O Retrato

Ao longo dos séculos o Retrato passou por diversas evoluções e continua sendo uma vertente artística em que a imortalização da figura humana se desenvolve numa representação com novas, originais e inesperadas soluções, que atravessam os vários movimentos artísticos, reinventando-se no atual mundo contemporâneo. As técnicas e estilos tradicionais de pintura revestem-se atualmente de criatividade, inovação e singularidade, expressando os sentimentos do artista que o aproxima da pessoa retratada, fazendo concomitantemente uma recriação, uma reinterpretação contemporânea forte, expressiva e estruturada do retrato realista, até à descontextualização, fragmentação, estilização ou deformação, alterando mesmo o conceito base de retrato. Na leitura do observador,a aproximação e a magia transmitida, é uma forte sensação única de Arte e Vida, envolvendo-o emocionalmente com uma vivência de despertares de emoções e sentimentos intrigantes, arrebatadores, avassaladores, mergulhando numa busca da essência da figura representada, mas também de alguma maneira escondida e enigmática na sua identidade.
A produção de retratos mantendo-se viva articulando a tradição pictórica com os conflitos da Arte e da Contemporaneidade. Entre o fulgor da vida e a fugacidade da vida humana, à invisibilidade da realidade, a Arte nas suas variadas plasticidades, eterniza a natureza humana nas suas inquietações, afirmações, negações, resignações, fragilidades, violências, degradações, abandonos, desilusões, esperanças, desesperanças, conexões e complexidades.
Com este projeto Obras de Capa, em 2025, em que a Mulher e o Retrato vão estar presentes, bem como o diálogo entre a Pintura e a Literatura, fica presente o desafio e o convite a abrir reflexões como nos vemos e como somos vistos, como visualizamos a ainda discriminação, marginalização e invisibilidade da Mulher, nos seus direitos e liberdades. Expectativas e lutas pelo seu lugar e papel na sociedade atual e do futuro, pondo em evidência como objetivo que os direitos das mulheres sejam reconhecidos tal como estão declarados, como direitos humanos, é um imperativo de todos nós. Retrato é Memória. É enfrentar o esquecimento. É inolvidável.

Eduarda Oliveira, Curadora do projeto expositivo “Obras de Capa”

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