O novo ano e a mesma crise climática

Entramos no novo ano com a sensação de que os impactes devastadores das alterações climáticas, vivenciados em anos anteriores, vão continuar, apesar dos redobrados esforços mundiais na redução de emissões de gases com efeito de estufa, na implementação de medidas preventivas e na adaptação climática. Precisamos assumir que os diferentes tipos de eventos climáticos extremos – cheias, ondas de calor, incêndios florestais, entre outros – estarão de regresso neste novo ano, só não sabemos quando, como, nem onde irão ocorrer.
Fazendo uma retrospectiva ao ano que acaba de terminar, poderemos afirmar que foi um período marcado por graves consequências derivadas das alterações climáticas, desde incêndios florestais de grandes dimensões até fortes ondas de calor e inundações mortais, com grande destaque para o desastre de Valência, no qual, oficialmente, morreram mais de 220 pessoas. Porém, não é só na Europa que os efeitos nefastos das alterações climáticas se fazem sentir. Um pouco por todo o mundo, os sinais são evidentes e confirmam os alertas lançados pela comunidade científica de há uns anos a esta parte.
Em termos climáticos, o optimismo não marca pontos entre cientistas, activistas e cidadãos em geral. Esperar-nos-á um futuro sombrio? Dois mil e vinte e quatro terá sido o ano mais quente desde que há registos e, para os próximos anos, não se espera um travão no aumento das temperaturas.

Antes pelo contrário. Ora, este aumento das temperaturas globais, ainda que gradual, contribuirá, fortemente, para exacerbar os impactes devastadores das alterações climáticas, que serão, cada vez mais recorrentes.
Os alarmes soam e os políticos precisam implementar medidas mais efectivas de combate, adaptação e mitigação dos eventos climáticos extremos. Todavia, não basta implementar. Será necessário ir mais além, nomeadamente, através da alocação de um maior financiamento e de uma melhor adequação dos recursos existentes. Além destes, sejam eles humanos, financeiros ou outros, importa que exista uma boa coordenação intragovernamental e uma estruturação eficaz dos planos de acção, cuja implementação deverá ser o mais ágil, concreta e vinculativa, possível.

O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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