O papel da Comunidade Portuguesa em Macau

Macau celebrou recentemente os 25 anos do retorno da soberania à República Popular da China. Decorrido este longo período, Macau continua a ser uma magnífica e pacata cidade com cerca de setecentos mil habitantes, sendo igualmente considerada uma das cidades mais seguras do mundo. Pela sua reduzida dimensão geográfica continua a ser uma cidade muito conveniente em que num só dia se consegue resolver todos os tipos de tarefas. Em Macau não se perde tempo nos transportes públicos, ou seja, é um lugar onde quase tudo está “nas mãos das pessoas” e tudo pode ser resolvido num só dia.
A comunidade portuguesa encontra-se totalmente integrada na sociedade, havendo dezenas de associações de matriz portuguesa que, com enorme dinamismo, intervêm numa vasta gama de actividades relacionadas com interesses diversos, entre os quais se contam os educacionais, culturais e gastronómicos.
Desde o estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) que esta cidade tem sido representada por três conselheiros eleitos pela comunidade portuguesa que se relacionam com quase todos os órgãos de soberania de Portugal. Estes conselheiros dão um enorme apoio aos portugueses residentes em Macau, nomeadamente na resolução de inúmeras questões respeitantes à Caixa Geral de Aposentações, ao Ministério das Finanças e ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, entre outros serviços públicos.
Igualmente, os direitos e interesses da comunidade portuguesa são defendidos na Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau pela voz de dois deputados eleitos por via directa.
A partir do momento em que foi criado o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), adiante designado por Fórum de Macau, em Outubro de 2003, ou seja há 21 anos, onde eu exerci, ao longo de 12 anos, o cargo de Secretária-Geral, o Governo Central da República Popular da China e o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) têm dado muita importância ao contributo da comunidade portuguesa no estreitamento das relações económicas e comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, utilizando Macau como ponte de ligação.
Desde a criação deste organismo até à presente data, a comunidade portuguesa, através das diferentes Associações de promoção da cultura, da economia e de outros âmbitos, tem realizado seminários, actuações culturais, encontros de empresários e especialistas, exposições, conferências e visitas que concorrem para o intercâmbio entre a China, Macau e Portugal, sendo algumas das actividades subsidiadas pelo Governo da RAEM.
Em 20 de Dezembro de 2024 e por ocasião da Celebração do 25º Aniversário do Estabelecimento da RAEM, o Presidente da Republica Popular da China, Xi Jinping, sublinhou, durante a tomada de posse do novo Governo da RAEM, que “Macau, o único lugar no mundo que tem tanto a língua chinesa como a língua portuguesa como línguas oficiais, é uma plataforma importante para a promoção da cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, tendo realçado também que a RAEM deve “reforçar ainda mais a abertura nos dois sentidos, facilitar a cooperação de benefícios mútuos em todos os sectores com os Países de Língua Portuguesa, desempenhar um papel ativo na construção conjunta de Uma Faixa, Uma Rota de alta qualidade, fazer mais amigos em todo o mundo, e atuar como ponte importante para a abertura de alto padrão do país.”
A comunidade portuguesa tem desempenhado precisamente esse papel de ligação com todos os países do mundo e principalmente com os Países de Língua Portuguesa, conforme foi enaltecido pelo Presidente Xi Jinping na última visita a Macau em Dezembro do ano transacto.
Esperamos, por conseguinte, que o contributo da comunidade portuguesa residente em Macau na promoção da boa imagem de Portugal na China e nos Países de Língua Portuguesa seja reconhecido por Portugal! Temos a certeza de que, com a visita do Presidente da República Portuguesa, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, a Macau, em Junho do corrente ano, por ocasião da Celebração do dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, e por meio do encontro com os dirigentes das diversas associações de matriz portuguesa, o contributo da comunidade portuguesa em Macau será reconhecido pelo Governo de Portugal.
A autora não aderiu ao novo acordo ortográfico