Mensagem do Presidente da AILD

Luís de Camões

O mês de junho é um mês intenso e significativo em termos de festividades para Portugal e para a língua portuguesa, uma vez que celebramos o dia de Portugal, o dia do Anjo de Portugal, o dia de Camões e das comunidades portuguesas.
O atual Governo português, para compensar a falta de organização dos 500 anos de Camões, resolveu atribuir o nome de Luís Vaz de Camões ao novo aeroporto de Lisboa.
Luís de Camões é um dos maiores poetas da língua portuguesa, cujo épico “Os Lusíadas” exalta as aventuras e conquistas dos navegadores portugueses durante a Era dos Descobrimentos. Através dos descobrimentos verificámos que todos os povos têm exatamente os mesmos defeitos que nós. Não somos os únicos a ter racistas entre nós, não temos o monopólio dos defeitos humanos, somos tão humanos como os povos que encontrámos.
Nestas viagens assistimos a uma dinâmica de inter-relações tal, que mais ninguém ficou como era e houve uma profunda influência mútua, que nos marca até aos dias de hoje. A culinária portuguesa e dos povos com quem contactámos são testemunhas disso mesmo. O próprio português é ainda um tesouro desses contactos. Saudámos o anúncio do atual Governo, que irá estudar a criação de um programa de investigação, cursos e cátedras de tétum e crioulo, línguas timorenses, cabo-verdiana, guineense e são-tomense, pois o estudo destas línguas permite conhecer melhor o português atual, mas também o português que era falado na altura dos descobrimentos.

Convido-vos a descobrir qualquer obra de Ana Leal de Barros, entre elas a “Antologia da Literatura Timorense de Tradição Oral” e está garantida uma extraordinária viagem ao passado, dando uma nova perspetiva sobre a nossa ideia da língua portuguesa.
Por outro lado, permite a defesa e preservação dessas línguas irmãs do português, dando assim um contributo para a sua sistematização e valorização, permitindo conservar a memória desses povos, tendo a convicção que a língua portuguesa ainda se poderá enriquecer mais, quanto maior for o estudo dessas línguas.
Mesmo sendo o português uma língua que favorece a unidade nacional dos países lusófonos, seria um erro não preservar tétum e crioulo, línguas timorenses, cabo-verdiana, guineense e são-tomense, entre outras, pois essas línguas contêm pedaços e testemunhos das nossas relações e história, é toda uma cultura de valor inestimável que permite redescobrirmo-nos a nós próprios, à nossa história e quem fomos.
Desejo que brevemente, vejamos estudantes de todo o mundo chegarem ao aeroporto Luís Vaz de Camões para estudarem nas nossas universidades o tétum e crioulo, línguas timorenses, cabo-verdiana, guineense e são-tomense, pois sem dúvida que desta forma estaríamos a celebrar Portugal, os Descobrimentos, a língua portuguesa e o dia 10 de junho.

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