De cozinheiro a Chef

É com imenso gosto que partilho conselhos, experiências e receitas, sobretudo, com os mais novos, a quem seja curioso pela cozinha, ou ainda, quem esteja a dar os primeiros passos nesta área profissional e pretenda agarrar o desafio desta carreira profissional aliciante, mas ao mesmo tempo muito exigente.
É uma profissão e uma arte cujo escrutínio é permanente, não pelos próprios chefs que cozinham, mas por quem come e degusta aquilo que nós chefs confecionamos, fazendo-o com os 5 sentidos. No entanto, terá de existir sempre, naturalmente, o garante do nosso rigor, profissionalismo, empenho, paixão e alegria naquilo que produzimos. Costumo dizer que quem não gosta da cozinha, não pode e não deve ser cozinheiro… jamais!
É preciso ter paciência e muita resiliência, pois, na cozinha não é tudo cor-de-rosa, não é apenas o produto final que aparece bonitinho na mesa do cliente e no ecrã das televisões. É extremamente importante, ter boa atitude, espírito de equipa e entreajuda no espaço de confeção e até na articulação com o serviço de mesa. É igualmente fundamental, respeitar os colegas e a hierarquia na cozinha, procurando a harmonia da relação entre os chefs e os produtos a confecionar que devem ser sempre de excelente qualidade, sobretudo, quando estamos perante a alta cozinha. A cozinha, implica um trabalho abundante, uma dedicação enorme, um empenho intenso, a capacidade e humildade para saber ouvir e sobretudo, fazer tudo isto com paixão. E quando me refiro à humildade para saber ouvir e aprender, significa que é por demais importante aprender e trabalhar com os melhores chefes, procurando tirar o melhor partido das experiências e aprendizagens. Sempre que surja a oportunidade, devemos procurar ser criativos, mas ao mesmo tempo, metódicos e organizados.

Um outro aspeto que considero fundamental e que nos novos tempos assume ainda uma importância maior, é o garante da higiene e da limpeza, seja no manuseamento dos produtos, no manuseamento dos utensílios, no espaço da cozinha de uma maneira geral, ou ainda na nossa própria limpeza enquanto pessoa/chef. Transmitir esta confiança aos clientes é deveras fundamental e um primeiro grande passo para o sucesso.
Acredito também, que a atitude e personalidade de cada um, é muito importante e poderá fazer a diferença, porque, se não sabemos cozinhar e não dominamos as técnicas, isso poderemos aprender nas cozinhas e com os chefes, mas, a atitude, essa vem de ti próprio, é interior e intrínseca, pois, essa é que poderá fazer a diferença para o sucesso. A paixão pela cozinha, o desejo, os sonhos, estes não se aprendem, estão dentro de nós, vêm connosco e somos nós que os transportamos e que os vamos aprimorando.
A cozinha não é um produto acabado, com receitas, técnicas e práticas estanques, pelo contrário, a experiência, o conhecimento, as aprendizagens e a paixão, podem sempre levar-nos a novas descobertas que resultem, na apresentação, no sabor, na textura, na forma. No fundo a cozinha é um laboratório de novas descobertas, de novos saberes e sabores que vão deliciar o cliente.
Neste percurso que um chefe tem de trilhar, para alcançar o sucesso, não é fácil, pois, implica muito sacrifício pessoal, muita aprendizagem e conhecimento, mas também, muito de nós próprios, aquilo que os livros orientam mas não ensinam, a nossa força interior e a vontade de chegar ao sucesso e reconhecimento, cuja nossa primeira “estrela Michelin”, será sempre o reconhecimento dos nossos clientes que diariamente provam e aprovam as nossas comidas.
Acreditem em vocês, e acreditem também, só será Chef, quem for primeiro um bom cozinheiro!

Acreditem em vocês, e acreditem também, só será Chef, quem for primeiro um bom cozinheiro!

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