50 Anos de [In]dependência

São Tomé e Príncipe: 50 Anos de [In]dependência é uma exposição que assinala meio século da independência do país através das artes plásticas contemporâneas. Reunindo duas dezenas de artistas santomenses, residentes no país e na diáspora, esta mostra propõe-se como um espaço de celebração, memória e reflexão crítica sobre o percurso histórico, social e simbólico do povo santomense desde 1975.
A escolha do título “[In]dependência” encerra um gesto de provocação poética. Ao mesmo tempo que evoca a conquista da soberania nacional, sugere a continuidade de desafios estruturais, dependências externas e fragilidades internas que ainda marcam o presente. A exposição parte dessa ambivalência para questionar como a arte pode traduzir, denunciar, curar ou reconstruir a experiência de ser santomense; antes e depois da independência.
Dividida entre um núcleo coletivo e uma instalação individual dedicada ao artista Osvaldo Reis, a exposição apresenta linguagens diversas (pintura, escultura, instalação, fotografia, vídeo e performance) que refletem a pluralidade estética e política da criação santomense contemporânea. Os artistas aqui reunidos não ilustram uma narrativa linear da história nacional, mas constroem uma polifonia de vozes, afetos e memórias, numa constante reinvenção da identidade.
A seleção das obras enfatiza o corpo, o território, a memória, o exílio, a linguagem, o silêncio, a resistência e a ancestralidade. São trabalhos que interpelam as promessas da independência, os seus limites e os caminhos possíveis de emancipação. Há neles um gesto de escuta do passado e de imaginação do futuro — um desejo de pertença que é também crítica e reinvenção.
A presença de Osvaldo Reis, em particular, traz à exposição uma dimensão exemplar: artista autodidata, com mobilidade reduzida, a sua trajetória artística é um testemunho de superação e entrega ao fazer artístico como forma de liberdade. A sua sala individual é pensada como núcleo de introspeção e inspiração coletiva, símbolo da força criadora mesmo nas condições mais adversas.
Ao longo da exposição, depoimentos dos próprios artistas, registos audiovisuais e momentos performativos ampliarão a experiência sensorial e o diálogo com o público, promovendo uma abordagem viva, participativa e afetiva da arte.
“São Tomé e Príncipe: 50 Anos de [In]dependência” afirma-se assim como um território de encontro entre estética e política, celebração e crítica, memória e futuro. Mais do que responder a uma pergunta histórica, a exposição convida-nos a fazer novas perguntas sobre o que significa hoje e no futuro: ser (in)dependente, ser santomense, ser artista.
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