Nuno Moreira
Sempre quis ser fotógrafo desde os 16 anos quando comecei a fotografar produtos para catálogos, e aos 21 já tinha estúdio próprio.
Um fotógrafo pode ter técnica, uma boa câmara e boas lentes, porém o mais emocionante é quando se consegue capturar a profundidade das almas num olhar que muitas vezes procura desviar o contacto, procurando mistificar a sua personalidade.
Fotografar é fazer versos com imagens, é um pouco como ler um livro fazendo filmes na consciência, que expande na medida que nos tornamos independentes artisticamente, que satisfazemos o ego e o cliente ao mesmo tempo. É fazer amor no arame farpado quando o amor se substitui à dor.
Trabalhar com fotografia é amar o desconhecido, tudo vira poesia. As minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no meu mundo e as pessoas que não têm como presenciar o que lá acontece. Espero que a pessoa que entrar numa exposição minha não saia a mesma.
Lembro-me que numa das exposições que fiz: A casa assombrada de Virgínia Woolf, uma interpretação pessoal do livro da mesma, a meio da exposição fui abordado pela diretora da Biblioteca Almeida Garrett no Porto onde expus, dizendo que algumas imagens perturbavam as pessoas, que depois de muito olharem as mesmas iam comentar que ficavam alteradas emocionalmente. Considerei que estava e estou no caminho certo.
Fotografar é cumprir a eternidade de cada momento.