O potencial da diáspora na globalização da economia
O papel da diáspora na divulgação do país e dos seus recursos pode ser decisivo para a elevação da imagem externa do país, potenciando a atuação da rede de portugueses e lusodescendentes com influência em diversas esferas de atividade e canalizada para o apoio à internacionalização das PME. Neste aspeto o contributo da diáspora é relevante pelo conhecimento das oportunidades e dos riscos que se apresentam às empresas quando procuram os mercados globais e através da proposta de soluções que contribuam para reduzir as barreiras a uma maior internacionalização da economia portuguesa, assumindo-se como embaixadores do país e da oferta nacional nos mercados externos onde se encontram. Com efeito, o recurso a um concidadão que reside numa comunidade estrangeira onde se sente integrado e onde foi construindo um percurso de conhecimento local sustentado num conjunto de relações virtuosas e duradouras significa, para as empresas que se querem internacionalizar para esse país, acesso a capital de influência, expertise e networking, que se traduz na necessária e indispensável inteligência económica para apoiar a concretização de uma estratégia de internacionalização.
Assim, aproximar a diáspora do país e das empresas portuguesas constitui uma oportunidade inestimável para a internacionalização das empresas portuguesas, pela possibilidade que esta estratégia confere para dirimir um dos maiores constrangimentos que se colocam às PME – a escassez de recursos qualificados em negócios internacionais e a incapacidade de manter especialistas em exportação nos quadros das empresas e escassos recursos financeiros, para investir em ações de conhecimento e acesso aos mercados. O desafio consiste então, em fortalecer e consolidar esta rede global de influência que é a comunidade de emigrantes portugueses, enquanto ativo de máxima importância à disposição das empresas, procurando e concretizando as oportunidades para que estas possam beneficiar da mobilização ativa da sua diáspora de influência. A diáspora portuguesa totaliza cerca de 5,2 milhões de cidadãos nacionais e lusodescendentes, com uma dimensão global muito expressiva: existem portugueses registados em 178 países. Se se contabilizarem os lusodescendentes até à terceira geração, são mais de 31 milhões de pessoas. Pensando, utopicamente, que cada um destes portugueses pode ser responsável pela transação de bens e serviços para o exterior no valor de mil euros anuais, estaremos a contabilizar 30 mil milhões de euros, valor expressivo comparado com o atual volume de exportações portuguesas.
Estamos assim perante um enorme potencial de recursos que poderá asseverar a adoção de uma importante estratégia coletiva de cooperação e networking em larga escala, capaz de facilitar novas abordagens e aumentar exponencialmente o acesso aos mercados internacionais. Os portugueses da diáspora podem constituir um veículo muito eficaz de promoção e divulgação da imagem do país, dos produtos nacionais, da língua e cultura portuguesa, contribuindo também para o setor do turismo, para o equilíbrio financeiro e, acima de tudo, para dar a conhecer um país moderno e plenamente inserido na comunidade internacional.
A caracterização da nossa diáspora é muito diversificada, com atributos muito relevantes para a economia nacional.
Existe uma parte dessa diáspora provida de enormes recursos financeiros, tendo construído impérios empresariais nos países acolhedores, os quais têm vindo a demonstrar, cada vez mais, motivação para apostar o seu capital em investimentos em Portugal, contribuindo para elevar a captação de investimento estrangeiro, assim como em apoiar as empresas portuguesas no acesso aos mercados.
No entanto, nos últimos anos, temos assistido a uma alteração do padrão da emigração portuguesa, cada vez mais qualificada, em que os jovens são os principais elementos, quando saem do País em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Também estes conseguem alcançar lugares de muito relevo nas comunidades onde se encontram inseridas e com elevado poder de influência, manifestando disponibilidade para contribuir de forma ativa no desenvolvimento do país.