Pote de Ouro
Todos nós conhecemos da mitologia irlandesa a história do pote cheio de moedas maciças de ouro que se encontra no fim do arco-íris.
Muitas vezes os empresários estão sentados em cima de um pote de ouro, sem se aperceberem. Para o descobrir têm que olhar para o património da sua empresa com outros olhos, com outra perspectiva, e só assim verão o final do arco-íris, faltando só deitar a mão ao tesouro.
De todo o património de uma empresa, o património imobiliário é aquele que mais poderá surpreender quando olhado de outra maneira.
Um empresário de sucesso possuía uma fábrica, que não sabia como modernizar, pois não tinha os devidos recursos financeiros, no entanto, o local onde estava situada a sua fábrica era uma zona muito desejada pelos promotores imobiliários, devido à sua localização e à sua vista privilegiada para a cidade de Viana de Castelo, para a serra e para a foz do rio lima, e este era sem saber, o seu pote de ouro.
Durante um almoço num magnífico terraço de um restaurante com vista para a fábrica, o empresário partilhou a sua preocupação com o seu contabilista, que o desconsertou ao referir que não deveria perder tempo com a miragem de ajudas de bancos
ou de incentivos do estado, mas a concentrar-se naquilo que já tinha, convidando-o a reparar que se conseguia observar no horizonte um arco-íris intenso que por coincidência terminava na sua fábrica.
Ao longo da conversa, o empresário foi chegando à conclusão que se vendesse o terreno onde estava localizada a sua fábrica para um projeto imobiliário de luxo, ficaria com liquidez suficiente para reconstruir a sua fábrica, perto dali, maior, melhor, mais eficiente e com as últimas inovações tecnológicas, que permitiriam produzir mais, a custos menores e com maior respeito pelo ambiente. A solução para fazer evoluir a sua fábrica esteve sempre ali, bastou olhar para o fim do arco-íris.
Um empreendedor imobiliário que se encontrou com este empresário, referiu-lhe que não conseguia vender uma série de apartamentos, devido à crise imobiliária. O empresário convidou-o a ver o seu stock de apartamentos por outro prisma, e sabendo que o alojamento local proporcionava um elevado rendimento, sugeriu ao empreendedor imobiliário que transformasse os apartamentos em alojamento locais, uma vez que não os conseguia vender, o que mais uma vez parecia ser um pote de ouro.
Se esta conversa tivesse sido com o tal contabilista, este teria alertado que transformar apartamentos em alojamento local é o novo cancro das cidades, que atinge de forma impiedosa os seus bairros. Numa primeira fase esta solução parece ser muito rentável, mas se ele quiser vender apartamentos que tenha no mesmo prédio onde tem alojamentos locais, vai aperceber-se que ninguém quer viver ao lado de um alojamento local, pois os turistas que usam o alojamento local, geralmente desrespeitam a vizinhança ao transformarem os apartamentos em salas de convívio, discotecas ou salões de festa, sem se preocuparem com o mal-estar que infligem a todos os que vivem no prédio. Já os vizinhos vêem os duendes deste inferno serem renovados a cada dois ou três dias. O contabilista teria sugerido arrendamento de longa duração se o prédio é de uso familiar, só recomendando a solução de alojamento local se todos outros apartamentos do prédio fossem também destinados a alojamentos locais, porque neste caso não haveria problemas porque ficaria tudo entre duendes… Por esta e outras razões, não hesitem em almoçar mais vezes com o seu contabilista certificado.