Mensagem do Presidente Philippe Fernandes
Associação Internacional dos Lusodescendentes
Cartão de Cidadão
Em Agosto, tive a oportunidade de estar com a minha família que está na sua maioria em França, e por curiosidade tentei saber quem tinha cartão de cidadão português. Foi curioso notar que nem os meus primos, da minha idade, nem os seus filhos tinham.
É certo que quem já viveu fora de Portugal sabe, que os consulados são um lugar a evitar, é penoso recorrer a eles por várias razões, e na maioria dos casos não nos sentimos nem bem-vindos nem bem tratados. Ainda me lembro quando os meus pais foram tentar obter os documentos para mim e para o meu irmão, uma burocrática e diligente funcionária, fazendo uso do mais elevado saber, fez questão de emitir os documentos para o meu irmão David traduzindo o seu nome para português como Davide. A verdade é que muitos portugueses que vivem no estrangeiro, preferem tratar dos documentos em Portugal, mesmo que para isso percam alguns dias de férias.
Procurando saber por que razão muitos dos meus familiares não pediam o cartão de cidadão, descobri, que para além de não quererem incomodar os funcionários consulares, não viam qualquer utilidade em possuir o cartão de cidadão. Normalmente só tratam dele quando é preciso tratar de heranças.
Apesar de virem a Portugal quase todos os anos, em especial para estarem com os avós e para assistirem às festas religiosas da aldeia, não pensam sequer em aproveitar a sua estadia para o obter.
Ora, todos nós deveríamos contribuir para que todos os portugueses que vivem no estrangeiro, se registassem nas embaixadas e consulados e que tivessem o seu cartão de cidadão, seria um sintoma de que os laços com Portugal se mantêm. O acesso ao ensino da língua portuguesa deveria ser facilitado a todos eles. O que ajudou os quatro filhos de uma minha prima a manter algum contactado com a língua portuguesa, foram as aulas de catequese e as vindas a Portugal no verão…. Muitos nem sabem que existe um contingente que permite um acesso privilegiado dos lusodescendentes as ensino superior em Portugal. Outra forma que poderia concorrer para este fim, seria facilitar o registo das muitas propriedades rurais não cadastradas aos lusodescendentes.
Tudo deve valer para manter os laços dos lusodescendentes com Portugal. Todos deveriam contribuir para esse fim, as várias autoridades públicas, as organizações não-governamentais e cada um de nós. A AILD – Associação Internacional dos Lusodescendentes está empenhada em fortalecer os laços entre Portugal e os portugueses que vivem no estrangeiro. Nesse sentido estamos a equacionar uma série de medidas, assim todos os que se queiram juntar-se a nós nesse esforço serão muito bem-vindos.