Os custos ambientais da inteligência artificial

O advento da inteligência artificial (IA) tem contribuído para acelerar a degradação ambiental dos ecossistemas, pois, carece de uma enorme quantidade de recursos para funcionar. Sendo assim, o que podemos fazer para reduzir os seus impactes ambientais?
Em primeiro lugar, importa destacar alguns benefícios inerentes à implementação da inteligência artificial – porque os tem – e porque poderão ter grande relevância na melhoria das condições de vida das pessoas, no aumento da produtividade laboral e na inovação científica, entre muitos outros.
Todavia, todas as medalhadas têm o seu reverso e, a inteligência artificial não é excepção. Esta rápida ascensão tecnológica tem desencadeado consequências difíceis de identificar a vários níveis e, consequentemente, difíceis de mitigar.
Todo este frenesim em torno das potencialidades da inteligência artificial tem remetido para segundo plano as suas altas emissões de dióxido de carbono e a necessidade de elevadas quantidades de energia eléctrica para alimentar as potentes máquinas usadas no treino e desenvolvimento dos modelos de inteligência artificial generativa. Além da implementação dos sistemas, também os custos de produção de máquinas cada vez mais potentes e as necessidades de resposta para milhões de utilizadores dessa tecnologia estão a contribuir para um consumo cada vez mais elevado de energia e recursos.

É redutor pensarmos que, quando ligamos o nosso computador, estamos apenas a consumir a energia eléctrica inerente a essa acção. A montante, a utilização de recursos, vai muito mais além. Tendo em conta os recursos necessários para produzir todo o software e hardware necessários ao funcionamento das máquinas e, considerando os custos de transporte dos materiais e as elevadas quantidades de água necessárias para arrefecimento dos centros de dados, tudo isto resulta em incalculáveis consequências ambientais.
A tecnologia baseada em inteligência artificial tem sido um dos principais motores da crescente necessidade de aumento de produção de energia eléctrica a nível mundial. Para um entendimento mais esclarecido sobre esta questão, importa referir que um sistema baseado em inteligência artificial generativa, quando comparado com outros, poderá consumir entre sete e oito vezes mais energia e, uma simples pesquisa no ChatGPT poderá consumir cerca de cinco vezes mais electricidade do que uma vulgar pesquisa na Internet.
Contudo, apesar destas grandes discrepâncias de consumo energético e dos seus consequentes impactes ambientais, importa relevar que o cidadão comum não está muito preocupado com isso. Em parte, esta atitude deve-se à falta de informação sobre as consequências ambientais das suas próprias acções.
Perante isto, urge identificar, medir, avaliar e entender todos os benefícios inerentes à utilização da inteligência artificial generativa, assim como todos os custos ambientais e sociais que lhe estão associados. Só através desta ponderação custo/benefício poderemos calcular a abrangência e os reais impactes destas tecnologias emergentes, na sociedade e no ambiente.
O autor não aderiu ao novo acordo ortográfico