Francisco Veiga Simão

Um Percurso de Descoberta, Aprendizagem e Conexão Global

Desde muito novo, o fascínio pelo mundo natural moldou o meu olhar para o desconhecido. Entre verões a procurar fósseis e minerais e campos de férias em zonas rurais, nasceu em mim uma vontade incessante de explorar, de ir além das fronteiras do habitual. Talvez por isso, aos 16 anos, apanhei o primeiro voo para Barcelona com um amigo, iniciando uma viagem de vida que me levaria por vários países, culturas e desafios.
A educação que recebi dos meus pais, assente em valores de trabalho e conquista, ensinou-me desde cedo a lutar pelos meus objetivos. Aos 16 anos, comecei a trabalhar nos verões para comprar a minha primeira (e única) mota, um símbolo de independência que ainda guardo com orgulho.
Aos 21 anos, embarquei na primeira experiência internacional ao abrigo do programa Erasmus+, mudando-me para Oviedo, Espanha, durante a minha licenciatura em Geologia na Universidade de Coimbra. Viver durante um ano com um colega espanhol proporcionou-me não só o domínio da língua, mas também uma imersão profunda numa cultura vizinha, mas surpreendentemente diferente. O ambiente internacional da comunidade Erasmus+ despertou ainda mais a vontade de explorar o mundo.

Após o início de uma relação internacional que surgiu em Espanha, seguiram-se dois verões em Inglaterra, onde trabalhei na área da construção. Para além de consolidar o inglês, mergulhei numa cultura distinta, aprendendo a adaptar-me e a valorizar diferentes formas de pensar e viver.
O destino seguinte foi Svalbard, no Pólo Norte, onde vivi quase dois meses na cidade mais a norte do mundo, Longyearbyen. A experiência de estudar o degelo dos glaciares e sentir na pele as consequências das alterações climáticas marcou profundamente a minha visão sobre sustentabilidade. A convivência com a tundra ártica e um “quase” encontro com um urso polar trouxeram-me uma nova perspetiva sobre resiliência e adaptação. Depois desta experiência foquei a minha tese de mestrado na sustentabilidade de recursos através da valorização de resíduos mineiros. Após conclusão do mestrado e dar início ao estágio profissional, participei na maior escola de verão sobre inovação climática do EIT Climate-KIC, em Utrecht nos Países Baixos. Aqui, integrei uma equipa multicultural que desenvolveu uma startup dedicada à reutilização e reciclagem de resíduos eletrónicos, premiada pela inovação e impacto. Esta experiência reforçou o meu espírito empreendedor, já iniciado com a cofundação de uma startup de geoturismo em Portugal com dois colegas de curso.

A Bélgica foi o palco seguinte, graças a uma bolsa de doutoramento Marie Curie, onde aprofundei a investigação sobre valorização de resíduos mineiros em cerâmica de construção. Após três anos e meio concluí o meu doutoramento e decidi dedicar-me ao voluntariado e liderança em redes europeias de inovação (EIT Alumni), onde ampliei não só o meu conhecimento técnico, mas também a minha rede de contactos, colaborando com profissionais de mais de 30 nacionalidades e promovendo projetos de empreendedorismo e sustentabilidade para uma rede de mais de 16000 membros. Após quase nove anos de experiências internacionais, seis deles na Bélgica, retornei agora a Portugal. Atualmente, encontro-me a viver no interior do país, na aldeia que viu nascer os meus bisavós e avó paterna (Unhais-o-Velho) rodeado pela natureza que sempre gostei desde muito novo. Neste momento, ocupo o cargo de Chief Sustainability Officer na Manteivias, S.A. onde aplico tudo o que aprendi, focando-me na investigação de materiais de construção alternativos e no desenvolvimento sustentável de uma empresa de construção civil com mais de 20 anos de história sediada na Guarda.
O regresso não é um ponto final, mas sim um novo capítulo, enriquecido por todas as aprendizagens, desafios superados e uma rede global de contactos que hoje coloco ao serviço do desenvolvimento sustentável em Portugal.

O Programa Regressar foi fundamental no meu regresso da Bélgica a Portugal, ao proporcionar um apoio administrativo e burocrático muito eficiente, facilitando o reconhecimento do meu doutoramento e a tramitação de documentos. Beneficiei ainda de financiamento direto para o transporte dos meus bens da Bélgica, tornando a mudança menos onerosa. Os benefícios fiscais também tornaram o meu regresso mais atrativo financeiramente. Destaco também o apoio na reintegração no mercado de trabalho, com orientação e divulgação de ofertas, o que acelerou a minha adaptação profissional em Portugal após mais de 6 anos a residir na Bélgica.
Por último, quero agradecer a toda a equipa do Programa Regressar que fez com que este processo de regresso a Portugal fosse muito mais simples e fluído, prestando sempre um apoio fundamental em cada etapa da minha transição.

O Programa Regressar deseja muitas felicidades neste regresso e muitos sucessos!

Programa Regressar

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