Reflexões partilhadas…

a propósito do tão maltratado SONO


Cada vez mais me chegam à consulta crianças e adolescentes com problemas e distúrbios graves de sono.
O sono continua a ser maltratado pela maioria da população, não só, não lhe damos o devido valor, reconhecendo-o como necessidade fisiológica (base vital), já nos dizia Maslow… como cometemos erros graves, como p.ex: adormecer a olhar para equipamentos eletrónicos que emitem a chamada luz azul que atrasa a produção da hormona do sono. Isto pode causar dificuldade em adormecer ou alterações nas fases do sono. Com o passar do tempo, esta privação de sono (usada como tortura nos tempos antigos) traz-nos irritabilidade, intolerância, impulsividade e outros sintomas mais graves que poderão causar doença mental.
Tem sido uma luta que me parece, enquanto clínica que veio para durar…
Há toda uma psicoeducação para se fazer!
Hoje trago-vos um artigo recente, de Adam Barnes, publicado na APA (Associação Americana de Psiquiatria) no dia 1 de Agosto de 2022 com o título:
“Dormir menos de 9h pode afetar a memória e saúde mental das crianças”
Crianças em idade escolar (1º ciclo) que dormem menos do que o número recomendado de horas por noite apresentam diferenças nas regiões cerebrais associadas à memória, inteligência e bem-estar, de acordo com um estudo recente. Para o estudo publicado na Lancet Child & Adolescent Health, investigadores da Universidade de Maryland examinaram imagens de ressonância magnética e prontuários médicos de mais de 8.300 crianças de 9 a 10 anos, bem como pesquisas concluídas pelos participantes e pelos seus pais.
A equipa relacionou a falta de sono com problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade e problemas de memória, incluindo resolução de problemas e tomada de decisão.

Os investigadores contabilizaram o status socioeconómico, o sexo, a fase de desenvolvimento e outros fatores que poderiam afetar os hábitos de sono e a função cerebral da criança.
As avaliações de acompanhamento mostraram que os hábitos de sono do grupo que não respondia às recomendações de nove a doze horas por noite não mudaram significativamente ao longo de dois anos. “Descobrimos que as crianças que tinham sono insuficiente – menos de nove horas por noite – no início do estudo, tinham menos matéria cinzenta ou menor volume em certas áreas do cérebro, responsáveis pelo controle de atenção, memória e inibição, em comparação com aquelas com hábitos saudáveis de sono”, disse o autor responsável do estudo, Ze Wang, num comunicado aos media. “Essas diferenças persistiram após dois anos, uma descoberta preocupante que sugere danos a longo prazo para aqueles que não dormem o suficiente”, continuou. Os pais podem ajudar os seus filhos a atingir esse objetivo de sono limitando o uso da tecnologia perto da hora de dormir e estabelecendo um horário de sono consistente.
“Este é um estudo crucial que aponta para a importância de fazer estudos de longo prazo sobre o cérebro da criança em desenvolvimento”, diz E. Albert Reece, Professor Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, e acrescenta que o sono, muitas vezes, pode ser negligenciado durante dias, numa infância ocupada com tpc’s e atividades extracurriculares.”
É urgente darmos importância ao Sono das nossas Crianças. Podemos atuar na prevenção evitando assim repercussões negativas no crescimento e desenvolvimento das mesmas.

Ana Sofia Oliveira
Psicóloga Especialista em Clínica e Saúde. Terapeuta EMDR


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