Ponte de Lima

Roteiro

Não poderíamos começar por outro ponto, se não a histórica ponte que deu o nome a esta região! Ex-libris do concelho e classificada como Monumento Nacional, a ponte está dividida em dois troços: romano e medieval. No que respeita ao troço romano (a origem da ponte) pensa-se que este datará do século I, já que nessa época se procedeu à abertura do caminho de uma das vias militares do antigo Conventus Bracaraugustanus. Carateriza-se por ser mais simples e largo, com o tabuleiro assente em sete arcos de volta perfeita e apontados, ordenados irregularmente e com diferente amplitude de vão. Relativamente ao troço medieval, precisamos de recuar até ao reinado de D. Pedro I, no qual, segundo uma inscrição, se constatam referências à conclusão das obras de fortificação da vila em 1370, e à existência de uma ponte. Distingue-se por dispor de um tabuleiro muito suave, colocado sobre quinze arcos apontados, notórios, um deles ainda com soleira, com talha-mares de forma prismática a montante e quadrangulares do lado oposto, encimados por olhais, também de arco apontado. Entre os dois troços que integram a ponte, eleva-se ainda a Igreja de Santo António da Torre Velha e junto ao leito do rio ergue-se a Capela do Anjo da Guarda. A Igreja, de estilo tardo-barroco, é constituída por nave, capela-mor, sacristia e torre sineira adossadas em eixo. Salientam-se os retábulos laterais e retábulo-mor em talha tardo-barroca no seu interior, e a proeminente torre sineira com enormes gárgulas. A Capela transparece uma transição do românico tardio para o gótico, apresentando uma estrutura alpendrada, coberta por domo, coroado por pináculo. Destaque para o seu interior com a imagem de São Miguel Arcanjo.

Antes de avançarmos, façamos uma pausa para ouvir a lenda do Rio Lhetes, Rio do Esquecimento, contada por Almada Negreiros numa galante tapeçaria de 1957:
“Comandadas por Decius Junius Brutus, as hostes romanas atingiram a margem esquerda do Lima no ano 135 AC. A beleza do lugar as fez julgarem-se perante o lendário rio Letes, que apagava todas as lembranças da memória de quem o atravessasse. Os soldados negaram-se a atravessá-lo. Então, empunhando o estandarte das águias de Roma, o comandante chamou, da outra margem, a cada soldado pelo seu nome. Assim lhes provou não ser esse o rio do esquecimento.”