Obra de Capa março 2021
O encontro “KUDISSANGA”
Kanjinvi desde que descobriu que tem o dom de voar, em cada novo dia lança-se no prazer da aventura de ir cada vez mais alto e mais longe!
É uma ave manifestamente feliz! Tem liberdade! É uma sensação preciosa de que ele tem vindo a usufruir e muito tem sabido apreciar.
Cada dia descobre novos sítios e novas sensações que o extasiam. Descobre também que há experiências boas, mas há também outras menos boas. Começa a entender que a vida é feita de contrastes, em que a dialética está sempre presente, faz parte da sua aprendizagem do que é a existência.
Todavia, sente-se bem sucedido na aventura da vida e isso dá-lhe muita autoconfiança e desejo de viver.
Sente, porém, que embora sendo jovem e pleno de energia cada dia que passa lhe confere mais maturidade o que o torna mais conhecedor e preparado para a fase da sua autonomia total.
Contudo, ele está longe de imaginar que breve vai ter uma nova sensação que é parte integrante da vida, e que será mais empolgante ainda que a experiência do primeiro voo.
Vai descobrir o Amor! Ele não imagina que o amor é a fonte da vida. Foi a centelha que ocorreu com os seus progenitores e desencadeou a sua concepção. Será também com ele para que possa assegurar o milagre da sua descendência, a qual permitirá que a sua espécie se perpetue. A Lei da Mãe Natureza determina que o grande objetivo é o da reprodução dos seres vivos, e, por esse facto, o amor é o maior encantamento que se pode ter.
Surge quando menos se espera e não se sabe porque acontece. É um sortilégio que inesperadamente, e mesmo sem mais, pode acontecer.
Um dia, bem normal, Kanjinvi acordou e voou. De repente vê uma ave e fica como tomado por um feitiço, conforme se diz em África quando somos confrontados com algo inexplicável. Na fugaz troca de olhares e de cantos, ambos foram tomados de recíproco encantamento.
O Feitiço deu-se!
Cada um seguiu o seu caminho, mas Kanjinvi não pode mais esquecer essa ave que o deixou fascinado pela beleza e cores da sua plumagem. Ele nada sabe sobre ela, nem que mesmo que a ave se chama Lueji, pois nada mais aconteceu que um fugaz cruzar nos ares, mas que o abalou e deixou como que “possuído”, como os anciãos africanos dizem.
Nessa noite Kanjinvi mal dormiu, pois, os seus pensamentos convergiram sempre para a imagem daquela ave, para ele inigualável e de suprema de beleza, que o deixou inquieto e pela qual sente uma atração indescritível.
Decididamente Kanjinvi anseia pelo nascer do dia para poder voar e se dirigir para o local onde cruzou com Lueji.
Força sobrenatural o impulsiona!