Filipa Pinto Coelho

Café Joyeux

Presidente do Joyeux Portugal e da Associação VilacomVida, Filipa Pinto Coelho é também mãe de três campeões, Carolina, Marta e do Manel que nasceu com síndrome de Trissomia 21. Como mãe  quis  traçar  um  caminho  de  entusiasmo  e  de  impacto  positivo  dos  talentos  e  das capacidades dos jovens com limitações cognitivas ao criar uma desmistificação de preconceitos através do relacionamento presencial.

A inclusão pelo trabalho dos jovens adultos, com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento, em Portugal, existe através do projeto Café Joyeux, graças à Filipa Pinto Coelho que abraçou logo o projeto com amor, alegria e entusiasmo, fazia sentido porque já tinha iniciado esse projeto de inclusão com a Associação VidaComVida, um projeto do futuro, inovador, de inclusão e de solidariedade.

Efetivamente, Filipa Pinto Coelho tinha trabalhado durante meses com o projeto Café com Vida da Associação VilacomVida cujo escopo era similar ao projeto existente em França, Café Joyeux, criado pelo empreendedor francês Yann Bucaille-Lanzerec em 2017, alinhando-se com o mesmo propósito, no dia 3  de maio de 2018 encontrou-se com o fundador e viram uma oportunidade em juntar sinergias para caminhar no mesmo trajeto cuja missão é criar emprego digno estimulando autoestima  para essas pessoas  quebrando  e desmitificando  preconceitos  que  perdurem  há demasiado tempo. 

Filipa Pinto Coelho é a primeira mulher a internacionalizar o Café Joyeux, o primeiro nasceu em Lisboa em novembro de 2021 com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e de Sophie Cluzel na inauguração, o segundo café abriu no Ageas Seguros no Parque das Nações em fevereiro de 2022 e o próximo será em Cascais em junho de 2023, afinal o intuito é expandir a missão pelo país tendo carta branca da marca-mãe em França.


Como surgiu o projeto Café Com Vida e Café Joyeux?

O projeto deveria passar por criar um negócio social que ajudasse por um lado a sustentabilidade da Associação VilaComVida que foi quem fez nascer esta grande missão de trazer a diferença perto de nós e integrar na nossa missão, um projeto de economia e negócio social que facilitasse a sustentabilidade da missão e fizesse ser empregador destas pessoas para provar que esta integração é possível, o negócio pode ter sucesso, as equipas são motivadas, podemos crescer com a missão de criar mais postos de trabalho, foi assim que nasceu o conceito inicial CaféComVida da Associação VilaComVida, os CafésComVida iam ser vários cafés pelo país que proporcionassem a desmistificação de preconceitos, quando íamos lançar CaféComVida ouvimos falar que o Café Joyeux já tinha aberto em França, encontrámos o fundador e resolvemos juntar as nossa sinergias mutuamente e o primeiro Café Joyeux nasceu em Lisboa.

Os jovens adultos têm um caminho de autonomia garantido através de um contrato de trabalho, o grande desafio deste crescimento  é a sustentabilidade,  ou seja, se nós abrirmos um Café Joyeux empregámos pessoas e assinámos contratos  em termo, isso significa que temos que abrir mais Cafés Joyeux para criar mais postos de trabalho. 

Abre-se um novo Café Joyeux de duas formas: com mecenas que querem contribuir para um Café Joyeux e ou com os resultados das vendas, cafés, cápsulas e grãos do café, merchandising que vendemos, uma forma das empresas contribuir para a causa é beber um café de alta qualidade,  beber  um  café  com  propósito,  através  dos  serviços  de  Catering  que  fazemos, almoços, coquetéis nas empresas, contribuímos para a sustentabilidade do modelo, todas as receitas  daquilo  que  fazemos  e  todo  o  lucro  que  vem  dessa  atividade  vai  contribuir  para preencher esse mealheiro que vai permitir abrir mais um Café Joyeux, se tivermos empresas e mecenas que queiram contribuir de forma ativa e acelerando esse caminho, essa abertura acontece mais facilmente, temos cerca de vinte pedidos de abertura para Portugal, temos as lojas snacks candidatas em integrar Café Joyeux e que esperam que existe oportunidade, para isso, é necessário investimento, neste momento vem da angariação de fundos uma vez que os cafés ainda não são sustentáveis, quando passarem a sê-los, toda a margem contribuirá para abrir mais cafés.

A empresa Joyeux Portugal é 100% detida pela Associação VilaComVida (IPSS), em França a empresa é uma empresa social e tem o estatuto ESUS mas como em Portugal não existe esse estatuto, recorremos a esse procedimento porque temos o mesmo objeto social, todos os resultados desta empresa voltam via donativo à casa-mãe que investe depois para abrir mais cafés.

Uma é empresa e a outra é uma associação sem fins lucrativos com o mesmo objeto social, como a lei das IPSS em Portugal permite que sejam 100% detentores duma empresa e não ser participada, garantimos o objetivo e o propósito .

Como se integram os jovens adultos com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento?

Temos uma dupla experiência com a Associação VilaComVida: a de contribuirmos com as nossas equipas especializadas nessas integrações para que as outras empresas consigam fazer de facto esta integração. Formámos as equipas, explicámos como utilizar a linguagem adequada, que formas  de  conversar  podem  ser  mais  difíceis  de  entender  para  determinados  perfis,  a importância da regra, a importância da supervisão e do método, tudo questões relativas à integração que facilitarão a inserção dessas pessoas no mercado, já temos feito muitos acompanhamentos  nas pequenas e médias empresas portuguesas,  por  outro  lado, temos  o nosso  próprio  negócio  social  onde  também  integrámos  essas  pessoas  com  o  modelo  de formação chamado «  Escola Joyeux »  e nessa escola existem quatro funções-chave: barista, serviço de mesa, cozinha e caixa, elas são recrutadas e começam pela função que mais desejam, depois rodam durante dois anos por estas funções e ao fim deste tempo entre formação teórica e prática, 80% da formação é desenvolvida no contexto do trabalho, eles aprendem porque fazem, os  supervisores  que  gostam  de  ensinar  e  que  têm  esse  coração  aberto  para  assistir  ao crescimento do outro são as pessoas que os ensinam a fazer sozinhos e portanto todo o modelo do Café Joyeux é pensado de raiz para que possam desenvolver estas competências de forma autónoma, ou seja, as máquinas, os equipamentos são facilmente manuseáveis, as receitas são facilmente replicáveis, o atendimento tem peças de lego coloridas que ajudam à memória quando o cliente faz o pagamento para que o prato certo vá para o tabuleiro certo, o modelo de comunicação, afinal tudo é pensado para que sejam os atores principais do processo, portanto isso conduz à uma autoestima, sentem-se capazes, têm o seu salário proporcional às horas de trabalho que fazem sobre o salário mínimo nacional, é o salário que têm, podem fazer turnos de 4 a 6 horas, depende da capacidade e do desenvolvimento da pessoa. Hoje passado um ano e meio da primeira abertura, podemos dizer que o balanço é muito positivo, temos pessoas autónomas em muitas funções e estamos felizes com o modelo de aprendizagem que herdámos da casa-mãe que replicámos em Portugal, é interessante porque independentemente de alguns quilómetros de distância que nos separem, o espírito é o mesmo, a cultura da autonomia, do entusiasmo, de tudo aquilo que contribui para o crescimento individual, é idêntico de um país para o outro, o perfil das pessoas com quem trabalhamos nos cafés como supervisores, o perfil das pessoas que estão na equipa de gestão, todos têm o brilho no olhar que vai aumentando à medida que se vai contribuindo para tanta transformação de vida para melhor.

Quais são os seus objetivos agora?

Tornarmos sustentáveis,  hoje aquilo  que  vendemos em termos  de  serviço,  refeições e café permite pagar as contas da operação, ainda não permite remunerar a estrutura que é necessária ter por detrás disso, por isso o fundraising ser importante, o nosso primeiro objetivo é que os cafés permitem remunerar a estrutura como um todo para que fiquem positivos em termos de break-even, o nosso segundo objetivo é ter capacidade de resposta para os pedidos que nos surjam de abertura de mais cafés, para abrirmos um café é uma decisão que mexe com dois lados nossos, o lado da missão que quer tirar as pessoas de casa e mostrar à sociedade o seu valor, por outro lado, em termos de decisão de negócio e de operação, não pode ser tomada de forma  impulsiva  sem  analisarmos  a  sustentabilidade  do  modelo,  é  a  parte  mais  difícil  e gostávamos de ter um conjunto de parceiros socialmente responsáveis, mecenas, investidores sociais  que nos ajudem a fazer desse projeto  um projeto  de expansão nacional e que nos garantam que podemos focarmos no nosso trabalho do dia-a-dia, pôr estas pessoas a brilharem para si e para os outros e para quem os emprega e que não estejam tanto tempo investido a angariar fundos para crescer quando sabemos que é uma projeto que poupa muito dinheiro ao Estado português porque o Estado tem um custo com estas pessoas se forem para centros ocupacionais.  Num  Café Joyeux  em  Cascais, o  facto  de  formarmos  doze  jovens-adultos  e recrutá-los permite a poupança de 200 000 euros ao Estado português sem contar com os outros efeitos colaterais positivos  como  não sacrificar o sistema de saúde nacional, a qualidade de vidas, as doenças do foro mental, as violências domésticas, a obesidade, tudo aquilo que são efeitos colaterais negativos, isto é, o facto de as pessoas não estarem a desenvolver as suas capacidades, afinal, é conseguirmos ter um grupo de empresas que nos ajudem a dar estes passos mais rapidamente e poder crescer para abrir mais Cafés Joyeux e responder aos pedidos,  o  terceiro  objetivo  é contribuir  para mudar  políticas  públicas,  perceber  que  o modelo de contratar para formar é um modelo que tem futuro e mais económico do que formar para  quem  sabe  contratar,  os  fundos  que  o  estado  investe  em  formação  deveriam  estar agregados ao contrato de trabalho porque o contrato de trabalho de uma pessoa numa situação de vulnerabilidade social não pode existir sem a componente de formação agregada mesmo que a pessoa já tenha experiência profissional numa condição de dificuldade intelectual e de desenvolvimento, o acompanhamento pode ser menos intensivo mas é sempre necessário. Essa relação  de  acompanhamento  tem  que  sempre  existir,  pelo  menos  no  início  da  relação profissional, uma agregação das medidas de apoio à contratação e de apoio à formação, é esse caminho que estamos a procurar fazer hoje com o estado português e com os respetivos responsáveis, se conseguirmos mudar essas políticas públicas com o nosso exemplo, ficaremos felizes porque abrimos caminho para outras missões e outras pessoas que poderão beneficiar do esforço de abertura dos olhos da sociedade, criar esta proximidade, finalmente o último objetivo, aliás  seria  até  o  primeiro,  contribuir  cada  vez  mais  que  as  pessoas  desmitifiquem  esse preconceito,  percebam que a diferença nas nossas vidas pode ser uma mais-valia e que nos aproximemos dessa diferença, passemos a olhar para ela como algo que seja natural e não especial nas nossa vidas.

Implementar esse projeto em Portugal foi um desafio?

Sem dúvida! Foi um desafio enorme, foi sim um longo caminho que começou há algum tempo, começou em 2016, com o nascimento da Associação e com a realização de trabalho de campo, apercebi-me que era necessário existir um projeto mais próximo das pessoas que proporcionasse essa troca de olhar, em outubro de 2020 ganhámos o Programa Parcerias para o Impacto de Inovação Social e com o projeto-piloto que fizemos tivemos fundos para recrutar equipa. A partir daí foi mais fácil porque tinha uma equipa motivada e tudo isso fez com que consigamos abrir o primeiro Café Joyeux em Portugal porque houve uma relação de confiança com a marca-mãe, de muito reconhecimento pelo trabalho que foi feito, de persistência, de resiliência mas acima de tudo, de confiança. O facto de ser mãe do Manel trouxe um elemento de família no projeto Café Joyeux que não tinha na equipa e no projeto em França tal como essa experiência da Associação que se dedicava à inclusão há muitos anos.

Qual é a mensagem que queira deixar aos nossos leitores?

Venham ao Café Joyeux, venham conhecer a mais-valia na diferença, que nos ajudem com tudo o que puder  porque  queremos que o projeto  atinja rapidamente a sustentabilidade  para ele próprio se pagar a si mesmo, toda a ajuda será sempre utilizada para abrir mais espaços de trabalho de realização profissional para todos. Venham conhecer a alegria no trabalho, um serviço feito com coração, uma produção muito boa, caseira, que nos ajudem a chegar esta mensagem o mais longe possível! Consultem o nosso site joyeux.pt!

O Café Joyeux e a Associação VilacomVida, IPSS que proporciona um futuro laboral a jovens- adultos  com  dificuldades  intelectuais  e  do  desenvolvimento,  lançam  também  uma  nova campanha nacional para apelar à consignação gratuita de 0,5% do IRS dos contribuintes. Protagonizada por  Carolina Deslandes, o objetivo  é mostrar que é possível ajudar a fazer a diferença, apoiando, sem custos, quem mais precisa.

Apelando à solidariedade de todos, a cantora pretende aproximar o público da diferença, para que um dia, esta deixe de o ser. A mensagem é simples: “Este ano, eu vou contribuir com o meu IRS para ajudar a validar os talentos Joyeux. Para mim e para si é grátis, para eles não tem preço”, salienta Carolina, ao apresentar o projeto. A ideia é mostrar aos contribuintes que é possível apoiar, de forma gratuita, a autonomia das pessoas que vivem com dificuldades intelectuais,  enquanto  ajudam  ainda  a  expandir  a  rede  de  cafés-restaurantes  solidários  e inclusivos Joyeux.

Para ajudar, basta consignar, sem qualquer custo, 0,5% do seu IRS à VilacomVida, a associação focada na missão de trazer a diferença intelectual para o meio da sociedade e representante exclusiva da marca Joyeux em Portugal, preenchendo o quadro 11 da declaração com o NIF 514199784. Assim, de forma simples está a contribuir para promover a oferta de emprego e de uma vida autónoma e feliz a jovens com Trissomia 21 ou com perturbações do espectro  do autismo.

Apoiar o Café Joyeux representa contribuir para continuar a formar jovens com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento, dando-lhes emprego e colaborando para uma sociedade mais justa e inclusiva. O objetivo é possibilitar que cada colaborador ganhe confiança, autonomia profissional e se sinta parte verdadeiramente integrante da empresa. Significa também apostar na economia local e circular, privilegiando a sustentabilidade e o ambiente.

A VilacomVida é uma IPSS que acredita que pessoas com Dificuldades Intelectuais e do Desenvolvimento, nomeadamente Trissomia 21, Perturbações do Espectro do Autismo, entre outras, podem  ser efetivamente felizes quando inseridas na sua comunidade. A partir de um donativo de 5€ por mês, todos podem tornar-se Amigos da causa, contribuindo para a criação de futuras gerações autónomas realizadas na sua diferença. No dia 1 de Abril começou  o prazo de entrega das declarações de IRS, um período muito importante para todas as IPSS pois permite aos contribuintes doar a uma instituição, uma parte do imposto que iria reverter a favor do Estado (0,5%) sem qualquer custo, para quem está a doar.
Preenchendo o quadro 11 da declaração com o NIF 514 199 784, estará a fazer a diferença, connosco e sem qualquer custo para si, na vida de muitos jovens-adultos com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento.

Na Associação  VilacomVida temos  levado  esta  missão  diariamente,  em  conjunto  com  uma equipa dedicada e empenhada em transformar positivamente a vida destas pessoas e também a de todos nós, que, em relação com elas, passamos a ter oportunidade de sermos agentes ativos de uma real mudança de mentalidades por um mundo onde não haja exclusão.
Seja através dos cafés Joyeux, o nosso negócio social sustentável onde já empregamos, para formar, o Bruno, o João, a Lurdes, a Sofia, o Ricardo, o Pedro, o David, o António, a Sofia W., o Gonçalo, o Sebastião e o José, e preparamo-nos para empregar mais 12 jovens-adultos no Café Joyeux  Cascais,  que  inauguraremos  em  Junho  próximo,  seja  através  dos  recrutamentos inclusivos  que  acompanhamos  noutras  empresas  portuguesas,  temos  tido  o  privilégio  de contribuir para esta missão de inclusão social e profissional da diferença nas nossas vidas e nas nossas cidades.

Queremos continuar a formar e empregar jovens com dificuldades intelectuais e do desenvolvimento proporcionando-lhes  uma vida autónoma e com mais sorrisos em novos Cafés Joyeux. O resultado da angariação desta campanha que estará no ar até 30 de Junho, terá um impacto muito relevante na expansão da rede de Cafés Joyeux e da nossa missão em Portugal.

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