Em verdadeiro português o que são NFTs?
Nunca é tarefa fácil escrever um artigo sobre um tema tão controverso e causador de tantos debates como este dos NFTs (Non-Fungible Tokens). Por isso, servindo-me da minha humilde experiência em Marketing Digital, aplicarei o conceito de retenção de atenção do utilizador (neste caso, do leitor) para partilhar um facto que para alguns será uma surpresa e para outros um infeliz reforço de algo já familiar:
De acordo com o ranking do BCE (2020), Portugal encontra-se em último lugar de todos os países da zona euro, no que toca a literacia financeira.
Um povo que outrora conquistava mares, expandia a sua glória e marcava os livros de História, hoje em dia conquista últimos lugares, expande a sua ignorância e marca os rankings europeus pela negativa.
Por isso, gostava que este breve artigo, em certa forma, fosse lido por vocês com alguma recetividade e tolerância intelectual.
“Educar verdadeiramente não é ensinar factos novos ou enumerar fórmulas prontas, mas sim preparar a mente para pensar.”. Se assim pensava Albert Einstein, uma das mentes mais brilhantes que passou por este espaço marcando o seu e o nosso tempo, ignorar estas palavras seria no mínimo matéria de profunda gravidade.
E como o tema da tecnologia e da educação estão intrinsecamente correlacionados, hoje procurarei desmistificar e esclarecer aquilo que são, afinal de contas, estes Non-Fungible Tokens: Resumidamente, NFTs são ativos digitais que vivem dentro de uma blockchain. Sejam eles uma imagem, um vídeo, uma música ou um documento, estes ativos digitais têm propriedades que os tornam únicos.
Mas para que servem?
Para verdadeiros colecionadores, passa a ser possível a verificação de autenticidade de uma determinada peça de arte ou colecionável digital, contrariamente ao que acontece com artigos físicos e a sua distinção entre os reais e as imitações.
Para os amantes de gaming, pela primeira vez na história, os jogadores poderão ser os verdadeiros detentores de todos os “in-game items” que possuam (estes “items” deixam de existir somente dentro do jogo em si, passando a estar registados publicamente em blockchain e podendo ser trocados e comercializados com qualquer pessoa, mesmo que não jogue o jogo em questão).
Para os grupos de amigos que gostam de ir a eventos (jogos de futebol, festivais, etc), a representação dos bilhetes/passes em formato de NFT permite a prevenção de fraudes, rastreando de forma segura e infalível todos os bilhetes em causa.
Poderia partilhar exemplos reais do impacto desta tecnologia na indústria da música, do imobiliário ou até mesmo da educação.
O grande problema do leigo que critica os NFTs é o mesmo problema do adepto que critica o jogador. “Se estivesse eu em campo fazia melhor!”. A ignorância é atrevida e o efeito Dunning-Krugger é facilmente transmissível.
NFTs não são só macacos digitais vendidos por milhões, não são apenas criações especulativas sem qualquer propósito, nem são um disparate digital sem futuro ou objetivo. São sim uma tecnologia já utilizada em diversas indústrias com o potencial de resolver problemas e facilitar as nossas vidas (afinal de contas, é para isso que a tecnologia serve).
Não precisamos de ser Vascos da Gama para cultivarmos a nossa vontade de descobrir e aprender mais sobre a evolução dos nossos tempos.
É esta intrínseca curiosidade humana que nos levou a descobrir o fogo, a aprender a preservar a comida com sal e a explorar o espaço.
Temos nas nossas mãos uma nova Era dos Descobrimentos Digitais cujo sucesso depende somente da nossa vontade de aprender.
Seremos sempre e com orgulho o pequeno país que habita a cauda da Europa. Mas um pequeno país não tem de ser um país pequeno.
Ricardo Monge Business Developer na RealFevr