémios sendo o último, uma Menção Honrosa na “Bienal Internacional de Artes Plásticas da Marinha Grande”, em 2010.
Está representado em diversas coleções públicas e privadas.
Onde nasceu? Conte-nos um pouco da sua ligação à emigração.
Nasci em Santarém em 1971, mas passados poucos meses, a minha mãe comigo ao colo e a dar a mão à minha irmã de 1 ano e meio deu “o salto” para se juntar ao meu pai que se encontrava numa aldeia no norte de França. Passei quatorze anos em França e no mês de agosto vínhamos sempre a Portugal. Viajávamos de carro com reboque e ainda me recordo bem das várias peripécias que vivemos. Dos engarrafamentos até à guarda civil armada com metralhadoras e sobretudo, das avarias. Na altura ainda não pertencíamos à União Europeia e passar a fronteira era algo de muito especial.
Em casa era estimulado a pintar? Lembra-se da primeira vez que pintou?
A minha família nunca se opôs e apoiou-me em todas as minhas decisões. Realmente a minha relação com a pintura, foi muito particular embora tivesse um familiar artista. Ribeiro Farinha, um homem que lutou muito e que adoro a sua pintura. Foi o facto de voltar para Portugal que me fez pintar. Tinha alguns problemas de comunicação e era através da pintura que me sentia bem e comunicava. Pintava com tudo, em todo o tipo de suporte, até usei corantes alimentares e rímel.
Que pintores o inspiram? E escritores?
Gosto muito de artistas que de alguma forma marcaram a sua época, Goya, Picasso, e outros tantos e tão bons…, mas sobretudo gosto da irreverência do Duchamp e da práxis utópica do Joseph Beuys.
Enquanto escritores vários me marcaram consoante a época que vivia mas, sobretudo autores franceses Perec, Beaudelaire , Vian, etc. Portugueses admiro o Eça de Queiroz. Mas tinha muito para escrever sobre influências que vão desde Mandela, Mujica ou Gandhi. Adoro história e sobretudo, perceber o contexto de cada época para perceber a forma como as sociedades evoluíram.
Tendo formação académica em Escultura, porque se expressa mais na Pintura?
Bem, a Pintura começa muito antes da Escultura e sinceramente não me sentia bem na Faculdade de Belas Artes em Pintura. Achei que estudar Escultura permitiria compreender melhor o peso das coisas e a sua tridimensionalidade.
Qual o peso que tem França na sua arte?
Muita egalité, fraternité, liberté. Valores que sempre segui e que fazem parte do meu ADN.
A sua pintura está também repleta de ícones portugueses. O porquê deste uso constante?
Sou fã de história e não só. Vou fazer uma confidência. O pedagogo Paulo Freire, tem uma grande importância na forma como vejo o mundo e escolho o que pinto. A estética e a ética foram elementos que me forjaram a criar uma narrativa que permite uma transversalidade de leitura do meu trabalho. Porque a minha paixão são as pessoas.
Que povo português é este que se diferencia de todos os outros?
Quem usa um poeta como a sua maior referência, é desde logo um sinal de diferenciação. Espero que continuemos a perceber que a língua, a cultura e a viagem fazem parte da nossa definição. Não a glorificação de uma pseudo-identidade cultural criada através de um super-homem que é o português.
Qual é o seu maior sonho?
Poder continuar a dar (pessoalmente) e sermos seres livres e íntegros.
Uma mensagem para todos os artistas do mundo.
Não tenho muito a dizer , cada pessoa é um mundo e um caso , mas essencialmente sejam vocês próprios.
Eduardo Nunes
3 anos agoCarlos Farinha é grande em tudo na sua pintura, simplicidade, compreensão, resiliência em continuar fazendo o que mais gosta, amizade e de nos presentear com obras sempre diferentes que mostram pormenores que por vezes nos escapam com muita cor alegria e simplicidade algo que parece fácil mas não o é de todo.
Parabéns Carlos Farinha.
manuela cardoso
3 anos agoCarlos Farinha é um pintor de 1ª água. Grande e irreverente criativo está constantemente a surpreender-nos com as suas propostas que, muitas delas, correm ao lado de acontecimentos actuais da nossa história. Gosta do povo e retrata-o de todos as maneiras. Sem poses nem arremedos de petulância é um ser de mão cheia.