Saúde ambiental

As alterações climáticas são um dos grandes desafios da atualidade, constituindo um problema global e uma ameaça real para a humanidade. A influência da sociedade e das suas populações, nomeadamente, no aquecimento global, no aumento da poluição, na perda da biodiversidade ou na escassez de água, a par do aumento progressivo e crescente, em frequência e em intensidade, de fenómenos extremos, é uma inegável realidade. Ao abordar a temática de Saúde Ambiental é inevitável referir a sua complexidade na globalidade e nas suas múltiplas vertentes no particular, com as consequentes repercussões na Saúde humana e na Saúde do planeta. A interação entre o que criamos, geramos ou provocamos e as consequências das nossas resoluções, modifica o meio que nos rodeia com impacto no nosso futuro, impondo gigantescos desafios na nossa organização social, económica e política. É basilar a informação relevante, credível e cientificamente válida a par de projetos colaborativos e com adaptabilidade que lhes permitam perdurar no tempo, no sucesso de uma mais dialogante e profícua construção de uma identidade de Saúde planetária.
A Ação Climática é um dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS13) das Nações Unidas. O conceito de Saúde Ambiental engloba componentes biológicas, físicas, químicas, genéticas, sociais, culturais, psicológicas, políticas e económicas num emaranhado de interesses de vária ordem, de possibilidades e de probabilidades, que de forma abrangente são significativas no desenvolvimento da prevenção da doença e na promoção da Saúde.
A multidimensionalidade e complexidade de ambientes é um desafio civilizacional, global e urgente, na integração e descodificação dos vários ambientes, na definição do estado de Saúde como um todo. O comportamento humano está intrinsecamente ligado às causas da crise climática. São inquestionáveis os problemas ambientais, e a par desta realidade também o número de pessoas empenhadas na proteção do ambiente e da Saúde é crescente. A sinergia e colaboração interdisciplinar com integração da Ciência, nomeadamente da Ciência Psicológica, na definição de estratégias abrangentes, considerando particularmente o caráter antropogénico das alterações climáticas, o que exige compreensão das motivações humanas, é determinante na construção de estratégias e políticas que desafiem ações promotoras para um futuro mais resiliente, mais robusto e mais sustentável.
Portugal é um dos países europeus mais vulnerável às alterações climáticas, particularmente no que concerne à subida do nível das águas do mar, necessitando definir estratégias de prevenção e de mitigação de riscos, de promoção de adaptação e de resiliência pós-desastre. A maior parte da população portuguesa considera a crise climática um problema sério, sendo a sua contribuição ativa na resolução dos problemas menos significativa. Será pertinente o incentivo à reflexão e debate sobre estas questões, permitindo um maior contributo em intervenções comportamentais e na construção e implementação de projetos ambientais que favoreçam o bem-estar e a qualidade de vida.
A Crise Climática tem uma grande repercussão, com impactos negativos, diretos e indiretos, na Saúde Física e Psicológica. No que respeita à Saúde Física as alterações são múltiplas e variadas, podendo atingir todos os sistemas do equilíbrio do corpo humano. A enorme dimensão da Saúde Psicológica, apesar de muitas vezes ser desconsiderada na sua importância, revela-se apresentando diferentes sinais e sintomas. Ansiedade, depressão, stress, apatia, culpa, desespero até a comportamentos suicidas, passando por comportamentos agressivos e de violência e/ou ao consumo de álcool e de substâncias psicoativas. Concomitantemente, comportamentos exacerbados no que respeita à conservação do planeta e à luta contra as alterações ambientais, são preocupantes em termos de Saúde Mental, pois parecem atingir contornos e situações limites em avaliações de psicopatologia.
Todos podemos ser parceiros ativos no combate às alterações climáticas. É crucial a nossa mudança comportamental, é vital a nossa disponibilidade, é relevante o nosso contributo.



