Portuguese Times

Jornal Impresso | Semanal | Distribuição por praticamente todos os estados dos EUA através de subscrição paga

Fundado à 51 anos

Como surgiu o Portuguese Times?

O Portuguese Times surgiu pela mão de Augusto Saraiva, português natural de Coimbra, entretanto falecido em 2016, aos 83 anos de idade, na cidade de Newark, estado de New Jersey, onde fixou residência em 1967. Foi o fundador e primeiro diretor do jornal.

Quais as razões da escolha de New Bedford?

Em 1973 Augusto Saraiva viu-se obrigado a desligar-se do projeto e vendeu o jornal ao imigrante português natural de Lisboa, António Alberto Costa, já falecido há vários anos e antigo radialista em New Bedford. Desconheço as razões da venda do jornal, mas a verdade é que António Alberto Costa, muito ativo na comunicação social lusa em Massachusetts e Rhode Island, viu nesta compra uma oportunidade de preencher uma lacuna que existia, de facto, uma vez que nesse ano um diário português intitulado Diário de Notícias, de New Bedford, foi extinto. O que é certo é que o Portuguese Times, sob a direção daquele ativo jornalista e com a colaboração de uma equipa competente e qualificada, manteve-se não apenas como arauto das iniciativas da comunidade portuguesa nos EUA, mas também como um instrumento muito importante na preservação e divulgação da língua e cultura portuguesas por estas paragens, ao mesmo tempo que servia de elo de ligação com a terra de origem e numa altura em que não existiam as facilidades de comunicação de que hoje dispomos: com a internet hoje Portugal está à distância de um clique do telemóvel ou iPad e temos praticamente todos os grandes órgãos de comunicação social.

O facto de ter nascido em 1971 certamente acompanhou muitos dos emigrantes que vieram para Massachusetts antes do 25 de Abril. Que Portugueses eram esses?

Os portugueses que aqui chegaram eram oriundos de várias zonas do país, sobretudo Centro e Norte de Portugal: Estremadura, Beira Litoral, Beira Alta, Minho, Trás-os-Montes e das regiões autónomas da Madeira e Açores. A maioria dos portugueses nessa altura trabalhava na indústria têxtil, pesca e construção.

Hoje em dia, parte dos vossos leitores já serão lusodescendentes de 2ª e 3ª gerações. Sentiram alguma barreira no facto de alguns não estarem tão familiarizados com a língua portuguesa?

A maioria dos nossos leitores ainda são os imigrantes portugueses, a primeira geração, que gosta de ler, de saber do que se passa no mundo português sobretudo aqui nos estados de Massachusetts e Rhode Island. Temos poucos leitores das segunda e terceira gerações, pois a maioria prefere ler na sua língua, na língua de Shakespeare, as publicações do país onde nasceram, para além do facto de que atualmente grande parte dos jovens são mais sensíveis a uma cultura snack, muito ligada às redes sociais. Contudo, há ainda um bom número de jovens lusodescendentes que aderem a iniciativas portuguesas e aí tentamos dar uma extensa cobertura na tentativa de cativar alguns jovens leitores, nomeadamente ranchos folclóricos, bandas filarmónicas, escolas portuguesas comunitárias e outras tradições a que aderem, como por exemplo o Carnaval, uma tradição a que aderem todos os anos centenas de jovens e com o forte apoio do associativismo luso local.

Verificamos que uma grande incidência na cobertura de notícias dos Açores? Existe algum convénio ou apoio desse arquipélago?

Não. Como estamos concentrados numa área de forte concentração de portugueses da região Açores, é natural que a cobertura a diversas iniciativas comunitárias envolva incontornavelmente açorianos, mas no que se refere a notícias vindas dos Açores é assim: dispomos de uma página a notícias das regiões autónomas dos Açores e da Madeira e outra página a Portugal Continental, num serviço providenciado pela Agência Lusa e em parte por algumas câmaras municipais. Devo referir que o jornal sofreu algumas transformações ao longo dos anos, nos seus conteúdos: inicialmente grande parte do espaço disponibilizado dizia respeito a notícias e apontamentos vindos de Portugal, com espaço menor dedicado às comunidades desta região. Contudo, com as inovações tecnológicas e com Portugal mais perto, com o surgimento de novos canais de divulgação a todo o dia e a toda a hora, a verdade é que nos últimos 30 anos o jornal transformou-se mais num arauto comunitário: mais virado para as iniciativas comunitárias e tudo o que se passa envolvendo de forma direta ou indireta as comunidades lusas.

Francisco Resendes

Francisco Manuel Aguiar Resendes apresenta já uma longa carreira de jornalista, que começou em 1978 no Portuguese Times, de que hoje é diretor e editor. Natural da freguesia de Santana, concelho do Nordeste, S. Miguel, frequentou o antigo Seminário-Colégio Santo Cristo, em Ponta Delgada até ao antigo quinto ano, seguindo depois para o Seminário Episcopal de Angra, na ilha Terceira, onde ali permaneceu durante dois anos. Em Setembro de 1977 juntou-se aos pais, irmãos e restante família que já aqui residiam desde 1969. Apaixonado pela música e artes, fundou juntamente com um amigo, em finais de 1977, o conjunto musical Lovestreet, entretanto extinto em 2001 e que se tornou num projeto musical de referência pela comunidade portuguesa da Nova Inglaterra. No seu percurso como jornalista no Portuguese Times, criou em 1994 a secção Artes E Espetáculos, dando voz à comunidade artística destas paragens, ao mesmo tempo que divulga o que se passa no mundo lusófono em termos de artes e música. Francisco Resendes foi durante mais de uma década apresentador do programa musical “Teledisco”, do Portuguese Channel, colaborando em vários outros apontamentos deste canal, nomeadamente como comentarista e como apresentador de telejornal. Colabora semanalmente em estações radiofónicas da comunidade portuguesa da Nova Inglaterra, nomeadamente a WJFD, de New Bedford, Rádio Voz do Emigrante, de Fall River e o Portuguese Channel, de New Bedford. A sua colaboração estende-se ainda a Portugal Continental, nomeadamente através da RDP Internacional e RTP Internacional apresentando as principais notícias do jornal que dirige às comunidades portuguesas. Nos Açores, o jornal que dirige, o Portuguese Times, mantém desde 2015 uma parceria com o Diário dos Açores, onde Francisco Resendes assina frequentemente vários dos seus apontamentos de reportagem e notícias das comunidades lusas da Nova Inglaterra. Assume o cargo de diretor e editor do semanário de língua portuguesa Portuguese Times desde abril de 2012.

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