Xangai

China – Xangai – A Paris do Oriente

Atravessamos os continentes Europeu e Asiático rumo à denominada “Paris do Oriente”. Temos como destino a imponente e cosmopolita cidade de Xangai, a maior cidade da República Popular da China que se caracteriza pela sua extensa área metropolitana, capaz de esgrimir argumentos com Nova York ou Tóquio. Localizada na costa central da China Oriental, a cidade de Xangai beneficia de condições geográficas únicas. O rio Huangpu atravessa a cidade e transfigura a região num delta de solo fértil. A posição central da cidade, perante o imenso mar da China, transformou-a ao longo da sua história até ao presente, como um dos maiores portos comerciais do mundo.
Os primeiros registos de Xangai remontam aos anos 960 d.C., no qual esta atual vila piscatória sob o domínio da dinastia de Song, vê reconhecido no ano de 1074 o estatuto de “cidade-mercado”. Nos séculos subsequentes, a importância da cidade cresceu atingindo o estado de condado, administrado de forma independente. Ao longo da história da cidade destacam-se alguns marcos importantes: em 1554 teve início a construção de uma muralha circundante à cidade, por forma a conferir protecção dos constantes saques perpetuados por piratas japoneses. No ano de 1602, sob a vigência do imperador Wanli, teve início a construção do denominado Templo da Cidade dos Deuses – Shànghǎi Chénghuángmiào ou Jardim Yu, que visou as comemorações da elevação da cidade a município.

O século XIX fica marcado pelo conflito denominado como Guerra Anglo-Chinesa, igualmente conhecida como a Guerra do Ópio. A coroa Britânica controlava o mercado asiático, importando sedas, chá, porcelana entre outras mercadorias para terras de sua majestade. Existia uma forte pressão da Coroa em escoar Ópio produzido na Índia, todavia o império Chinês decretou a sua proibição devido aos nefastos problemas que esta droga, causava na população. Com o fim da Guerra do Ópio, o comércio na região floresceu, sob alguma condescendência por parte da China. O império chinês permitiu abertura das suas cidades e o estabelecimento de várias delegações comerciais que no caso de Shangai a tornaram no maior porto mercantil asiático. Após este período próspero, seguiu-se a invasão e controlo japonês, sendo que esta ocupação perdurou até à rendição do Japão às mãos das tropas aliadas. No período seguinte, e devido à implementação do partido Comunista, diversas empresas estrangeiras, num acto de receio optaram por mudar os seus escritórios para Hong-Kong, o que de certa forma resultou numa retração de investimento estrangeiro e desenvolvimento de Xangai.
Retomando a nossa viagem, a chegada a Xangai maioritariamente de voos internacionais é efetuada através do maior aeroporto da China, o Aeroporto Internacional de Pudong, que registava pré-pandemia um fluxo anual de 18 milhões de passageiros. A cidade de Xangai situa-se a 30 km do aeroporto, o que na prática se traduz numa viagem de 7 minutos e 20 segundos. Este aeroporto é dotado do primeiro e mais famoso dos comboios de alta velocidade, nomeadamente o Maglev, falamos de um verdadeiro hino à engenharia, um comboio em monocarril que circula a uns estonteantes 421 km/h. O término da linha de alta velocidade acontece na estação de Longyang-Road, caracterizada por permitir a interconexão com o sistema de metro da cidade. Recordo a primeira frase que proferi “Onde estou eu?”, a primeira impressão da cidade é ambígua para o visitante. A maioria dos viajantes espera uma cidade repleta de casas de madeira retiradas dos melhores filmes americanos, não que estas não existam, todavia estamos perante uma cidade moderna.


As primeiras imagens de Xangai revelam uma cidade desenvolvida nas margens do rio e repleta de arranha céus cuja iluminação de diversas cores transforma completamente a cidade.
Bund – Wàitãn
Recompostos da viagem e sob efeitos ainda do Jet-Lag, iniciamos a nossa visita ao coração da cidade, mais concretamente ao distrito conhecido como o Bund. Este destaca-se por uma avenida ao longo do rio Hangpu repleta de construções ao estilo anglo-franco, que refletem a presença de Ingleses e Franceses e atribuem o nome à cidade de “Paris do Oriente”. A marginal do Bund permite uma breve caminhada a pé, e fotografar amplamente o centro financeiro da cidade com os seus imponentes arranha-céus. Através da avenida principal do Bund, chegamos à comercial rua de Fuzhou Road, onde as centenas de lojas e as luzes florescentes saltam à vista dos visitantes. Aproveite para visitar e caso seja esse o propósito aqui será o melhor lugar para realizar compras.
Praça do Povo – Museu Arte Xangai
Para trás deixamos a movimentada FuzHou road, no seu término encontramos o jardim e praça do povo. Deparámo-nos com uma zona jardinada ampla, repleta de estátuas e flores coloridas. A presença da soberania faz-se sentir, não fosse esta praça repleta de Bandeiras da República da China. Embrenhamos pelo interior dos jardins e reparamos num edifício moderno, o museu de arte chinesa antiga. A visita ao museu de arte de Xangai é recomendada, e no seu interior, podemos observar um conjunto de esculturas, pinturas, selos, documentação antiga, trajes e objetos do quotidiano da antiguidade ligado a atividades agrícolas e piscatórias.
Nas imediações da praça do povo, e caso disponha de tempo, poderá visitar a sala de concertos e o teatro de Xangai, apesar de se tratarem de edifícios de construção moderna, os seus traços arquitetónicos são realmente impressionantes.

Shanghai Tower
Retorne ao Bund e atravesse o rio Huangpu através do túnel, sim é verdade, ao melhor estilo Chinês existe um túnel com veículos monocarril que atravessa o rio até ao distrito financeiro de Pudong. A viagem é curta e o destino é o imponente arranha-céus conhecido como Shangai Tower. Este edifício construído entre 1995-1998 destaca-se como um projeto inovador, uma espécie de torção da fachada. Falamos do edifício mais alto (632 metros) da China e um dos mais altos do mundo sendo à data da construção apenas superado pelo Burj Khalifa dos Emirados Árabes Unidos.
Recomendo uma visita ao último piso, especialmente ao fim-de-semana visto que a poluição poderá condicionar a perspetiva, e delicie-se com a vista.
Torre Pérola Oriental – TV Tower
A torre pérola também conhecida como torre televisiva, é de uma construção ímpar. Este edifício é de uma estética icónica e inconfundível. Construída em 1995, a torre destaca-se pelas cinco esferas todas ligadas através de colunas. Os seus imponentes 468 metros são albergue para uma unidade hoteleira, restaurante rotativo e um centro de observação. Este monumento de arquitetura moderna recebe cerca de 3 milhões de visitantes ao ano e continua a transmitir sinais de rádio e televisão.
Nas imediações da torre pérola, encontra-se o Oceanário de Xangai, repleto de aquários atravessados por túneis transparentes no qual o visitante se imiscui.
Jardins Yuyuan – YuYuan Garden
Os jardins Yuyuan representam um verdadeiro oásis na cidade de Xangai. Criado na vigência da dinastia Ming no século 15 por um funcionário estatal, este jardim consiste numa área de 2 hectares, repleto de lagos com carpas, pontes, bambu, flores e templos que perduraram até aos dias de hoje.
Inserido na parte antiga da cidade este é local para fotos incríveis e cenários idílicos. Absorva a natureza que o rodeia e visite os diferentes edifícios. Recomendo que inicie a sua visita pela denominada porta Taoista e Templo Cidade dos Deuses, rodeado de água e com pequenas embarcações a remos, transporta-nos ao passado deste grande Império. Destaco ainda o pavilhão denominado por “Three Ears of Corn” onde o visitante poderá observar esculturas que retratam o dia-a-dia agrícola sob a forma de tributo.
Este será o local mais visitado da cidade pelo que recomendo uma visita no período da manhã. Anexo ao jardim encontram-se vários templos repletos de locais que realizam oferendas aos deuses taoistas. Nas imediações existe um mercado local, repleto de pequenos restaurantes e lojas de recordações. Aqui poderá provar o famoso pato de Pequim, embora o aspeto e a forma como é vendido poderá não ser a mais apelativa, mas acredite que é uma verdadeira iguaria dos deuses.
Xangai a “Paris do Oriente”, a cidade que o viajante estranha e depois entranha.


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