Follow Inspiration

Pode-nos contar um pouco sobre o seu percurso profissional antes de se tornar CEO da Follow Inspiration?

O meu percurso antes da Follow é curto, porque efetivamente a Follow foi a minha primeira grande experiência profissional. Ingressei na Universidade da Beira Interior para tirar Eng. Informática e enquanto frequentava a licenciatura ia também trabalhando com alguns hotéis da região do Fundão fazendo trabalhos de design gráfico e gestão de redes informáticas. No último ano de licenciatura e como projeto de final de curso comecei o desenvolvimento do projeto wiiGO que deu origem em 2012 à Follow Inspiration.

Pode contar-nos a história da Follow Inspiration e o que o levou a fundar a empresa?

A história está diretamente relacionada com a minha condição de saúde, estou em cadeira de rodas, e essa condição fez com que sentindo uma necessidade muito específica, tivesse que encontrar uma solução. A dificuldade prendia-se com o facto de não conseguir transportar as minhas compras de forma independente dentro de uma superfície comercial. Sentido isto e estando eu num curso tecnológico, tentei procurar uma solução que resolvesse a situação. É aqui que nasce a ideia de criar um carrinho de compras autónomo para ajudar pessoas com mobilidade reduzida a transportar as suas compras.

Quais são os principais produtos ou serviços oferecidos pela Follow Inspiration e o que os torna inovadores?

Hoje a Follow já não é a mesma se compararmos com 2012. Após a fundação a ideia era criar uma empresa de robótica com produto próprio e tecnologia própria e patenteada a partir de Portugal. Começamos por desenvolver uma tecnologia de seguimento autónomo que foi implementada no carrinho de compras, mas, também desenvolvemos o próprio carrinho de compras. Esta experiência levou-nos a consolidar conhecimentos na área do software, mas também na área do hardware e de todo o processo produtivo de equipamentos.

Hoje a Follow está focada em soluções robóticas para a indústria, apostando em produtos 100% autónomos e inteligentes capazes de transportar produto dos 100kg até às 3 toneladas de carga. Com isto conseguimos de forma inovadora e disruptiva criar uma dinâmica de transporte 100% autónoma e sem precisar de mudar o armazém ou a fábrica, ou seja, não é a fábrica que se adapta aos nossos robots, mas sim os nossos robots que se adaptam à fábrica.

Para além dos equipamentos em si, que são produzidos ao pormenor, a verdadeira disrupção está na inteligência que damos aos equipamentos com o nosso sistema de navegação e controlo, onde temos muito mais precisão, inteligência na perceção do meio envolvente e comportamentos de acordo com isso de forma automática. É tudo mais simples, completo e inteligente.

Qual é o papel da robótica e da inteligência artificial no futuro das soluções empresariais?

É o único caminho que as empresas podem percorrer se quiserem ser competitivas, evoluídas e com serviço ou produto cada vez melhor. Não podem ser eficientes e até reter pessoas sem percorrer esse caminho. A Robotica e a AI só vêm ajudar… tornam tarefas repetitivas, pouco produtivas e em muitos casos perigosas para a nossa saúde em algo mais eficiente, seguro e produtivo. Só temos de saber implementar bem e de forma colaborativa para que as pessoas e a robótica trabalhem em conjunto.

Pode partilhar connosco algum projeto ou inovação recente de que se orgulhe particularmente?

Podia indicar vários, mas, elenco o projeto que estamos a ter com a Sonae, que será verdadeiramente disruptivo e impactante para a entidade, porque vamos conseguir que o produto chegue desde a porta do camião que o deixa no armazém da loja até ao linear se movimente de forma autónoma e automática. Vamos deixar de ter pessoas a puxar porta paletes com 1500kg de carga. Mas temos outros exemplos como projetos para a VW-AE, Continental Advanced Antena onde fazemos transporte e picking de produtos de forma autónoma, até à Howa Tramico, Yazaki, Cork Supply ou Colep que estão com processos de implementações de soluções nossas.

Como vê a evolução da Follow Inspiration nos próximos cinco anos?

Como indiquei, a Follow de hoje não é a mesma dos 5 anos iniciais. Os 5 anos iniciais foram acima de tudo para criar estruturas internas, criar tecnologia, conhecimento de mercado, cultura, etc. Os primeiros 5 anos deram-nos esse conhecimento todo que fez com que a Follow tivesse a tecnologia que tem hoje e que esteja preparada para escalar produto para a indústria. Indústria essa altamente exigente.

Há alguma parceria futura que esteja particularmente entusiasmado em anunciar?

Temos de ter confidencialidade nos nossos processos. Mas repito o nome Sonae. Durante 2025 vamos mostrar muitas coisas.

Como sente a portugalidade? É um tema presente na sua empresa?

A premissa de criar uma empresa de robótica do zero e com capacidade produtiva e tecnologia própria é precisamente para defender essa portugalidade. Em Portugal não havia empresas produtoras de robótica. E, portanto, sempre foi algo que passei para as equipas como sendo importante. Estamos a construir algo único a partir de Portugal.

A AILD está a criar uma rede internacional de pessoas que se vão poder interligar e colaborar entre si. Como vê este projeto e quais as vossas expectativas?

Interligar pessoas com experiências distintas é fundamental. Não podemos criar nada verdadeiramente global se continuarmos fechados no nosso quintal, e portanto, parcerias e networking é o único caminho para termos sucesso todos.

Tendo em consideração que esta entrevista será lida por muitos empresários espalhados por todo o mundo, que palavras deixaria sobre a AILD relativamente a esta plataforma global?

Não tenham medo de conversar, de partilhar as dores, de crescermos em conjunto. Plataformas como esta da AILD são o ponto de encontro de todos nós.