A importância da Estabilidade

da Comunidade Portuguesa de Macau

Após um período de cerca de três anos, e com o levantamento das medidas restritivas, decorrentes da gestão da pandemia da COVID-19, que resultaram num impacto extremamente negativo para a economia do território, agravado pela conjuntura da crise financeira global, regista-se agora na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) uma gradual retoma económica, resultado da reabertura das fronteiras a turistas do exterior, da reativação do território como plataforma de grande relevo para o  intercâmbio cultural e económico entre entre a China e os Países de Língua Portuguesa, e do aumento do número de visitantes, provenientes do interior da República Popular da China, de Hong Kong e de outros países do Continente Asiático, que têm também contribuído para o aumento das receitas provenientes da indústria do turismo e do jogo, a principal fonte de receitas da Administração de Macau.

Este novo ímpeto na estratégia de desenvolvimento, que está também assente num propósito de aceleração da diversificação económica, através da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, como um patamar essencial no processo de integração regional de Macau no contexto da Grande Baía, aumentam significativamente a força económica e a competitividade cientifica e tecnológica, e o potencial de oportunidades financeiras, económicas e comerciais, proporcionando uma oportunidade de expansão em vários domínios, nomeadamente no desenvolvimento de novas indústrias, para a promoção da diversificação adequada da economia de Macau, o desenvolvimento integrado de Guangdong, Hong Kong e Macau, e a implementação de novas indústrias de serviços, tais como a plataforma de serviços financeiros entre a China e os Países de Língua Portuguesa, facilitando um desenvolvimento sustentável da economia local a médio e longo prazo.

A Comunidade Portuguesa do território conta com muitos membros que dominam as línguas oficiais do território, o Chinês e o Português, e outras línguas estrangeiras, perfilando-os como excelentes interlocutores e parceiros com os empresários de Portugal, o que tem facilitado o desenvolvimento do o empreendedorismo e aumentado as oportunidades de negócios em Macau.

Para além disso, o facto de Macau estar estrategicamente localizado na Região da Grande Baía (composta pelo grupo de cidades da região “9+2”, abrangendo a Região Administrativa Especial de Macau e a de Hong Kong, e 9 cidades da província de Guangdong (incluindo Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen, Zhaoqing), bem com as facilidades de acesso à cidade de Hengqin (Ilha da Montanha), tem ajudado muitas empresas locais, e principalmente os membros da Comunidade Portuguesa, a desenvolver o intercâmbio comercial entre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a República Popular da China.

As autoridades da RAEM têm apontado as relações económicas com os Países de Língua Portuguesa como uma das prioridades para reduzir a dependência da indústria do jogo, assentes nas linhas orientadoras do Governo Central da da República Popular da China,  que tem apoiado a concretização da RAEM como plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, em diversos domínios, nomeadamente no desenvolvimento de infraestruturas, turismo, comércio, economia, ciência e tecnologia, agricultura, educação, saúde, e serviços financeiros, entre outros, tendo evoluído no sentido do alargamento e aprofundamento da cooperação convergindo com a agenda internacional, introduzindo, por exemplo, temas como o oceano, o ambiente e a capacitação humana.

Neste contexto, e como sinal relevante desta política, o Governo da RAEM, enaltecendo a importância da língua e da cultura Portuguesa, como fator diferenciador e uma vantagem competitiva de Macau em relação a outras regiões da China, e num processo de solidificação das relações Portuguesas com a China, e com os objetivos de captar mais investimento para o desenvolvimento dos sectores económicos de Macau, e encontrar novas áreas de cooperação, organizou uma visita a Portugal, com uma delegação empresarial de 50 empresários de Macau a Portugal, liderada pelo Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, a decorrer entre 16 e 24 de Abril de 2023, com participação no “Seminário de Promoção sobre Investimento e Turismo Macau–Portugal”, co-organizado pela AICEP Portugal Global, pelo Turismo de Portugal I.P., pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e pela Direção dos Serviços de Turismo da Região Administrativa Especial de Macau (DST), para apresentar o ambiente de comércio, de investimento e de turismo, o layout industrial e as vantagens políticas de Macau e de Hengqin, com sessões de bolsas de contactos entre empresas, onde serão programados encontros entre a delegação de empresários de Macau e as empresas locais, criando condições favoráveis para as empresas de ambas as partes procurarem, em conjunto, oportunidades de negócio e abrirem novos espaços de cooperação, de modo a, por um lado, atrair mais investidores portugueses a estabelecerem-se em Macau e em Hengqin, e por outro lado, proporcionar oportunidades para as empresas de Macau “irem além-fronteiras” para explorar o mercado estrangeiro.

O Conselho Regional da Ásia e Oceânia das Comunidades Portuguesas, presidido pela recém-reeleita Conselheira Rita Santos, que desempenhou o cargo de Coordenadora do Gabinete e Secretária-Geral Adjunta do  Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), por um período de mais de 12 anos, entre 2003 a 2015, tem mantido boas relações com as cerca de 30 Associações e Instituições de matriz Portuguesa em Macau, cujos dirigentes e associados têm realizado atividades de promoção cultural e de cooperação e desenvolvimento económico e comercial de Portugal, em Macau, e no interior da República Popular da China, nomeadamente na cidade de Hengqing e nas as restantes cidades que compõem a Região da Grande Baía.

Ecoando as opiniões dos cidadãos da Comunidade Portuguesa de Macau, os Conselheiros das Comunidades Portuguesas do território consideram que Portugal deveria aproveitar melhor a condição privilegiada da RAEM, ajudando os empreendedores de Macau, principalmente ligados às pequenas e médias empresas, a utilizar o território como plataforma, facultando a importação de produtos, e serviços, de Portugal para as cidades da Região da Grande Baía, ou atraindo investidores Chineses para Portugal.

Os residentes da Comunidade Portuguesa em Macau têm desempenhado um papel importante no desenvolvimento económico de Macau, representando a excelência reconhecida internacionalmente aos recursos humanos portugueses, e como fator essencial para a valorização nas nossas relações com a República Popular da China, em todas as suas províncias, em colaboração com os diferentes serviços do Governo da RAEM, nomeadamente o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), a Direção dos Serviços de Turismo de Macau (DST) e a Direção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT).

Enquanto instituições representantes da Comunidade Portuguesa em Macau, as Associações de Matriz Portuguesa destacam que é necessário que instituições Portuguesas continuem a apostar no território como plataforma de investimento Português na China, para além de sugerirem que se promova um intercâmbio de conhecimento e formação em áreas especificas em que o Território pudesse beneficiar da experiência Portuguesa, reconhecendo os seus esforços pela promoção do bom nome de Portugal, nesta cidade de Macau, cuja presença se mantém na identidade singular da cidade, através do legado do património Português classificado pela UNESCO, e cuja língua se mantém, em conjunto com a língua Chinesa, como oficial, uma marca dos séculos de presença lusitana na região.

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