Cristina Troufa
Cristina Troufa nasceu no Porto em 1974. Em 1998 conclui a Licenciatura em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e em 2012 conclui o Mestrado em Pintura na mesma Faculdade onde também é formadora nos Cursos de Formação Continua. Desde 1995 que participa em exposições coletivas e individuais em Portugal, Itália, Espanha, Austrália, Canadá, Dinamarca, Escandinávia, Taiwan, França, Inglaterra e EUA. Em 2021 foi artista convidada na exposição “Women Painting” no Museu Europeu de Arte Moderna em Barcelona. Em 2014, 2016 e 2018 foi artista convidada na “Bienal de Arte Contemporânea de Salerno” Itália. Em 2011 obteve uma bolsa da FADEUP em cooperação com a Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2015 foi artista convidada e membro do júri na seleção de artistas portugueses do projeto “PortugArt” em Londres. Referenciada e entrevistada em vários meios de comunicação social, dentro e fora de Portugal, o seu trabalho ilustra a capa e miolo de revistas e livros de autores nacionais e internacionais. A sua obra está presente em coleções de arte de instituições públicas e privadas.
Quando e como iniciou a sua atividade artística? Veterinária, ficou pelo caminho?
Desde muito cedo estive focada em seguir uma carreira artística na Pintura. Poderia referir a primeira exposição coletiva em que participei, no entanto creio que só depois de finalizar a licenciatura em Pintura na Faculdade de Belas Artes do Porto é que penso o meu percurso teve início. Veterinária nunca chegou a ser um caminho, foi apenas um sonho de infância por gostar muito de animais.
Como tem sido a evolução da sua carreira? É um sonho ser artista?
A evolução na minha carreira artística tem sido gradual, com alguns obstáculos pelo caminho e muitos sucessos pelos quais são imensamente grata, principalmente fora de Portugal. As redes sociais foram sem sombra de dúvida uma rampa de lançamento para a evolução da minha carreira internacional pois permitiram que o meu trabalho fosse partilhado pelos mais diversos públicos de todo o Mundo. Ser artista foi sempre um sonho e sinto-me muito feliz por o ter conseguido concretizar.
Quais foram as principais influencias que marcaram o seu percurso de artista plástica?
Foram imensos os artistas cuja obra influenciou o meu trabalho e a partir dos quais aprendi imenso, nomeadamente: Paul Gauguin, Toulouse Lautrec, Paul Degas, Egon Schiele, Gustav Klimt, Edvard Munch, Francis Bacon, Xenia Hausner, Jenny Saville, Paula Rego, Graça Morais, Júlio Pomar e muitos outros.
No seu meio artístico, o que é necessário para alcançar o sucesso/êxito?
Creio que não existe uma fórmula que funcione a 100 %. Na minha modesta opinião, temos de trabalhar imenso para que a obra possa evoluir em qualidade, ser resilientes, conhecer as pessoas certas e a cima de tudo, ter muita sorte.
A sua obra desenvolve-se no autoretrato, que é já uma marca sua. Porquê?
A obra foi evoluindo nesse sentido de forma orgânica, não houve uma intenção. O meu trabalho passou por diferentes fases até atingir um estilo estético próprio pelo qual sou hoje conhecida. Creio que teve início quando comecei a pintar ditos e provérbios populares. Nesta altura pedia a familiares e amigos para servirem de modelo, mas já eram autorretratos porque já colocava na tela a minha própria historia, vivencias, traumas, medos, crenças, coisas mal resolvidas desde a minha infância etc… A minha imagem começou a aparecer nas telas por ser mais fácil. Eu sabia que papeis encenar e era um modelo que estava sempre disponível.
Como se processam essas composições? Cria os cenários, define as expressões, vai fotografando até atingir o momento perfeito?
Tudo começa com uma ideia que surge em forma de metáfora, algo que ouço, algo que recordo, algo que vejo e me leva a refletir. Essa reflexão normalmente leva-me a viajar num mundo de metáforas. Essas metáforas sugerem uma ideia para uma pintura e faço vários esboços com pequenos apontamentos escritos para não perder a ideia. Depois esse esboço vai evoluindo em termos de composição e ás vezes até noutras formas de representar a mesma ideia. A fase seguinte é tirar fotografias nas quais enceno tudo o que foi realizado em esboço. Por vezes as fotografias levam-me para uma composição diferente, mas a ideia ou conceito original mantém-se. Depois é a fase de escolha da melhor fotografia, desenhar e finalmente pintar.
É também uma forma de se autodescobrir?
Sim, o meu trabalho é uma autoanálise constante. Muita coisa foi sendo resolvida em mim a partir da realização das minhas pinturas. Foram feitas muitas catarses. Neste momento sinto-me uma pessoa mais em paz e resolvida e por isso creio que o meu trabalho transmite essa serenidade.
Se tivesse que referenciar uma obra sua, qual escolhia? Porquê?
Já pintei tantas obras, que seria difícil escolher uma, mas a que surgiu de forma imediata foi “O Eu Inferior” é uma pintura que está em acervo na FBAUP e é um reflexo da minha luta interior e da forma como a pintura foi um meio para me curar e conhecer ao longo do meu percurso artístico.
Autora das Obras de Capa deste ano, tem ao seu lado o escritor Pedro Almeida Maia que escreve um texto sobre cada uma das obras. Como vê esta ligação das duas artes e como foi esta experiência de ilustrar as 12 capas da Descendências?
Ter o Pedro como companheiro nesta aventura foi um privilégio. Os textos maravilhosos que criou e a forma como se inspirou em cada uma das obras foi muito enriquecedor, permitiu-me ver as minhas obras a partir dos olhos de outro artista. A oportunidade de ilustrar as 12 capas da Descendências foi muito enriquecedor e por isso agradeço ao Jorge Vilela o convite e todas as oportunidades que virão a partir desta parceria.
Quais são os seus projetos para 2025?
Alguns dos projetos artísticos para o próximo ano estão relacionados com as Obras de Capa outros são exposições coletivas e individuais.
Uma mensagem para todos os artistas do mundo.
Continuem a trabalhar com o coração. Como artistas temos de trabalhar principalmente para nós mesmos, só assim criaremos uma obra autêntica e por isso, com toda a certeza, haverá pessoas que se irão identificar e apaixonar por ela.
Cláudia Chaves
4 semanas agoAmei!!!
A expressão nas pinturas transmite tanto, mas tanto… que apetece ficar horas a olhar e sentir.
Muitos parabéns!