Saúde e envelhecimento ativo

A Organização Mundial de Saúde definiu em 1948, a saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. É neste contexto, que é necessário entender a saúde, devendo englobar nomeadamente questões como segurança, promoção da igualdade de género, condições económicas e sociais, isolamento social versus suporte social ou meio ambiente. Todas estas vertentes estão interligadas com impacto e repercussão na saúde física e emocional e consequentemente na qualidade de vida.
Considerando que o envelhecimento se inicia antes do nascimento e se prolonga por toda a vida e que os determinantes para o envelhecimento ativo exercem a sua influência durante todo o ciclo de vida, as respostas da sociedade para o envelhecimento da população devem passar pelas várias fases do ciclo da vida, nas diversas esferas sociais (World Health Organization, 2012).
O envelhecimento individual é um processo condicionado por fatores biológicos, sociais, económicos, culturais, ambientais e históricos, podendo ser definido como um processo progressivo de mudança biopsicossocial da pessoa durante todo o ciclo de vida (World Health Organization, 1999, 2015d).
O processo de envelhecimento é um processo complexo, assíncrono e contínuo que compreende a senescência, o processo de envelhecimento biológico, o envelhecimento social e o envelhecimento psicológico, relacionando-se com a idade biológica, social e psicológica.

A Constituição da República Portuguesa reconhece a dignidade no que se refere especificamente à pessoa idosa, no artigo 72, sob a epígrafe “terceira idade”, determinando que “ as pessoas idosas têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal evitem e superem o isolamento ou a marginalização social”. É importante que esteja considerado na Constituição da República, mas deveremos ter presente que temos um longo caminho a percorrer de desafios, de construção de oportunidades, de valorização da cidadania, de desenvolvimento de estratégias, de combate ao isolamento, à estigmatização, à violência, aos abusos físicos, psicológicos, sexuais, financeiros e ao idadismo.
O aumento da longevidade e da população idosa tem sido uma realidade em Portugal, a par dos outros países da Europa. O índice de envelhecimento tem tido nas últimas décadas um aumento significativo (27,5% em 1961 para 143,9% em 2015). Em 2022 o índice de envelhecimento que compara a população com 65 e mais anos (população idosa) com a população dos 0 aos 14 anos (população jovem) atingiu o valor de 185,6 idosos para cada 100 jovens (181,3 em 2021).

A garantia da qualidade dos anos de vida ganhos, com o aumento da longevidade, é um enorme desafio para a sociedade como um todo e particularmente para os serviços de saúde e serviços sociais, desenvolvendo estratégias que visem alcançar um equilíbrio entre este apoio formal e o apoio informal de familiares e amigos, considerando o conceito do envelhecimento ativo.
O envelhecimento ativo e saudável é definido como o “processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para a melhoria da qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem bem como o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional, que contribui para o bem-estar das pessoas idosas, sendo a capacidade funcional o resultado da interação das capacidades intrínsecas da pessoa (físicas e mentais) com o meio” (World Health Organization, 2015).
A aposentação, nomeadamente no contexto do envelhecimento ativo, não pode nem deve ser encarada como um problema nem significar estagnação, inatividade, nem ter conotação negativa, mas sim o reconhecimento do início de um novo ciclo de vida ativa e saudável, participativa, vivendo novas experiências com novos projetos e desafios. O envelhecimento ativo e saudável é uma conquista e pode inclusivamente ser visto como um potenciador da economia através do impacto positivo na qualidade de vida.
No contexto da promoção da saúde e do bem-estar, o envelhecimento ativo é um enorme desafio para a sociedade e para os poderes decisores.

A autora não aderiu ao novo acordo ortográfico

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