Eduardo Rêgo

A voz dos documentários BBC Vida Selvagem

© Descendências/Tiago Araújo

Há várias décadas, a voz de Eduardo Rêgo é a banda sonora de tardes em família e domingos serenos, a narrar a beleza sublime da natureza no icónico “BBC Vida Selvagem”. Mais do que um locutor é uma presença íntima no imaginário de gerações de portugueses, que encontram na sua cadência única uma ponte entre o conhecimento, a emoção e a contemplação.
Nesta grande entrevista, exploramos o percurso fascinante de um homem cuja voz se tornou património afetivo nacional, mas cuja missão vai muito além do microfone e ganha um novo capítulo ao serviço de uma causa maior: despertar consciências e amar, verdadeiramente, o planeta.

© Descendências/Tiago Araújo

A sua carreira é um testemunho de paixão e de uma versatilidade notável, que se estende muito para lá da icónica voz dos documentários BBC Vida Selvagem. Ao longo deste percurso tão rico, que momentos ou experiências se destacam como verdadeiros divisores de águas, aqueles que o fizeram perceber a dimensão do seu talento e o impulsionaram a explorar as diferentes vertentes da sua arte, desde a publicidade à narração de outros formatos e espetáculos?

Em abono da verdade, tenho de confessar que o processo evolutivo, por que passei e ainda passo, resulta da ressonância que primeiro crio em mim e que me esforço por transmitir a quem ouve. Diria que a minha abordagem do microfone não foi tão fácil como possa parecer. A Rádio Renascença de hoje, a RFM e as demais expressões radiofónicas do grupo, nem suspeitam o quanto trabalhei para levar mais longe o projeto inicial da Emissora Católica. Fi-lo de muitas maneiras: em programas, a que dava sempre um cunho pessoal; em iniciativas que envolviam os colegas e a própria estação; em convívios, de norte a sul; e em viagens pela Europa, para fidelizar audiências e recolher fundos para a criação de novos canais. Foi assim que nasceu a Onda Curta e se exponenciou a rede de emissores e a oferta de programas. Trabalhei muito, até na formação que dei, a expensas do Estado, no pós-25 de Abril. Essa dedicação, feita de muitos quadrantes de atividade, desenhou a versatilidade do profissional que sou. Como que poliu o timbre da voz e o registo inconfundível que almejava ter.

A sua voz possui uma cadência, uma entoação e uma capacidade de modulação inconfundíveis, que nos transportam e envolvem profundamente nas mais diversas narrativas. Seja a transmitir a grandiosidade da natureza, a gravidade de um momento histórico ou a leveza de um anúncio, há uma assinatura vocal que transcende o tema. Qual é o segredo por trás dessa capacidade única de se adaptar e, ao mesmo tempo, manter uma identidade tão marcante?

Eu vejo a comunicação como a exteriorização de mim. O processo de me dar é genuíno, é sincero e, talvez por isso, crie tanta empatia nos ouvintes. Poderá parecer lamechas, mas eu sou incapaz de fazer mal alguém e tudo o que faço tem um “ar missionário” uma preocupação de acrescentar valor.
Há quem veja espiritualidade, nisso. Procuro ser natural, sem esquecer a dimensão do espírito que, sendo conteúdo interior, acaba por dar forma ao que somos. E, sinceramente, sinto que esse dom casa bem com a natureza – enquanto referência suprema que nos equilibra e dá paz, mesmo no meio da tormenta e do caos. A mim, dá-me ferramentas notáveis para levar aos outros o melhor estado de alma de que sou capaz. Em resumo, a locução é uma melodia que resulta daquilo que sou.

© Descendências/Tiago Araújo
© Descendências/Tiago Araújo

Para além dos memoráveis documentários da BBC Vida Selvagem, o seu currículo inclui uma vasta gama de trabalhos em publicidade, locuções institucionais, audiolivros e até a participação em eventos e espetáculos. Qual o tipo de projeto que mais o desafia e, paradoxalmente, que mais o satisfaz profissionalmente?

Pergunta difícil, esta.
Mas, lá está: sempre que me aparece um trabalho que envolve pessoas, sentimentos ou ideais que ultrapassam a vulgaridade, arregaço as mangas e lanço a pergunta ao cliente: posso mexer no texto?
Inicialmente, a resposta era um silêncio que podia ser hesitante e longo. Com o tempo, tudo mudou. O conforto que a voz oferece e a forma como lido com as palavras deixa toda a gente à vontade, independentemente de estarmos a falar do Continente, de um cartão bancário, de uma peça de teatro, do Serviço Nacional de Saúde ou de comunicação de ciência. Posso mexer em qualquer texto, como acontece no emblemático BBC Vida Selvagem, porque as pessoas perceberam que não leio apenas; acrescento valor à generosidade que, antes de mim, já outros aplicaram, para comunicar uma ideia. O resultado deixa satisfeitas as várias partes envolvidas.

Numa era dominada pela imagem e pela proliferação de conteúdos digitais, a voz continua a ter um papel preponderante e, por vezes, subestimado, na forma como experienciamos o mundo audiovisual. Como vê a evolução do papel do locutor e narrador neste novo panorama mediático? Quais são os maiores desafios e as mais empolgantes oportunidades que se apresentam para a sua profissão neste cenário de constante mutação tecnológica e de consumo de conteúdos?

Começo por falar dos desafios. Os meus colegas são, muitos deles, fruto da época. Falta boa escola, falta boa leitura e talvez nunca lhes tenham dito que a comunicação é uma arte que se cultiva: é preciso falar bem, escrever bem; pronunciar como deve ser; tratar as palavras com respeito, como se fossem pessoas; sem esquecer o contexto em que são ditas – porque podem ser épicas ou sussurradas. Isso faz toda a diferença. Desde a televisão à rádio, passando pela imprensa escrita, mete dó constatar que os advérbios de tempo e de modo não são aplicados; que não se respeitam as concordâncias; que as proposições caducaram e alguns verbos são tratados ao pontapé. A nossa língua é tão rica! Não merecia isto.
Estamos na era digital que, em geral, é permissiva, imediatista, pouco exigente ao nível dos padrões que eu próprio vivi.
Tenho pena de alguns colegas, por não terem tido a sorte que eu tive.
Relativamente aos desmandos que, cada vez mais são cometidos na Pangeia Virtual, é difícil concordar com as tendências da moda. Já fui levemente mordido por pessoas que usaram indevidamente o registo da minha voz; mas, muito francamente, sinto que há, em Portugal, uma atmosfera de respeito que me orgulha, pela forma como faço locução. É extremamente frequente as pessoas falarem das boas recordações que a minha voz evoca: o almoço em família, a ver o programa; a imagem que guardam da criança que foram, ao colo do avô… deixando-se envolver pela voz cativante que narrava as maravilhas do Planeta.
Fico, naturalmente, embevecido e radiante, ao sentir que sou uma companhia sempre bem-vinda, nos lares portugueses, aquém e além-fronteiras.
São muitos os abraços e beijos que recebo, por causa do amor que fui semeando.

A sua voz faz, inegavelmente, parte da memória afetiva e do imaginário coletivo de várias gerações de portugueses, sendo um elo comum em experiências tão diversas como a descoberta da natureza ou a escuta de uma campanha publicitária marcante. Sente o peso dessa responsabilidade ou encara-a antes como um imenso privilégio? Como gere o reconhecimento público e o impacto que a sua voz tem na vida das pessoas, desde a infância à idade adulta?

A natureza é omnipresente, em termos de diversidade. E, como sou apaixonado por ela, tento seguir as suas dinâmicas. Comunicar em palcos diferentes é um desafio que me leva a procurar o ângulo mais adequado para a difusão do tema em causa. Isso permite uma afirmação profissional que não posso perder. É interessante ver a preocupação de um copywriter a desenhar a roupagem de um texto que visa aproveitar o embalo que, ao longo dos anos, fui aplicando às maravilhas da natureza. É um prazer constatar que esta associação resulta e que o meu trabalho é reconhecido por todos.

Olhando para o vasto portfólio de trabalhos desenvolvidos ao longo da sua carreira, para além daqueles que se tornaram mais mediáticos, quais são as maiores satisfações que retira do seu percurso profissional? Houve algum projeto, talvez menos conhecido do grande público, que o tenha preenchido de um orgulho particular, seja pela complexidade, pela mensagem ou pela inovação que representou?

Abracei várias iniciativas, ao longo da vida – algumas delas movidas por um rasgo de loucura. Nos anos 80 do séc. XX, eu tinha um programa de 3 horas, na Rádio Renascença, chamado DIA POSITIVO. Dei-lhe esse nome por ser ao domingo e por incluir rubricas que fugiam à rotina.
Como não conseguia que a estação respondesse cabalmente ao meu desejo, convenci um colega da informação a fazer, pelo menos, a Crónica das Boas Notícias.
Sabem… aquele casal que completou as bodas de ouro e é um exemplo para a comunidade? Ou o Sr. Armando, que chefiava um Lar de Idosos, em Sintra, e me apareceu a pedir que o ajudasse a criar o Dia dos Avós – na sequência de uma ideia lançada por uma senhora de Penafiel chamada Aninhas. A Assembleia da República instituiu o DIA DOS AVÓS em 2003, passando a ser celebrado, em Portugal, a 26 de julho. O Papa Francisco viu tanta razão de ser nesta celebração que, hoje, os Avós têm presença no calendário da Igreja, a nível mundial.
Dei tudo pela iniciativa, entrevistando, por exemplo, a querida Eunice Muñoz, a quem pedi para assumir o papel de “Avó CORAGEM” e enviar uma mensagem aos ouvintes de mais idade e com o mesmo estatuto que ela.
Ainda a coberto do significado que o DIA DOS AVÓS encerra, desafiei o casal que estava na Presidência – o Dr. Mário Soares e a Dra. Maria Barroso – a descer à rua para um abraço aos avós. O Presidente foi bem difícil, mas, meia-hora depois, e mercê de um argumento certeiro, ele deu-se por vencido. Fiquei-lhe muito grato.
A famosa série Uma AVENTURA – de autoria de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada – receberam do DIA POSITIVO um acolhimento especial, com um apontamento semanal que a colega Helena Ramos fazia e que foi de grande importância para a divulgação da série juvenil.
Outro momento forte resultou de uma parceria improvável com a Força Aérea. Meti na cabeça que era possível fazer levantar, de Figo Maduro, um avião, com a Teresa Lameiras a bordo, para uma reportagem aérea sobre o aspeto que Portugal apresentava, quando visto de cima, enquanto, em estúdio, o Chefe de Estado-Maior da Força Aérea acompanhava o roteiro, elucidando os ouvintes sobre a defesa aérea do território. Depois de cumprir uma volta ao país, o avião da repórter recebeu a escolta de dois F16, à passagem por Monte Real, rumo a Lisboa.
À chegada a Figo Maduro, um helicóptero Puma dirigiu-se à praia de Carcavelos, com 8 paraquedistas a bordo, que haveriam de descer no areal sobre o logótipo do programa – desenhado pelos pintores das telas gigantes que outrora anunciavam os filmes, na fachada do Monumental. O momento foi de muita euforia para as centenas de pessoas, na praia.
Em 1992, já noutra rádio, pensei levar os ouvintes à EXPO de Sevilha, numa viagem de comboio. Fiz uma chamada para a Chefia da CP; mas não posso dizer que tenha sido muito bem recebido:
«– Está a solicitar um comboio para transportar os ouvintes para Sevilha?
Isso é pedido que se faça?»
Bom, eu não avaliei a gravidade do caso e continuei a insistir na generosidade da CP. Preparei os alojamentos, mais as comidas e bebidas para o caminho. E, sem qualquer certeza formal, fomos todos para Santa Apolónia, ingenuamente convencidos de que iríamos para Sevilha.
Então não é que o comboio estava à nossa espera, para iniciar a aventura!!!
A satisfação foi geral e completa, como se imagina.
É por estas e por outras que a audácia de acreditar, às vezes faz milagres.

© Descendências/Tiago Araújo
© Descendências/Tiago Araújo

Para lá do profissional e da voz inconfundível, quem é o homem que se inspira e se nutre fora do estúdio? Para além da sua evidente paixão pela natureza, que outras paixões, interesses ou passatempos cultiva no seu dia a dia que o ajudam a recarregar energias e a manter o equilíbrio face a uma carreira tão exigente?

Espero não desiludir ninguém, ao dizer que o meu quotidiano é o mais simples possível. Faço algumas caminhadas e viagens mais longas, quando posso e quando a carteira deixa. A vida frugal é um bom tópico para o equilíbrio que quero ter e transmitir.

Se pudesse voltar atrás no tempo e dar um conselho ao jovem Eduardo Rego que estava a dar os primeiros passos no mundo da locução, qual seria a principal lição que partilharia? Há algo que, com a sabedoria acumulada, faria de forma diferente ou que desejaria ter compreendido mais cedo sobre a profissão ou sobre si mesmo?

Se pudesse voltar atrás, tentava fazer o mesmo percurso, mas sem sofrer tanto. Tenho muitas cicatrizes de alma que resultaram das batalhas da vida, e que podiam ter sido minoradas, se estivesse mais atento às armadilhas dos caçadores furtivos.
A gestão emocional que agora tenho talvez ajudasse a amenizar as coisas, embora não saiba se o resultado seria o mesmo. Estou grato pelo dom da Vida. E isso conforta.

Como um profissional com uma carreira tão consolidada e um conhecimento tão vasto da indústria, que conselhos práticos e inspiradores daria a jovens talentos que estão a iniciar-se ou que aspiram a seguir uma carreira na locução, especialmente considerando as particularidades do mercado atual e a necessidade de se distinguirem num ambiente cada vez mais digitalizado?

Cada tempo tem as suas exigências e, se me é permitido um conselho aos mais novos, direi: BEM-VINDOS, ao mundo mágico da locução! Tentem capitalizar todas e quaisquer oportunidades que vos passem perto, nomeadamente as de cariz digital. Gravem o registo da voz e façam melodias com ela. A voz é um concerto fabuloso. Embora seja um dom da natureza, talvez haja padrões interessantes na proposta digital. Sejam cultos e rasguem horizontes de afirmação profissional.
Fernando Pessoa escreveu que “O homem tem o tamanho do seu sonho”.

O projeto Loving The Planet parece ser uma extensão natural e um culminar da sua paixão pela natureza e pelo desejo de comunicar. Como e quando surgiu a ideia para esta iniciativa tão ambiciosa? Houve um momento particular em que sentiu que era imperativo ir além da narração e assumir um papel mais ativo na sensibilização ambiental, transformando a sua voz numa ferramenta para a mudança?

2013 – Este é o ano da viragem.
Eu era um habitante do aquário – como carinhosamente chamamos ao cubículo de um estúdio. Mas a Profª Helena Couto, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, achou que eu devia render mais e convidou-me para moderar um ciclo de conferências sob o título A TERRA EM TRANSFORMAÇÃO. Tenho de confessar que este desafio provocou uma espécie de “grito do Ipiranga” na minha nação interior. Soltei-me e comecei uma cruzada de afirmação que nunca mais parou de crescer. Pode soar a sobranceria, mas foi isso que aconteceu.
Mais tarde, já na rota das universidades, e após a apresentação do projeto de amor ao Planeta, que acalentava, fui surpreendido por um Professor que me disse: “Continue a ensinar-nos. Viemos para aqui por causa de si.”
– Meu Deus, disse para comigo, será que vou realizar o lema de vida que escolhi?
AD MAIORA NATUS SUM?

A Loving The Planet descreve-se como um movimento que procura “informar, inspirar e capacitar pessoas para protegerem o nosso planeta”, com uma abordagem multidisciplinar que inclui eventos, produções audiovisuais e conteúdos digitais. Quais são os tipos de ações e campanhas que têm desenvolvido para atingir esses objetivos tão amplos e como medem o seu impacto junto do público?

Até há pouco tempo, os países faziam-me lembrar quintais, com muros que delimitavam a cultura, a religião, a economia e a política.
Ao olhar o mundo e a multiplicidade de problemas que apresenta, ainda estou para perceber o porquê de me ter lançado na BUSCA DO EQUILÍBRIO PERDIDO. Esta visão holística é tão desafiadora que eu não devia estar no meu juízo perfeito, quando a abracei. É uma revolução que se propõe casar – definitivamente! – os atos com as palavras que dizemos. Os desequilíbrios são tantos que é urgente fazer uma terapia profunda, ao nível dos comportamentos humanos. Comemos demais, podíamos gastar menos em roupa e as viagens, que penalizam tanto a atmosfera, deviam ser selecionadas.
O Planeta não aguenta o destempero dos nossos comportamentos.

Ao explorar a filosofia e os conteúdos da Loving The Planet, percebe-se um forte e intencional foco na educação ambiental e na consciencialização, não apenas sobre os problemas, mas também sobre as soluções e a importância da ação individual e coletiva. Como é que o projeto procura desmistificar a complexidade dos temas ambientais, tornando-os acessíveis e apelativos para um público vasto e heterogéneo, desde crianças a adultos? Qual a sua visão sobre a importância da literacia ambiental na construção de um futuro mais sustentável?

A comunicação é uma arte que deve contagiar o público, em cada palavra dita ou conceito partilhado. Nisto, a Loving The Planet é diferenciadora, desde a construção do logótipo. Se olharem em redor, concordam comigo. Precisamos, urgentemente, de ter um caso de amor com a VIDA.

A sua voz, pela sua reconhecida ligação à natureza através dos documentários BBC e pela sua credibilidade estabelecida, confere uma autoridade e uma ressonância únicas ao projeto Loving The Planet. De que forma a sua voz se transformou de um meio de contar histórias em palco para um instrumento ativo e poderoso para a defesa e conservação ambiental?

Quando o público está disponível para receber determinada mensagem, os canais de comunicação podem alimentar o processo.
Ao ver a recetividade e o bom acolhimento que as pessoas dispensam àquilo que digo e como digo, percebi que estaria “em casa” se continuasse nessa linha e pedisse ajuda. A sede, construída no pico da pandemia, é o exemplo mais eloquente de que, a partir dos ingredientes referidos atrás, a partilha é possível.
A maioria talvez passe o tempo a palavrear.
Eu gosto de entrar no caos para o transformar.

A Loving The Planet ambiciona ir além da mera informação, procurando criar uma comunidade global de apaixonados pelo planeta e de agentes de mudança. Como é que o projeto pretende envolver e mobilizar pessoas de diferentes backgrounds culturais, faixas etárias e geografias para esta causa comum, transformando a paixão em ação concreta?

Nós somos animais gregários e a Era Digital está a descurar profundamente esta dimensão. Na minha Busca do Equilíbrio Perdido, imaginei aquilo a que chamo O SANTUÁRIO DA TERRA – para celebrar o encontro da Humanidade desavinda. Eu vejo este espaço como a “pedra angular” para materializar a CONSCIÊNCIA GLOBAL.
Será um palco de reflexão e partilha que, em sintonia com a Natureza, irá dar-nos a noção clara da riqueza que há na diversidade e, sobretudo, um sentimento de família.

© Descendências/Tiago Araújo
© Descendências/Tiago Araújo

Vivemos num tempo de crescentes preocupações ambientais, onde as notícias sobre alterações climáticas e degradação ambiental podem ser avassaladoras. Como é que o Loving The Planet aborda estas questões de forma a inspirar esperança, resiliência e ação, em vez de desespero ou fatalismo? Qual a mensagem de otimismo e de capacitação que procuram transmitir, incentivando as pessoas a acreditarem no poder da mudança?

Há uma preocupação arraigada na alma dos povos indígenas:
«Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for pescado e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro.»
É assustador ver como estamos prisioneiros do consumismo.
O Ter Humano não se apercebe de que a ideia de ser feliz passa por reduzir em tudo. Digo sempre:
O MUNDO ESTÁ DOENTE, MAS TEM CURA.
Eu casei com a NATUREZA há muitos anos e ninguém me arranca da defesa dela.
É preciso fazer pedagogia e envolver toda a gente.
A LOVING THE PLANET blindou este propósito.
O nosso tempo é de pandemia, em muitas latitudes da existência. E, por isso mesmo, é urgente abandonar os subterrâneos da incongruência e dar a cara pela celebração coletiva de ESTARMOS AQUI.
Sejamos frontais:
– Se o/a morde o dever de FAZER MAIS, dispa-se do TER e seja SER HUMANO.
De 1 Euro a Uma Herança, deixe a sua consciência ir mais longe.
AJUDE A LOVING THE PLANET a semear a Festa da Vida!
Espero ver a AILD a dobrar comigo o Cabo da Boa Esperança, fazendo jus à memória dos portugueses de quinhentos.

Desde a sua génese, quais são os maiores sucessos ou marcos que a Loving The Planet já alcançou, que o enchem de particular orgulho e que demonstram o impacto positivo e a relevância crescente do projeto?

A sede, criada no contexto adverso da pandemia, é um marco extraordinário, porque materializa o sonho da Partilha Global que a associação apresenta como receita para o equilíbrio do Planeta e da Humanidade. Os escombros que recebemos foram magicamente convertidos em espaço de acolhimento a que ninguém resiste, de tão inspirador que é. Os prémios internacionais revelam a sintonia de valores que vários pontos do mundo já celebram connosco. O reconhecimento de que fazemos Comunicação de Ciência prova que não somos líricos nem exotéricos.

Quais são os seus próximos desafios e projetos, tanto na sua inconfundível carreira como narrador – explorando novas áreas ou aprofundando as já existentes – quanto no âmbito da Loving The Planet? Podemos esperar novas iniciativas emocionantes, parcerias estratégicas ou expansões da mensagem que o projeto veicula num futuro próximo?

No tocante à locução e ao tratamento dos textos que narro, a procura é crescente. Quanto à LOVING THE PLANET, não podia estar mais entusiasmado: a sementeira começa a dar frutos.
Cada palavra, cada sonho aqui plasmado é um grito que emana do ventre angustiado da Terra e de uma Humanidade Sofredora que não suporta o calvário em que vive. Aquilo a que chamamos CASA COMUM ou é de todos ou não faz sentido existir.

© Descendências/Tiago Araújo

Olhando para o panorama global, tanto a nível ambiental quanto social, qual é a sua maior esperança para o planeta e para a humanidade nas próximas décadas? Como é que a sua voz, a sua influência e o seu trabalho contínuo, quer individualmente, quer através do impacto do Loving The Planet, podem continuar a contribuir ativamente para essa visão de um futuro mais equilibrado e sustentável?

Estou absolutamente convencido de que o SANTUÁRIO DA TERRA vai ser o polo agregador das pessoas; independentemente da origem, cultura ou credo.
Nesse espaço de encontro, o foco vai incidir na pessoa humana; no sofrimento e sobretudo na esperança de melhores dias.
Desse abraço, genuinamente puro, vão nascer ideias de mudança, sinergias de incidência pessoal, social, ambiental e económica. Seremos mais felizes.
Na sendo dos navegadores antigos, vamos DAR NOVOS MUNDOS AO MUNDO.

Considerando a amplitude e o impacto da sua carreira, que legado gostaria que a sua voz deixasse nas futuras gerações de portugueses e naqueles que a ouvem, tanto no entretenimento quanto na sua capacidade de inspirar a consciência?

Gostava que o comentário de uma ouvinte tivesse algum eco na eternidade: “Além de me encantar com as belezas do Planeta e me transmitir paz, a voz de Eduardo Rêgo dava sempre a sensação de falar verdade.”
– Acho que o céu vai ter isso em conta, na hora do Juízo Final.

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