A responsabilidade social e ambiental

Nunca, em tempo algum, houve tamanhas preocupações com os desafios sociais e ambientais. A responsabilidade social e ambiental é a forma como as empresas apresentam a sua imagem, enquanto entidades ambiental e socialmente responsáveis, de modo a legitimarem as suas actividades perante a sociedade civil. A escolha apresenta-se complexa e, muitas vezes, é preciso tomar decisões difíceis, entre o aumento dos lucros e a aposta nas preocupações sociais e ambientais.
Por norma, muitas empresas afirmam que se preocupam com o meio ambiente e tudo fazem para o proteger, mas, na realidade, não o fazem. O recurso a eufemismos e a mentiras é recorrente. Uma parte considerável dos projectos verdes não passa de mera propaganda através de refinadas acções de marketing. Outras há que, através das suas campanhas divulgadas massivamente nos media, pretendem obter vantagens competitivas de longo prazo.
A implementação da responsabilidade social e ambiental assenta em dois tipos de estratégias – a primeira, decorre da necessidade de responder à legislação vigente, assim como à pressão exercida pela sociedade; a segunda, assenta na diferenciação do desempenho da empresa, a nível ambiental, social e financeiro.
À medida que as exigências sociais e legislativas em matéria ambiental aumentam, vemos os grandes colossos energéticos a apostar fortemente nas acções de responsabilidade social, no sentido de legitimarem as suas más práticas corporativo-empresariais. Uma das acções recorrentes passa pela colocação de notícias enganadoras nos meios de comunicação social sobre os seus investimentos em projectos de baixo carbono, quando, na realidade, procuram aumentar a exploração de recursos, tendo em vista o aumento dos lucros. O sector da energia encontra-se no topo da lista dos maiores poluidores, contribuindo com cerca de 70% das emissões de gases de efeito estufa. Muitas das suas acções ambientalmente destrutivas mascaram-se de projectos de responsabilidade social e ambiental, com o objectivo de ganharem legitimidade perante os vários actores socias, sendo esta prática conhecida como greenwashing.

Várias empresas energéticas dizem-se comprometidas com o Acordo de Paris e com as emissões zero, todavia, na prática, as suas acções não estão alinhadas com os compromissos assumidos.
A avaliação da pegada de carbono deverá ser efectuada numa perspectiva global, tendo em conta as consequências provocadas no meio ambiente durante todo o processo, desde a extracção das matérias-primas até à reciclagem. Para atingirmos valores de baixo carbono no futuro é necessário actuar na melhoria contínua das práticas empresariais e na sustentabilidade.
Como sabemos, os efeitos negativos das falsas acções de responsabilidade social e ambiental fazem-se sentir e produzem um efeito negativo nas relações e na confiança dos consumidores com as marcas. Estas práticas desleais, baseadas no engano e na manipulação, minam a credibilidade das empresas e contribuem para bloquear e atrasar a transição verde. Sempre que os consumidores se apercebem destas acções enganadoras e socialmente irresponsáveis, ocorre uma quebra da sua ligação positiva com as empresas que adoptam esse tipo de práticas.
Um elevado número de empresas investe fortemente em complexas acções de marketing para, assim, tornar mais verdes os seus modelos de negócios sem que para isso necessitem de efectuar mudanças significativas no seu modus operandi.

O combate a este tipo de acções esverdeantes deverá ser feito através da regulação eficaz, da monitorização, da transparência e de uma abordagem ambiental genuína.
Quando as empresas não são ambiental e socialmente responsáveis, ocorrem desequilíbrios que levam a conflitos de vária ordem. É importante entender que a percepção de sinais de irresponsabilidade ambiental e social e a sua correcção deverá ser uma preocupação de todos.
Com a emergência da consciência ambiental e social, a aposta na sustentabilidade transforma-se numa porta de entrada para a inovação e para o crescimento responsável. Neste sentido, pesquisas recentes, apontam para uma correlação directa entre a adopção e utilização de práticas responsáveis e sustentáveis e um melhor desempenho financeiro das empresas.
É agora, o tempo de as empresas reconhecerem a importância de fazerem uma abordagem séria à responsabilidade social e ambiental, dando prioridade às energias limpas e às tecnologias mais eficientes. A aposta na sustentabilidade é a chave para o sucesso, num mundo em rápida mudança – o planeta agradece!

O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico

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