Desilusão Fiscal

Contra todas as expectativas, os empreendedores nacionais e estrangeiros de atividades fraudulentas, estão desiludidos com o recente volte face já que a proposta do simplex da fraude fiscal não vai ser apresentada na Assembleia da República Portuguesa.
O Governo insiste em manter as competências específicas dos contabilistas certificados, impossibilitando que qualquer um possa assinar as demonstrações financeiras e entregar as declarações fiscais.
Alguns destes empreendedores não hesitam em criticar o governo por esta atitude conservadora, que limita a liberdade de praticar a fraude fiscal, mas que o existe desde a época do Marquês de Pombal.
Outros empreendedores que estão desiludidos, são aqueles que canalizaram recursos financeiros para investir em alojamentos locais, e que se dedicam a tempo inteiro a esta atividade.
Sempre que se anunciam novas medidas administrativas e fiscais para o sector, é para piorar cada vez mais o exercício desta atividade, as últimas medidas põem inclusive em causa esta atividade e o emprego do sector. Alguns com base no enquadramento inicial, recorreram a financiamento bancário, no entanto, com estas sucessivas alterações o reembolso desse financiamento está em causa já que neste momento as receitas estão muito comprometidas. Esta situação agravou-se ainda mais com a subida dos juros, e não é difícil encontrar desiludidos nesta atividade, que muito contribuiu para a renovação e dinamização de Lisboa e Porto.
Há pouco descobri outros desiludidos, ao reunir-me com um jovem casal francês, conhecidos como nómadas digitais, e que vieram para Portugal incentivados pelas campanhas promovidas por Portugal.

Estavam convencidos que vinham para o paraíso dos unicórnios, e durante a reunião partilharam a sua desilusão, pois uma das informações que lhes deram eram os baixos salários praticados em Portugal. Ora tendo eles rendimentos de trabalho elevados, a sua presença em Portugal seria mesmo um paraíso completo, no entanto, descobriram que os carros são mais caros em Portugal em 25%, a luz é mais cara, a água é mais cara, as casas são mais caras, as escolas privadas são tão caras como no seu país de origem e os bancos pagam menos juros. A gota de água foi descobrir no fim do ano que a tabela de IRS é muito superior à francesa, pagando-se mais impostos em Portugal. Sabendo o nível de vencimentos em Portugal, nunca admitiram a hipótese de que a maioria das coisas fossem mais caras que em França e/ou que tivessem valores semelhantes. Até os bilhetes de avião para regressarem são mais caros…
Outros desiludidos, são os reformados que veem o tempo de vigência do seu estatuto de residente não habitual, chegar ao fim. Inicialmente alimentavam a expectativa de que no fim dos 10 anos teriam um regime transitório menos favorável, quando comparados com as vantagens do estatuto de residente não habitual, e descobrem agora que iram ser tratados como qualquer português. Percebem que passam a pagar muito mais imposto aqui que nos seus países de origem, acabando muitos deles por regressar aos seus países, desiludidos e com saudades da vida que cá tinham inicialmente. Decerto que compreenderam melhor o fado.
Não é por acaso que o fado é tão identitário para o nosso país.
Nada melhor que contactar um contabilista certificado antes da decisão da mudança para Portugal, porque depois melhor será contactar um psicólogo…

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