Sistemas de pagamento com criptoativos

Hoje em dia quando pensamos em criptoativos as primeiras coisas que nos vêm à cabeça são investimentos e especulação. Mas devemos lembrar-nos qual o objetivo inicial da sua criação e pensar porque é que ainda não o atingimos em termos práticos.
O primeiro criptoativo, a Bitcoin, tinha como descrição “Um Sistema de Dinheiro Eletrónico Ponto-a-Ponto”, ou seja, tinha como principal objetivo permitir a transferência de valor entre entidades que não confiam uma na outra. Esta rede opera sem intermediários centrais, pelo que não é possível a tentativa de censura ou alteração de transações, sem que todos os utilizadores da rede assistam a tal evento.
De facto, dada a natureza global da rede de Internet, onde os criptoativos existem, podemos desde logo dizer que os mesmos cumprem esse grande objetivo de ser uma rede global de pagamentos, com a ressalva de que essa rede assenta no criptoativo subjacente.
Até hoje, sabemos que a rede de criptoativos mais utilizada é a da Bitcoin, daí o seu valor de mercado ser o mais elevado. No entanto, esse valor é altamente volátil, dado que nem sempre existe a mesma atividade e utilizadores na rede. A adoção da Bitcoin como sistema de pagamentos tem vindo a crescer, com várias iniciativas em todo o mundo e cada vez mais governos, empresas e indivíduos a promover a adesão ao mesmo.
Devemos salientar que os pagamentos em criptoativos são extremamente rápidos e baratos quando comparados com qualquer outra solução tradicional de pagamentos transfronteiriços, especialmente entre continentes diferentes do mundo. Quem opera nestas redes acaba por ter de utilizar uma plataforma centralizada para a entrada ou saída de fundos entre os criptoativos e moeda fiduciária, como o Euro ou Dólar.
A Luso Digital Assets é uma dessas plataformas que o faz a partir de território nacional, mas virada para fora, acolhendo clientes das mais diversas regiões do globo. Para os clientes que procuram um sistema de pagamentos global, mas que ainda não se sentem à vontade a utilizar criptoativos, é necessário que entidades como esta forneçam uma experiência de utilizador que rivalize e em alguns pontos melhore a dos sistemas de pagamentos tradicionais. Isto não será possível sem a entreajuda de entidades nas mais variadas jurisdições, que possuem conhecimento local das atividades de pagamentos dos seus constituintes.
Acredito que esse seja o próximo passo na escalada dos criptoativos para irem além dos sistemas de pagamentos tradicionais. Esta interligação trará um enorme salto na integração financeira dos povos mais desfavorecidos e que ainda subsistem das remessas de valor dos seus familiares e amigos que residem além-fronteiras.

Ricardo Filipe Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Blockchain e Criptomoedas

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