Diogo Ivo Cruz

Diretor de projetos na Invest Lisboa

Fotografia ©Tiago Araújo

Diogo Ivo Cruz, diretor da Invest Lisboa, é uma voz influente na promoção de Lisboa como destino de investimento inovador. Em entrevista exclusiva à Descendências Magazine, Diogo Ivo Cruz revela de que forma a Invest Lisboa facilita o processo de investimento na capital portuguesa, destacando os principais atrativos de Lisboa para investidores estrangeiros e em que medida têm contribuído para posicionar a cidade como um destino preferencial para investimentos, e ressalva ainda o importante papel da tecnologia e inovação para o futuro económico da cidade e do país.

Fotografia ©Tiago Araújo

É Mestre em Estudos Ambientais Integrados pela Universidade de Southampton e tem MBA pela AESE Business School. Conta já com uma carreira diversificada que vai desde a investigação científica à gestão de projetos ambientais. É co-fundador de uma startup tecnológica e, desde 2015, diretor da Invest Lisboa, onde tem estado profundamente envolvido na promoção de Lisboa como destino de investimento e no apoio aos investidores em todo o processo de tomada de decisão, oferecendo aconselhamento, informação, promoção de parcerias e viabilização de projetos. Deixando as posições e ofícios de lado quem é Diogo Ivo Cruz?

Para mim, não é uma pergunta fácil de responder. No entanto, diria que há duas coisas que são transversais a tudo o que faço. A primeira é que sou uma pessoa muito motivada e alicerçada na minha família, na minha mulher e nos meus filhos. Tudo o que faço, tudo aquilo que tento fazer e a energia que tenho vem deles e da vontade de ver a minha família bem e feliz. A segunda é que, do ponto de vista profissional, gosto muito de saber que estou a contribuir positivamente para a solução. Já tive vários papeis. Tirei um curso de Biologia, na área científica, e comecei por fazer investigação na área da gestão das culturas e proteção das pragas. Depois disso, trabalhei na área do Ambiente no Instituto Nacional de Estatística e mais tarde fui desafiado por um amigo, que teve uma ideia espetacular para criar uma empresa. Fui com ele, criámos a empresa e, apesar de a empresa não ter corrido bem (mas a amizade manteve-se), foi uma experiência que me ensinou muito.
Se há uma coisa que é transversal a esses momentos todos, é o facto de tentar sempre ser útil e ser um contributo para resolver algum problema que naquele momento possa existir. Gosto de estar na equipa e no conjunto de pessoas que ajuda e que tenta dar um contributo para que, seja qual, o problema possa ser resolvido da melhor forma possível.

De que forma considera que a sua ampla experiência profissional em diferentes setores, que inclui desde a pesquisa científica até a gestão de projetos ambientais, o preparou para assumir o cargo de diretor na Invest Lisboa? Quais as principais habilidades e conhecimentos adquiriu e de que forma têm sido valiosos no contexto específico da Invest Lisboa?

Considero que de facto esta diversidade toda ajudou muito. Começa pelo facto de, na Invest Lisboa, lidar com muitos assuntos, setores e problemas diferentes, essa experiência diversificada permite-me encarar novos desafios com tranquilidade. Ter vindo de uma área que não tem nada a ver com a área empresarial, ajudou-me a pensar de outra forma. O facto de ter tido a experiência de criar uma empresa, ter cometido vários erros no processo (e alguns acertos) e também do conhecimento que o MBA me trouxe contribui para perceber melhor a pessoa que está do outro lado da mesa. Ajuda-me a perceber a pessoa que quer montar uma empresa e que nunca fez nada relacionado com a parte empresarial, ajuda-me a compreender a pessoa que já tem uma empresa e que está a pensar se Lisboa faz sentido para o seu negócio, a pessoa que tem que tomar uma decisão e quais os principais fatores e preocupações que terá.
Portanto, considero que a minha experiência de empreendedorismo, a minha experiência académica nessas áreas e as várias aprendizagens que fui tendo ao falar com parceiros e clientes, têm sido muito útil no contexto da Invest Lisboa, porque me deu a abrangência e capacidade necessárias para poder falar e compreender vários tipos de pessoas e as várias linguagens e preocupações de quem tem que tomar uma decisão e executá-la.

Fundada em 2009, resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, a Invest Lisboa tem como principal objetivo promover e captar investimentos, empresas e talentos para Lisboa. De que forma, atualmente, a Invest Lisboa se posiciona como uma ponte essencial entre empresas, investidores e empreendedores interessados em investir na capital portuguesa?

A Invest Lisboa é exatamente isso. É uma entidade criada em parceria pela Câmara Municipal de Lisboa, pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, uma das mais antigas associação empresarial privada de Portugal, e que tem também, desde o início, o apoio próximo da AICEP. Em 2009 essas entidades juntaram-se a criaram a Invest Lisboa, que tem, desde a sua fundação, definidos como objetivos principais a promoção de Lisboa, apoio às empresas, investidores e pessoas que queiram investir em Portugal.
Somos uma entidade que conhece a linguagem dos investidores e, ao mesmo tempo, conhece também as dificuldades e preocupações da cidade. Por isso, a Invest Lisboa é cada vez mais uma ponte fácil e essencial de ligação entre as duas entidades.
Apesar de termos uma ligação forte e natural com a Câmara Municipal de Lisboa, importa ressalvar que há muitas outras entidades da rede empresarial e que trabalham a promoção económica a nível regional com quem a Invest Lisboa tem parcerias. Temos procurado criar uma rede com soluções win-win para ajudar as empresas, investidores e pessoas que estejam a pensar investir em Lisboa ou que já decidiram que faz sentido investir na região a implementar e operacionalizar essa decisão.
A Invest Lisboa é isso. É uma entidade que procura dar a conhecer Lisboa como possível destino de investimento, procura tornar a decisão mais clara, mais fácil de tomar, e após tomada procura tornar a sua implementação o mais fácil possível.

A Invest Lisboa é hoje um ponto único de contacto para investidores, empresas e empreendedores, oferecendo serviços personalizados, confidenciais e gratuitos, a quem deseje investir na capital portuguesa. Poderia indicar-nos quais os principais serviços, formas de apoio e assistência que a Invest Lisboa oferece a empresas, empresários e investidores desde o momento em que consideram Lisboa um destino com potencial de investimento?

Temos duas grandes áreas: promoção e apoio. A área da promoção procuramos posicionar Lisboa e dar a conhecer as vantagens da região para o investimento, a instalação de empresas e atração de talentos. Na área de apoio, trabalhamos praticamente os mesmos segmentos, ou seja, investidores, empresas e empreendedores (não todos os talentos, mas aos que queiram criar uma empresa). Procuramos dar o maior número de informações possíveis que tornem a decisão mais transparente e mais clara. Procuramos não “vender” a cidade, mas sim dar a conhecer Lisboa, com o muito que tem de bom, mas sem esconder qualquer aspeto mais desafiante que também possa existir. A decisão final cabe sempre ao empresário. Como sabemos, Lisboa é um mercado pequeno que tem tido muito sucesso graças ao “passa a palavra” e, por isso, não faria sentido estar a captar investimentos que não teriam pernas para andar, que iriam correr mal e falhar.
Portanto, na Invest Lisboa procuramos sempre dar o maior número de informações para que a decisão de investir seja o mais clara e transparente possível. Para além de transmitir todas as informações, promovemos reuniões entre empresas que estão a pensar investir no mercado português e empresas do mesmo setor que já estejam aqui a trabalhar, para que conversem, troquem impressões, ideias, conselhos… Esta conversa entre pares que promovemos é um dos nossos principais pontos de transparência e um grande contributo para uma tomada de decisão clara.

Além de facilitar o processo de investimento, que tipo de aconselhamento estratégico a Invest Lisboa oferece para ajudar os investidores a identificar oportunidades de negócio e a maximizar o retorno dos seus investimentos?

Na Invest Lisboa a parte de aconselhamento acaba por ser mais operacional. Abrimos a nossa rede de contactos, conforme aquilo que é necessário e aquilo que é pedido. Estamos muito disponíveis para ouvir e entender quais são as necessidades e dar uma opinião honesta, mas a nossa atuação nessa área acaba por não ser algo tão formal e estruturado como habitualmente é um aconselhamento estratégico.

Fotografia ©Tiago Araújo
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Em setembro de 2023, Portugal destacava-se como o sexto principal país de destino de Investimento Direto Estrangeiro na Europa, depois de ter subido duas posições face a 2022, ano em que se posicionou em oitavo lugar. Estes dados revelam que, apesar do contexto económico, o país continua a atrair investidores, especialmente para a capital, que se mantém como “motor da economia, atraindo mais de 50% dos projetos provenientes de Investimento Direto Estrangeiro”. Dito isto, quais são hoje os principais atrativos que Lisboa oferece aos investidores estrangeiros e de que forma esses fatores têm contribuído para posicionar a cidade como um destino preferencial para investimentos?

Há dois anos Portugal estava no top 8 de um estudo EY Attractiveness Survay sobre as cidades da Europa com maior atratividade de investimento. No ano passado subimos para o top 6. Vale relembrar que tudo isso aconteceu em anos de grande instabilidade mundial. No entanto, Portugal tem crescido e, dentro de Portugal, a região de Lisboa representa mais de 50% do número de projetos provenientes de investimento direto estrangeiro. Isto é muito positivo e representa bem aquilo que Portugal e Lisboa têm para oferecer aos investidores.
Lisboa, sendo das cidades mais antigas da Europa, é moderna, cosmopolita e internacional, que soube preservar uma atmosfera única que lhe dá autenticidade e transmite a sabedoria que os anos lhe conferiram. Considero que a própria cidade é hoje, um dos nossos principais ativos aliados à segurança e a um ambiente social aberto e acolhedor, que são coisas que Portugal e Lisboa sempre tiveram, mas que atualmente têm grande procura porque são geradores de qualidade de vida que permite atrair e reter talentos. Portugal está a ser descoberto por um tipo de economia movida por cérebros, grandes talentos, que querem viver em sítios bonitos, com qualidade de vida… Este fenómeno tem sido uma grande oportunidade que Portugal, e em concreto Lisboa, tem sabido aproveitar.

Lisboa oferece hoje excelentes condições para investimento. No entanto, apesar de todo o investimento ser bem-vindo, é necessário avaliar o real potencial de cada projeto de investimento. Quais são atualmente os critérios e processos de seleção utilizados pela Invest Lisboa ao avaliar projetos de investimento em potencial na capital portuguesa?

A Invest Lisboa é uma organização que procura pôr no terreno e operacionalizar as decisões estratégicas das pessoas que foram eleitas no Governo. Nós não selecionamos o tipo de investimento do país ou da cidade. Nós operacionalizamos. Neste momento, não temos um critério de seleção de empresas, damos resposta a todas as empresas que tenham interesse em Lisboa e deixamos esse critério de decisão na mão do investidor. Há, no entanto, uma visão clara e políticas implementadas em virtude da estratégia económica e de crescimento da cidade, como é exemplo tudo o que diz respeito à inovação, ao empreendedorismo, start-ups e scale-ups. Estas são áreas que interessam muito à cidade e, por isso, há muitos projetos e respostas nesse sentido.

Além de atrair investimento estrangeiro, qual o papel que a Invest Lisboa desempenha no fomento ao empreendedorismo local e apoio ao crescimento das empresas já estabelecidas em Lisboa?

No empreendedorismo, tentamos sobretudo partilhar e colocar ao dispor do empreendedor todas as ferramentas que existem em Lisboa e no país, não só necessariamente da Invest Lisboa, mas também de outros parceiros. Tentamos servir de pivô, de distribuidor de jogo para várias entidades. Sentamos e conversamos com os empreendedores, tentamos perceber quais são as suas dificuldades e de que forma os podemos ajudar, ou de que forma os podemos encaminhar para alguma outra entidade que os possa auxiliar e dar a resposta efetiva que procuram.

As rápidas mudanças na economia global, que se tornaram ainda mais imprevisíveis devido ao panorama geopolítico, abrem espaço para incertezas. Apesar de ser difícil fazer previsões para os níveis de investimento na capital em 2024, de que forma as incertezas económicas, tanto a nível nacional quanto global, podem afetar os planos de investimento para este ano? Espera-se uma diminuição do número de projetos de investimento?

Acho que não. Se as coisas se mantiverem mais ou menos como estão, estou convencido de que vamos continuar a crescer no número de empresas e de projetos de investimento captados.
Como já referi, o mundo está instável e é difícil planear o futuro, mas dentro da dificuldade global, Portugal e Lisboa estão até muito bem posicionados, na perceção de risco. Estamos bem posicionados por estarmos inseridos no mercado europeu, por sermos integrante da NATO, etc.
Se as coisas se mantiverem como estão, e se não houver nada de muito imprevisível, a minha perspetiva é que continuemos com esta tendência de captação de empresas e de crescimento.

Considerando o cenário atual, quais são as principais áreas e projetos que a Invest Lisboa pretende priorizar para investimento em Portugal ao longo de 2024?

A Câmara Municipal de Lisboa tem como visão tornar a cidade uma das mais atrativas, competitivas e inovadoras da Europa. Reconheço que estamos a ir nesse caminho. O nosso ecossistema inovador já é reconhecido internacionalmente e este ano fomos reconhecidos como capital europeia de inovação. Temos muitos projetos e muita capacidade de acolher e fazer crescer empresas. Atualmente o grande pilar dessa estratégia é a Fábrica de Unicórnios. Lisboa é já muito forte a acompanhar o crescimento de startups, já temos muitos mecanismos políticas para esta fase do processo. A ideia da Unicorn Factory é reproduzir o conceito do ecossistema empreendedor para o ecossistema scaleup, que são empresas em condições de se tornarem gigantes, verdadeiros unicórnios.
Existem muitos desafios nessa passagem de start-up para scale-up e para unicórnios. A Unicorn Factory é um projeto muito bem estruturado que pretende dar resposta a esse desafio e ajudar as empresas a crescerem para o mundo a partir de Lisboa. A Europa tem esse desafio, que é reter as scaleups no seu território para que elas se possam transformar em unicórnios sem necessidade de se deslocarem para os Estados Unidos. Lisboa tem a sorte de ter um Presidente de Câmara Municipal, o Eng.º Carlos Moedas, que foi Comissário Europeu da Inovação, que aprendeu muito e que conhece muito bem este problema e tem a ambição de colocar Lisboa como o pivô de resposta a esse problema, de captação e retenção dos unicórnios na Europa. E por isso, criou este projeto, a Fábrica de Unicórnios, que considero estar muito bem desenvolvido.

Por outro lado, quais são os principais setores da economia lisboeta que têm recebido maior atenção por parte dos investidores?

Os setores ligados à inovação. Tudo o que tenha a ver com a inovação tecnológica, de serviços ou de processos tem realmente tido eco no número de projetos que tem vindo para Lisboa. Esta mensagem tem paralelismo com o que se passa no terreno. Tem havido mais inovação, por algum motivo Lisboa ganhou o prémio de Capital Europeia da Inovação. Temos atraído também excelentes centros de serviço e de desenvolvimento. Além disso, há sempre aqueles setores tradicionais e que são muito importantes na nossa economia, como é o caso do turismo.

Nos últimos anos a capital portuguesa tem sido um foco importante para a atração de centros de alta qualidade que trabalham com áreas estratégicas da inovação e tecnologia, designadamente TechHealth, Web 3 e Inteligência Artificial. Na sua visão, qual é hoje o papel da tecnologia e da inovação no futuro económico de Lisboa, e de que forma a Invest Lisboa está a contribuir para esse cenário?

Julgo que é fundamental e é muito importante.
Afinal de contas estamos a falar da economia do conhecimento. Portugal chegou atrasado à 3.ª revolução industrial, a da industrialização, e agora na 4.ª revolução industrial queremos estar no pelotão da frente.
Ainda para mais, esta revolução é muito boa para nós, no sentido em que temos bons argumentos para atrair essas empresas.

Os projetos ligados à inovação e tecnologia têm crescido na capital e já representam cerca de 15% do Produto Interno Bruto nacional. De que forma a Invest Lisboa tem procurado maximizar esse impacto, não só em benefício da cidade, mas também dos municípios vizinhos?

Desde sempre entendemos que o que faz sentido em termos de promoção internacional é a unidade da região. Faz sentido trabalhar a Área Metropolitana de Lisboa para atrair investimento e faz sentido até para o município. É muito mais interessante para a dinâmica económica do município que grandes projetos que não tenham lugar na cidade, em termos de logística, estejam aqui à volta. Por outro lado, também faz sentido para os municípios vizinhos poderem aproveitar uma marca que é muito forte e muito conhecida internacionalmente, que é Lisboa, para atraírem investimentos para as suas cidades. Apesar de não haver nenhum acordo formal, sempre que podemos, incluímos municípios vizinhos nas nossas atividades. Aliás, fomos à maior feira internacional de imobiliário do mundo, o MIPIM, em março, e marcamos presença com o stand da região de Lisboa, que contou com a participação de municípios da região de Lisboa como Almada e Vila Franca de Xira. O caminho assim é muito mais vantajoso e eficiente.

É muito mais vantajoso para os municípios e até mesmo para o próprio país, que acaba também por beneficiar. Nesse sentido devem ter também muitas interações com a AICEP…

Sim. A AICEP é nossa parceira desde o princípio, temos desenvolvido muitos projetos em conjunto, a vários níveis. A nível do apoio a empresas, trabalhamos com a AICEP os projetos que tenham Lisboa como potencial localização.
Na promoção internacional, quando vamos a um mercado, já aconteceu fazermos apresentações/reuniões nas instalações da AICEP nesses países. São sempre muito atenciosos, muito generosos, abertos. Eles conhecem o mercado local e por isso esta parceria resulta sempre muito bem. Este contacto funcionou sempre muito bem e com a nova direção, com o Dr. Filipe Costa, também tem funcionado muitíssimo bem, porque há esse interesse e desejo por parte da AICEP de ser parte importante na ligação com as agências locais e de contribuir para o desenvolvimento de projetos em comum. A Invest Lisboa tem feito também esse caminho de conhecer e agregar os principais protagonistas da economia regional na promoção económica internacional.

Hoje fala-se muito em sustentabilidade económica, ou seja, em promover um crescimento económico que não comprometa os recursos ambientais. Dada a sua formação em Estudos Ambientais Integrados, de que forma é assegurado que os projetos de investimento promovidos pela Invest Lisboa sejam ambientalmente responsáveis e contribuam para o desenvolvimento económico sem comprometer a preservação do meio ambiente?

Essa é uma pergunta bastante interessante e muito atual. No ano passado, tive uma reunião de IPA’s – Agências de Promoção Internacional de vários países promovida pela OCDE e um dos temas era exatamente: “Qual é a melhor forma de valorizar projetos que sejam ambientalmente diferenciadores”. Isto é muito oportuno e ainda é um assunto que está muito no início. Nós, neste momento, não temos nenhum critério em concreto. Acho que faria sentido ter, e que os projetos que são ambientalmente mais interessantes ou com menor impacto, deveriam ter alguma diferenciação em relação aos outros, sobretudo, no que diz respeito a incentivos, vantagens, etc. Esta diferenciação não seria mais do que concretizar a ambição de desenvolvimento sustentável que está claramente identificada na estratégia de crescimento de Lisboa. Neste momento, isso ainda não está definido no sistema de incentivos. Mas vai estar seguramente, porque há uma grande preocupação europeia em relação a esse tema e há também uma diretiva que obriga as empresas a cumprirem critérios muito concretos e definidos de avaliação e redução do impacto ambiental. Acredito que muito brevemente, vão ser criados mais mecanismos para que as empresas ambientalmente responsáveis possam receber incentivos e que tenham de responder a critérios de responsabilidade ambiental.

Quais são as projeções da Invest Lisboa para o crescimento do investimento estrangeiro em Lisboa nos próximos anos e em que medida essas projeções se alinham com as metas de desenvolvimento económico do país?

Não temos projeções, temos expectativas. As nossas expectativas são de que o interesse de Lisboa, no que diz respeito à atração de projetos de investimento, continue a crescer acima do nível internacional normal. A nível internacional, sente-se uma certa contração dos investidores, uma certa preocupação e algum adiamento de decisões. No entanto, para Lisboa a expectativa é que continuemos a crescer, porque ainda temos um potencial muito grande, ainda somos muito atrativos, a nossa notoriedade e a perceção de risco do território, comparado com o resto à volta, ainda é muito favorável. Se o mundo não acabar, a economia não acabar, as pessoas vão investir e procurar mercados para investir e Lisboa estará no topo dos mercados interessantes.

Considerando o perfil da Descendências Magazine como uma revista muito direcionada para as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e aproveitando esta oportunidade, que mensagem gostaria de transmitir aos empresários e investidores portugueses que estejam a considerar investir na capital lisboeta?

É claríssimo que a diáspora empresarial portuguesa é um parceiro e eventualmente um cliente fundamental.
As comunidades no exterior e os emigrantes são, na minha perspetiva, as pessoas com maior valor em cada povo, porque são as pessoas que não se conformam com o que têm, vão procurar melhores condições lá fora, arriscam-se a fazer. Os emigrantes portugueses são pessoas que criaram valor, que têm empresas, muitas vezes fortíssimas, pessoas que sabem fazer e criar do nada. Acho que isso é um potencial que se deve aproveitar.
Muitos emigrantes portugueses, sobretudo a geração mais velha, saíram do nosso país há muitos anos e o país que deixaram há vários anos já não é o mesmo de hoje em dia. Muitos deles ficam surpreendidos com a qualidade do país que encontram hoje. A mensagem que gostaria de deixar é que vejam o país que temos hoje em dia. Às vezes a realidade já não é mesma de quando saiu. Hoje temos muito mais oportunidades. Para as gerações mais novas ainda mais forte é essa mensagem. Venham conhecer Portugal, conhecer as suas origens, e conhecer as imensas oportunidades que o país pode oferecer, sobretudo à comunidade mais jovem e que tem conhecimentos em áreas em grande crescimento.

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