Belém

A cidade berço de Jesus Cristo

Belém é uma cidade da Palestina localizada na parte central da Cisjordânia, com uma população de cerca de 30 000 pessoas. É a capital da província de Belém, no Estado da Palestina, e um centro de cultura e turismo no país. Localiza-se a cerca de 10 quilómetros ao sul de Jerusalém.
Belém é, para a maior parte dos cristãos, o local onde nasceu Jesus de Nazaré. A cidade é habitada por uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo, embora seu tamanho tenha vindo a diminuir nos últimos anos, devido à emigração.
Belém foi conquistada pelo califado árabe de Omar, em 637, que garantiu a segurança para os santuários religiosos da cidade. Em 1099 os cruzados capturaram e fortificaram Belém, e trocaram o seu clero, ortodoxo grego, por outro, latino; estes, no entanto, foram expulsos depois que a cidade foi capturada pelo sultão aiúbida do Egito e Síria Saladino. Com a chegada dos mamelucos, em 1250, as muralhas da cidade foram destruídas, sendo reconstruídas apenas durante o domínio do Império Otomano.
Os otomanos perderam a cidade para os britânicos durante a Primeira Guerra Mundial, e ela foi incluída numa zona internacional, sob o Plano de Partilha das Nações Unidas para a Palestina.
A Jordânia ocupou a cidade durante a guerra israelo-árabe de 1948, ocupação esta seguida pela de Israel, durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Atualmente, Belém é uma cidade estrangulada pelo muro de segurança israelense. Israel controla as entradas e saídas de Belém, embora a administração quotidiana esteja sob a supervisão da Autoridade Nacional Palestina desde 1995, após a realização dos acordos de paz de Oslo.
A população de Belém é constituída de cristãos e muçulmanos, que têm coexistido pacificamente durante a maior parte de sua história. Atualmente, a população é maioritariamente muçulmana, mas a cidade ainda abriga uma das maiores comunidades de cristãos palestinos. O contingente de cristãos, que correspondia a cerca de 90% do total em 1948, tem decrescido drasticamente e hoje corresponde a 30%. Esse declínio é atribuído à falta de perspetivas da economia, dado que muitas famílias de agricultores cristãos perderam as suas terras. As maiores religiões em Belém, são o Cristianismo (principalmente o catolicismo) e o Islamismo, com alguns poucos grupos de Judeus.
A principal atividade económica da cidade é o turismo, que cresce sobretudo, durante o período do Natal, quando a Igreja da Natividade, supostamente construída sobre o local de nascimento de Jesus, torna-se um centro de peregrinação cristã. Também a tumba de Raquel, um importante local sagrado para o judaísmo, encontra-se na entrada de Belém.

A cidade tem mais de trinta hotéis e 300 lojas de artesanato, que empregam boa parte dos residentes da cidade. A economia de Belém sempre esteve ligada à de Jerusalém, que está a cerca de 10 km de distância. Mas o grande muro de cimento, com 9 metros de altura construído por Israel passa por dentro da província de Belém, e assim, os habitantes de Belém já não vão a Jerusalém para trabalhar ou fazer compras. Sem terras para cultivar, eles estão agora quase totalmente dependentes do dinheiro gasto pelos peregrinos. Fugindo do desemprego de mais de 50% e privados das liberdades fundamentais, mais cerca de 3.000 cristãos emigraram nos últimos anos para os EUA e o Chile.
Património Mundial da UNESCO, a estrela de prata marca o local onde Jesus teria nascido, de acordo com a tradição cristã. Dois relatos do Novo Testamento descrevem Jesus como tendo nascido em Belém. De acordo com o Lucas 2:4, os pais de Jesus viviam em Nazaré, porém viajaram para Belém para o censo de 6 d.C., e Jesus teria nascido ali antes que a família voltasse para Nazaré. O relato do Evangelho de São Mateus porém, mencionando que Jesus fora nascido em Belém de Judá (Mat 2, 1), sem menção explícita a qualquer condição especial, como viagem, a que reporta o Evangelho segundo Lucas, admite o entendimento (todavia não descartando, de todo, a circunstância de permanência temporária por ocasião do nascimento), de que a família já vivia em Belém quando Jesus nasceu, e posteriormente, se mudou para Nazaré (Mat 2, 1-23).[18] Mateus ainda relata que Herodes, o Grande, ao receber a notícia de que um “Rei dos Judeus” acabara de nascer em Belém, ordenou que todas as crianças com dois anos ou menos na cidade e nas redondezas fossem mortas. O pai terreno de Jesus, José é alertado sobre isto num sonho, e foge com sua família ao Egito, retornando apenas depois da morte de Herodes. Ao receber outro aviso, em outro sonho, no entanto, José, foge novamente com sua família, desta vez para a Galileia, para viver em Nazaré.
A antiguidade da tradição do nascimento de Jesus em Belém é atestada pelo apologista cristão Justino, o Mártir, que declarou em seu Diálogo com Trifão (c. 155-161) que a Sagrada Família teria se refugiado numa caverna nos arredores da cidade. Orígenes de Alexandria, escrevendo por volta do ano 247, referiu-se a uma caverna na cidade de Belém, que os habitantes locais acreditavam ser o local de nascimento de Jesus. Esta caverna poderia ser uma que foi anteriormente local destinado ao culto de Tammuz.

Domínio islâmico e Cruzadas
A Mesquita de Omar, única mesquita da cidade, foi construída em 1860, para celebrar a visita do califa Omar a Belém, após sua captura pelos muçulmanos
Em 637, pouco tempo depois da captura de Jerusalém pelos exércitos islâmicos, Omar, o segundo califa, visitou Belém e prometeu que a Basílica da Natividade seria preservada para o uso dos cristãos. Uma mesquita dedicada a Omar foi construída sobre o local da cidade onde ele orou, nas proximidades da igreja. Belém passou então para o controle dos califados islâmicos dos Omíadas, no século VIII, e dos Abássidas, no século IX. Um geógrafo persa registou, no meio deste século, que uma igreja muito bem preservada e extremamente venerada existia na cidade. Em 985, o geógrafo árabe Mocadaci visitou a cidade, e referiu-se à sua igreja como “Basílica de Constantino, à qual não existe igual em qualquer outro lugar do país.” Em 1009, durante o reinado do sexto califa fatímida, Aláqueme Biamir Alá, a Basílica da Natividade foi demolida, sob suas ordens; sua reconstrução foi autorizada pelo seu sucessor, Ali Azair, como forma de consertar as relações entre os fatímidas e o Império Bizantino.
Em 1099, Belém foi capturada pelos cruzados, que a fortificaram e construíram um novo mosteiro e um claustro no lado norte da Basílica da Natividade. O clero ortodoxo grego foi removido das suas sedes, e substituído por clérigos latinos; até aquele ponto a presença oficial cristã na região era ortodoxa grega. No dia de Natal de 1100, Balduíno I, primeiro rei do reino franco de Jerusalém, foi coroado em Belém, e naquele ano um bispado latino também foi estabelecido na cidade.

Belém, na visão do pintor Vasily Polenov
Em 1187, o sultão aiúbida do Egito e Síria Saladino liderou suas tropas que capturaram Belém dos cruzados. Os clérigos latinos foram obrigados a fugir, o que permitiu o retorno do clero ortodoxo grego. Saladino concordou com o retorno de dois padres latinos e dois diáconos, em 1182; a cidade, no entanto, sofreu com a perda do comércio gerado pelos peregrinos, com o declínio de visitantes europeus.
Mas, a história desta cidade não fica por aqui. Foi e continua a ser palco de guerras religiosas.
A UNESCO, inscreveu-a como Local do nascimento de Jesus, nomeadamente, a Igreja da Natividade e a Rota de Peregrinação, como Património Mundial por “ser um local identificado com a tradição Cristã como o local de nascimento de Jesus Cristo, desde o século II. O local ainda inclui conventos e igrejas Latinas, Gregas Ortodoxas, Franciscanas e Armênias”.

O parecer comum dos estudiosos contemporâneos, considera que não há argumentos fortes para contradizer o que afirmam os evangelhos e o que assegura a tradição: Jesus nasceu em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes.
Mateus não especifica o lugar, mas Lucas ressalta que Maria, depois de dar à luz a seu filho, “envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7). O “presépio” indica que, no local onde nasceu Jesus, guardava-se o rebanho. Lucas indica também, que o menino no presépio será o sinal para os pastores reconhecerem o Salvador (Lc 2,12.16). A palavra grega que o evangelista emprega para designar hospedaria é katályma. Este termo, designa o cómodo espaçoso das casas, que servia de salão ou quarto de hóspedes.
A evidência mais marcante é a respeito da estrela que paira sobre Belém. Em Mateus, lemos: “Homens sábios do Oriente vieram a Jerusalém, dizendo: ‘Onde está aquele que nasceu rei dos judeus? Pois vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo’” (2: 1-2).
Belém já foi e será visitada por muitos portugueses e lusodescendentes cristãos, católicos ou não. O importante e o que mais nos caracteriza é a nossa atitude agregadora das diferentes sensibilidades à volta de seres «humanos» mais ou menos divinos que nos convidam a tratar os outros como gostaríamos que nos tratassem a nós. Independentemente dos nossos credos e não apenas no Natal. Ser português também é isto: ajudar a erguer pontes de Paz e tolerância! Jesus Cristo não nasceu para dividir os Homens.

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