Paulo Goulart

Santos da casa fazem milagres

O que fazem os guardiães da memória quando os crentes regressam a casa? O que escutam quando o silêncio regressa?
O que vêem quando a luz se apaga e os Santos observam do altar? O que fazem os guardiães da memória quando as portas se fecham, as janelas se cobrem, as chaves rodam em fechaduras por onde as crianças espreitam?
O que fazem os guardiães da memória quando as preces e pedidos precisam (também eles) de encontrar quem as escute e os atenda? O que fazem todos aqueles que zelam por estátuas de madeira, por bancos feitos à medida, por estuques e cortinas de veludo?
O que fazem os guardiães da memória, já poucos e cada vez menos, que protegem a luz da escuridão?
E o que fazemos todos nós quando os vemos no remanso da saudade, na curva de uma estrada sinuosa, no fresco de uma manhã fria de Inverno?
Pedimos-lhes as chaves, o olhar que entende sem fazer perguntas, o calor de um silêncio presente. Nessas pequenas casas, nesses pequenos espaços, nesses pequenos recantos perdidos na paisagem. Onde todos regressamos e onde todos deixamos que eles guardem a memória que só eles sabem guardar.

Curadoria de João Vilela Geraldo

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