País desenvolvido de emigração
Portugal tem hoje cerca de 2,1 milhões de emigrantes, de acordo com as últimas estimativas publicadas pela Nações Unidas. Ou seja, mais de dois milhões de pessoas nascidas em Portugal viveriam no estrangeiro em 2020. O número de portugueses residentes no estrangeiro será superior, tendo em conta que, com a lei em vigor, os filhos e netos de emigrantes têm acesso à nacionalidade portuguesa.
Em termos absolutos, Portugal é o 32.º país do mundo com mais emigrantes, numa lista liderada por nações muito populosas à cabeça das quais encontramos a Índia, com mais de 15 milhões de naturais a viver no estrangeiro. Porém, quando ponderamos o número de emigrantes pela população do país de origem, Portugal sobe umas quantas posições, colocando-se em 20.º lugar (no conjunto dos países com mais de um milhão de habitantes).
O número de emigrantes portugueses corresponde a mais de um quinto (20%) da população do país, o que faz de Portugal uma das nações do mundo com mais emigração em termos relativos. Isto é, Portugal tem uma elevada taxa de emigração. Nesta lista, liderada pela Palestina, não há outro país da OCDE com mais emigração. Países da União Europeia com mais emigração só no Leste: Bulgária, Croácia, Lituânia e Roménia.
Outros países europeus com mais emigração relativa do que Portugal também só a Leste. De resto encontramos sobretudo países com populações de refugiados numerosas, como a Palestina, a Síria, o Sudão do Sul e a Eritreia. Em resumo, Portugal é, em termos mundiais, o país desenvolvido com maior emigração.
A população portuguesa emigrada vive sobretudo na Europa: 70% do total. Aparece em seguida a América, com 28% dos emigrantes portugueses, sendo residual o número destes noutras partes do mundo (apenas 2%). É também na Europa que esta população tem crescido nas últimas décadas, enquanto envelhece e diminui a população portuguesa estabelecida no Brasil, Canadá, EUA e Venezuela. Consolida-se, desta forma, a posição periférica de Portugal no espaço europeu, na companhia dos países do Leste.
Embora seja o produto de uma história longa, aquela posição está longe de ser uma realidade do passado. A continuação da emigração em valores superiores ao período anterior à crise de 2010/13 reproduzirá a atual posição periférica nos próximos tempos. Sendo impossível reverter voluntaristicamente dinâmicas demográficas pesadas como esta, é tempo de transformar a perda da emigração em recurso que amplie a capacidade de desenvolvimento do país.