Ilha Maurícia

O Olimpo do Índico

Partimos à descoberta da República da Maurícia, esta nação insular em pleno oceano Índico situa-se cerca de 2000 km da costa sudeste do continente africano e 1200km da imponente ilha de Madagáscar. O país em si, inclui duas grandes ilhas, Maurícia e Rodrigues, integrando com a ilha Reunião o denominado Arquipélago de Mascarenhas. A nossa viagem tem como foco a ilha principal Maurícia, cuja capital é a cidade portuária de Port Louis, onde habitam cerca de 150 mil dos 1.2 milhões que compõe a totalidade da população.
De forma a conseguirmos compreender o desafio que enfrentamos, é necessário partir à descoberta da história desta nação. Antevejo desde já uma história riquíssima à partida, a mescla de nomes Ingleses, Portugueses e Franceses demonstra que terá sido um povo sujeito a diversas influências das demais nações, durante e após o período dos descobrimentos.
A história da ilha remonta ao século XV, no qual existem os primeiros registos/artefactos que retratam a presença de atividade humana na ilha. Foram encontrados artefactos que apontam para a presença de marinheiros Árabes, assim como povos de origem grega ou fenícia.
Decorria o ano de 1507, quando os primeiros navegadores Portugueses terão desembarcado na ilha completamente desabitada, nomeando a mesma como “ilha do Cirne”. Uma armada sobre o comando do navegador Português Diogo Fernandes Pereira, terá tentado povoar a ilha, todavia esta tentativa não terá resultado, o terreno hostil de difícil cultivo, assim como outros interesses no índico viriam a resultar na desistência por parte dos portugueses.
Em 1598, uma armada Holandesa comandada pelo almirante Wybrand Van Warwyck aposta na ilha, e renomeia a ilha como “de Maurício”, em homenagem ao príncipe Maurício de Nassau, governante do império Holandês. Inicialmente, os holandeses tentaram explorar a cana-de-açúcar, introduziram animais domésticos e veados e tentaram habitar proficientemente a ilha. Os rendimentos baixos para a coroa holandesa ditaram igualmente o fim da ocupação da ilha, digamos que os colonos não terão conseguido subsistir de forma autónoma, conduzindo ao abandono do arquipélago em 1710.
Em 1715, aproveitando a presença na vizinha Yian Bourbon (atual Ilha Reunião), os franceses assumiram o controlo da ilha. Sobre a influência francesa, a ilha conheceu tempos áureos na produção de açúcar, e que viriam a resultar na construção de inúmeros edifícios, entre os quais a sede do governo e administração da denominada Companhia Francesa das Índias Orientais. Durante o período conturbado das guerras napoleónicas, a capital Port Louis viria a servir como estaleiro naval de extrema importância, era a partir deste porto que partiam os corsários franceses, que pilhavam as embarcações inglesas.

O império Britânico fustigado com os ataques, decidiu em 1810 aportar no norte da ilha, nomeadamente Cap Malhereux, não encontrando qualquer oposição Francesa, renomeando a ilha para “Mauritius”. O domínio inglês, inicialmente marcado pela permissão dos colonos em manter as terras e usar a língua francesa, viria resultar num período conflituoso entre escravos e proprietários das plantações. Em 1835, e com abolição da escravatura, resultou na extrema necessidade de contratar mão-de-obra para trabalhar nos campos de cana-de-açúcar, desta forma os principais proprietários contratavam trabalhadores na Índia que aportavam no Aapravasi Ghat- Património da Unesco, que servia como importante centro de receção de trabalhadores para as plantações. Seguiram-se períodos conturbados na Europa que atravessava duas Guerras Mundiais, o destaque claro vai para o número elevado de habitantes da ilha que decidiram combater ao lado dos aliados. Em 1965, a Grã-Bretanha assumiu o interesse em devolver a independência às suas colónias, tendo sido efetuadas eleições que viriam a culminar na Independência das Maurícias, permanecendo a ligação à coroa britânica como nação integrante da Commonwealth.
A chegada às Maurícias é feita através do aeroporto internacional Sir Seewoosagur Ramgoolam, apesar de distante da capital visa servir essencialmente atividade económica mais importante da ilha o Turismo. A ilha Maurícia originada muito provavelmente através de vulcões submarinos, contempla um interior montanhoso densamente florestado, com o litoral de praias areia branca com rochas vulcânicas, um cenário autenticamente irrealista retirado do cinema. A formação vulcânica da ilha permitiu criar zonas de recife incríveis quase isoladas do mar, e nas quais a vida marinha prospera. As unidades hoteleiras apercebendo-se do potencial da ilha, clima e paisagens de tirar o fôlego, depressa se instalaram em redor oferecendo experiências inesquecíveis aos turistas.


Ile aux Cerf
A partida é feita através de barco de uma povoação piscatória denominada de “Trou d’Eau Douce”, como próprio nome este o local onde brota uma fonte de água doce importante da ilha. Este povoado piscatório goza de uma marina, repleta de barcos para visitar a famosa Ilha de Cerf. O início da visita está condicionado pelo efeito das marés, recordo que as embarcações tem de ter bastante cuidado visto que os corais/bancos de areia podem ficar a escassos centímetros da superfície.
As viagens através de águas incrivelmente transparentes permitem mesmo no barco visualizar os peixes a circular alegremente pelos corais. Para os mais aventurosos a excursão estende-se até famigerada “Blue Bay”, uma praia de areia branca repleta de corais, que convida os visitantes a realizar snorkeling. Findada a experiência de mergulho, a viagem prossegue até à ilha Agrete, caracterizada pela sua autenticidade e ausência de intervenção humana, a paragem é apenas efetuada na praia, onde o turista é convidado a descansar e relaxar aproveitando o sol das Maurícias.
Segue-se a visita à ilha Ile Aux Fouquets, uma ilha completamente inabitada no qual é possível visitar um farol em ruínas que servia para alertar as embarcações para a proximidade do recife. A ilha visita-se rapidamente, valendo essencialmente pelo enquadramento situada no limítrofe do recife com alto mar, o que permite ao turista contemplar a beleza natural do oceano Índico, que perde força à entrada da baía.
A estrela da viagem é sem sombra de dúvida a visita a Ile aux Cerf uma ilha com excelentes praias e repleta de atividades para os turistas. A areia branca o chilrear dos pássaros acompanhado de mergulhos é algo que nenhum viajante esquece. A viagem de regresso é feita com alguma nostalgia, mas Ile aux Cerf é um paraíso e será ótimo que os locais o possam preservar dessa forma.


© João Costa
© João Costa

Trou aux Cerf
A ilha em é atravessada por uma auto estrada que conecta o Este ao Oeste sendo passagem obrigatória pelo vulcão principal da ilha. Não se assustem este vulcão não representa aparentemente qualquer risco, visto que de acordo com os especialistas o mesmo encontra-se extinto. A visita é curta visto que apenas podemos visitar a cratera principal do topo. É possível observar um cone bem formado repleto de árvores e vegetação no seu interior.


Fábrica Chá – Bois Chéri
A visita à fabrica do Chá de Bois Chéri transporta o visitante para o ano da sua fundação (1892). Estamos perante a mais antiga plantação de chá da ilha, ironicamente o chá terá sido introduzido na ilha pelos Franceses. A visita à plantação tem duração de 1h30, sendo que se inicia com uma explicação sobre corte/apanha das folhas, os diferentes tipos de chá e culmina numa prova de chás. A especialidade das Maurícias, é sem sobram de dúvida o Chá aromatizado com baunilha, recomendo vivamente, o local é único e a companhia de uma chávena de chá resulta numa simbiose perfeita.

Geopark – Chamarel
Uma das atrações principais da ilha é o Geopark do Chamarel, neste local os entusiastas da natureza, podem contemplar um parque natural com cerca de 8,5 hectares repleto de fauna e flora.
Localizado a sul da capital Port Louis, este parque destaca-se dos demais devido ao fenómeno geológico denominado como a terra em sete cores. Este fenómeno pouco explicável, consiste num conjunto de dunas multicoloridas, sendo que a sua formação assenta em diversas teorias, desde composição mineralógica do lugar, separação de partículas que naturalmente se repelem, nomeadamente ferro e alumino. A verdade é que este local é abençoado por um fenómeno ainda desconhecido.
O acesso ao parque é efetuado através de automóvel incluindo no seu interior, a primeira atração é a cascata de Chamarel, onde o rio se precipita em queda livre por mais de 100metros. O local é digno de prender a respiração e aprazível, recomendo que visite calmamente e saboreie cada momento. À medida que nos embrenhamos mais para o interior do parque acedemos ao famoso cordão dunar colorido, aproveite o café central visto que o mesmo serve café originário da plantação existente no parque, desfrute da vista, e no fim visite as famosas tartarugas gigantes que funcionam como guardiãs do local.
A ilha das Maurícias está conotada como o último local onde foi observado um Dodô, sendo que esta ave extinta adorna a histórias da população mais velha e é usada na promoção de merchandising.

Trou aux Biches
A praia de Trou aux Biches é sem sombra de dúvida de uma beleza inigualável, aproveite a praia ao máximo realize uma das diversas excursões marítimas que partem deste local. Recomendo efetivamente o mergulho com as Tartarugas, impossível de descrever, apenas poderei elucidar como experiência única. O preço é muito em conta, as tartarugas vivem no recife onde se alimentam de peixe e se encontram a salvo dos temíveis tubarões. É possível ao turista partilhar mergulho com estes fantásticos seres, claro está devemos cumprir regras de não procurar incomodar os animais, o truque é simples, aguardem as tartarugas como seres curiosos vão procurar as pessoas.
Findado o mergulho e nas imediações existe uma Praia mais remota designada por Moi Choisy, é o sítio ideal para uma refeição de marisco com preço muito em conta, sente-se na areia que a mesa vem ter consigo.
Termine o dia visitando a Igreja Cap Malheureux, numa vila piscatória, onde está erigida uma igreja que se distingue das demais pelo telhado vermelho, recordo que terá sido neste local que os ingleses terão desembarcado na ilha.
Maurícias é sem sombra de dúvida um local único, a sua mescla de culturas e costumes é impressionante. A inexistência de uma religião predominante, resulta numa harmonia interessante em cada vila existe um templo, uma igreja ou uma mesquita.
Visitem as Maurícias, o Olimpo do Índico!

© João Costa

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