A evolução da diáspora portuguesa no Canadá

A emigração portuguesa para o Canadá acompanha, com algumas diferenças, a emigração para os Estados Unidos.
Marcada por diferentes ondas migratórias ao longo do século XX e XXI, a emigração fez com que os portugueses constituam hoje uma das maiores comunidades lusófonas no país, com uma presença significativa em cidades como Toronto, Montreal e Vancouver.
A emigração portuguesa assume significado estatístico após a Segunda Guerra Mundial, quando o Canadá precisava de mão de obra para reconstruir a sua economia, no que é, aliás, umas das características da política migratória deste país.
Com efeito, em 1953, o Canadá assinou um acordo com Portugal para recrutar trabalhadores, principalmente para a agricultura, construção e indústria têxtil, o que relaciona também com as políticas de ocupação territorial daquele país.
Muitos dos primeiros imigrantes eram originários dos Açores, devido às difíceis condições económicas e ao isolamento geográfico do arquipélago e, também, pela relativa proximidade com a costa leste do Canadá.

Em 1957, um grande grupo de imigrantes açorianos chegou ao Canadá através do navio Saturnia, estabelecendo-se principalmente na região de Ontario, em Toronto.
Nos anos 1960 e 1970, a emigração portuguesa para o Canadá atingiu o seu pico, impulsionada pela instabilidade política em Portugal (Estado Novo) e pela busca de melhores oportunidades económicas. Acompanhou também a grande disponibilidade do Canadá para contar com os portugueses para a sua estratégia de povoamento, procurando dar maior homogeneidade à composição do território canadiano.
Outros portugueses chegaram através do Programa de Imigração por Patrocínio Familiar, onde já estabelecidos ajudavam parentes a imigrar.
A comunidade portuguesa começou a se organizar, criando associações, clubes sociais e igrejas (como a Igreja de Santo Cristo ou a Casa do Alentejo, em Toronto).
Após a Revolução dos Cravos (1974), muitos portugueses continuaram a emigrar, mas em menor número dado o clima de esperança que se instalou no país por essa altura.
A segunda e terceira gerações de luso-canadianos começaram a integrar-se mais na sociedade canadiana, mantendo, porém, fortes laços culturais, o que ainda hoje se revela nos seus hábitos quotidianos.

A comunidade diversificou-se profissionalmente, com muitos portugueses e descendentes entrando em áreas como educação, saúde, negócios e política. Apesar dos desafios iniciais, a comunidade mantém orgulho nas suas raízes enquanto se integra plenamente na sociedade canadiana.
Nos últimos anos, a emigração portuguesa para o Canadá voltou a crescer devido à crise económica em Portugal (especialmente após 2008-2013).
Muitos jovens qualificados (engenheiros, enfermeiros, técnicos de TI) têm imigrado através de programas como o Express Entry e vistos de trabalho temporário. Por outro lado, assiste-se a um movimento inverso com a presença de canadianos em Portugal, trazidos pela deslocalização de empresas canadianas para o nosso país.
Estima-se que haja entre 400.000 a 500.000 lusodescendentes no Canadá.