Crise energética
Chegado de férias reuni-me com um cliente de longa data, que começou por me dar a boa notícia, de que o seu filho tinha entrado numa universidade no Porto.
Aproveitei para lhe lembrar que o filho deveria comunicar à AT, através do portal das finanças, esta sua nova condição de «estudante deslocado» e indicar que celebrou um contrato de arrendamento de estudante deslocado, relativamente ao seu novo alojamento no Porto, para não perder benefícios fiscais próprios desta sua nova condição.
De seguida referiu-me uma situação que já o preocupava há meses, e que se agravou exponencialmente durante o mês de Agosto, a sua fatura de luz. Em maio do ano passado pagava cerca 2.600 Euros, que foram sofrendo sucessivas alterações ao longo dos últimos meses, e neste momento atingiram o montante de 16.000 Euros, sem que para isso tenha aumentado significativa o consumo, pelo contrário é praticamente o mesmo.
Ocorreu-me logo uma ideia que lhe resolveria o problema definitivamente. Sabia que possuía um amplo espaço para instalar painéis solares, e que o seu cunhado era até uma pessoa com grande experiência na área.
Sugeri que falasse com o cunhado, e que aproveitasse para instalar o maior número de paneis solares possíveis com a máxima potência possível. Com o preço exorbitante que a luz atingiu, provavelmente ainda receberia um montante considerável com a produção de eletricidade. Achou boa ideia e assim fez.
Na semana seguinte, quando nos encontrarmos de novo, vinha com um ar estupefacto e desiludido. Partilhou comigo o conselho do seu cunhado, que lhe esclareceu que todos os sistemas de ajuda à instalação de paneis solares não estão pensados para favorecer os consumidores finais nem o país, mas sim as empresas de comercialização de energia, que ganham com a venda dos paneis solares financiados pelo Estado e ganham com a produção de energia elétrica.
Pedi para me explicar melhor essa situação, e lá me explicou que os painéis são comprados em grandes quantidades, a um custo bem mais baixo que o corrente, e são vendidos ao maior preço possível, porque o Estado, os nossos impostos, assegura o pagamento de 75% do valor de venda dos painéis. Por outro lado se o consumidor tiver a ideia de produzir mais energia do que a que consome, realiza o investimento, mas quem obtém lucros com a comercialização da energia não é ele, que acabará por receber pela venda desta energia um valor reduzido. O montante pago aos produtores particulares de energia não sofreu qualquer aumento, antes pelo contrário, quando o preço varia é somente para baixo.
Conclusão, o cunhado aconselhou-o a instalar apenas os painéis suficientes para fazer face ao seu próprio consumo pois produzir a mais e vender não compensa.
Indagou junto do cunhado o que aconteceria ao excedente de energia produzida nestas condições, e o cunhado informou-o que a energia excedente seria oferecida à empresa de energia…
Deste modo, o nosso país parece que não está interessado em atingir a suficiência energética, desperdiçando a possibilidade de produção das empresas comerciais ou industriais, condomínios, particulares, instituições de solidariedade social e as instalações do próprio estado.
Eu próprio fiquei estupefacto e desiludido com toda esta situação da qual só agora tive conhecimento, agora posso partilhar esta experiência com outros clientes.
Quando pretende investir não deixe de falar com um contabilista certificado, que põe a sua experiência à disposição.