Samantha Neves

A cantora lusodescendente canadense

Quais são suas primeiras lembranças enquanto cantora?

As minhas primeiras lembranças e recordações da música são aquando da minha participação num dos maiores palcos na minha área de residência em Gatineau, eram os meus primeiros grandes espetáculos. Eu era muito jovem e ganhei vários concursos e competições na minha região e em Montreal. As lembranças que ainda estão muito precisas na minha cabeça são quando cantei no festival dos balões (montgolfière), para mais de 5000 pessoas.

Existe um momento específico na sua vida que a fez decidir que cantar é o que você queria mesmo fazer?

Quando fiz meu o meu primeiro espetáculo, percebi claramente que era isto que eu queria, que era este trabalho que eu queria fazer na minha vida. Como? Eu não sabia, mas uma coisa eu tinha a certeza, é que eu me sentia muito bem em palco. Tive a sorte de ter uns pais que acreditaram em mim e me deram a possibilidade de poder melhorar a cada momento, de poder evoluir. Ainda hoje não tenho quaisquer dúvidas deste caminho que decidi trilhar, bem pelo contrário, tenho cada vez mais desafios pessoais.

Estudou música? Quais são seus estudos e que escolas frequentou?

Não estudei música na escola. Mas, tive e continuo a ter aulas de canto desde os meus 9 anos de idade. Tinha começado a ter aulas numa em Gatineau e depois comecei a ter aulas particulares de canto com a minha professora Michèle Tremblay, que ainda hoje me dá aulas de canto, mas a um nível mais técnico.

O The Voice foi um grande trampolim para sua carreira de cantora? Como foi essa experiência?

Sem dúvida, “The Voice” é uma experiência para a vida. É uma grande bagagem que carrego comigo para o resto da minha vida. Aprendi sobre mim mesma e também, cresci e evolui como pessoa, criando confiança em mim mesma. Realmente, considero ter tido imensa sorte de trabalhar com grandes profissionais. Eu tive também a sorte de fazer uma tournée durante o meu verão de 2019 no Quebec, uma fantástica experiência que adiciono à minha bagagem.

O compositor francês Frédérick Baron; que escreveu para Céline Dion, Marc Dupré, Eros Ramazzotti e muitos mais, escreveu o seu primeiro single lançado “Failles”. Como surgiu essa parceria?

Frédérique Baron foi o meu encontro milagroso após a descoberta da minha voz. Tive a sorte de ter um encontro com ele para escrever minha primeira música. Eu perguntava-me como íamos fazer para conseguir lançar uma das minhas músicas. Mas o Frederick deu-me as ferramentas, a sua experiência e os conhecimentos necessários no ramo para conseguir lançar um single à altura. Ele conhecia gente do ramo da música, para conseguir fazer a realização da música, tais como John Nathaniel e Mariane Cosette-Bacon.

Tenho imensa sorte de ter tido o privilégio de trabalhar com pessoas deveras tão talentosas.

Em que outras colaborações está a trabalhar para o seu próximo álbum? Já tem um título para o álbum ou vai ficar com o seu nome Samantha Neves?

As próximas colaborações serão com Amay Laoni e Etienne Chagnon, Alexandre Désilet e Jean-François Beaudet. Ainda não temos um título para o álbum, mas obviamente, penso muito nisso. Evidentemente que vou ficar com o meu nome artístico – Samantha Neves, pois, esse nome define-me muito bem.

Relativamente às suas raízes familiares, a sua mãe é canadiana e o seu pai português, mais concretamente dos Açores, não é verdade? Já esteve alguma vez em Portugal?

Sim, o meu pai é português, da Graciosa, uma pequena ilha no meio do Oceano Atlântico, parte do arquipélago português dos Açores e a minha mãe do Quebec – Canadá. Sou uma sortuda por ter culturas e valores diferentes uns dos outros. Nunca fui a Portugal mas, está no baú dos meus maiores sonhos, poder um dia ir a Portugal. Aliás, não tenho a menor dúvida, que um dia irei viver alguns meses em Portugal.

Sabia que existem comunidades portuguesas em todo o Canadá, incluindo uma Embaixada de Portugal em Ottawa e uma grande comunidade em Montreal? Já participou de algum evento cultural, tradicional ou religioso do património português no Canadá?

Não conheço todas as comunidades portuguesas que existem no Canadá, mas sei que existem em todo o país. A minha família e eu vamos com frequência às festas de ano novo ou às festas portuguesas que se realizam algumas vezes por ano, aqui na minha área de residência em Gatineau. Existem também centros de portugueses em Ottawa e Gatineau e naturalmente, a Embaixada de Portugal em Ottawa.

E portanto, tenho uma ligação bastante estreita com a comunidade portuguesa, inclusivamente, fiz a minha primeira comunhão e confirmação na Igreja portuguesa. Muitos dos meus valores começaram a florescer nesta mesma igreja.

Qual é o seu sonho?

O meu maior sonho seria conseguir viver da minha música. E quem sabe também, aprender a falar português.

Que mensagem gostaria de transmitir aos artistas em geral, principalmente neste momento de pandemia que o mundo está a viver?

Quero inspirar de várias maneiras! Que as pessoas e os artistas em particular se sintam bem com eles próprios e acreditem nos seus sonhos, se amem e tenham orgulho das suas realizações pessoais. Eu nunca deixei de acreditar nos meus sonhos e quero inspirar as pessoas nesse sentido, que tudo é possível e que um dia pode chegar a nossa vez de viver a nossa maior paixão.

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