Firmino Marques da Costa

Firmino Marques da Costa (1911-1995) nasceu a 10 de janeiro na freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa. Os primeiros passos na aprendizagem das técnicas fotográficas foram dados com o pai, Júlio Marques da Costa, e com Anselmo Franco, ambos fotógrafos. A sua atividade na imprensa iniciou-se aos 17 anos, quando ingressou na delegação de Lisboa do jornal “Comércio do Porto”, onde se manteve até se aposentar, em 1988.
A colaboração como fotojornalista estendeu-se a diversos jornais e revistas, entre os quais, “O Panorama”,” Novidades”, “A Voz”, o “Primeiro de Janeiro” e o “Diário Popular”. Durante a década de 1920, iniciou a colaboração com as duas maiores revistas ilustradas de circulação nacional, “O Século Ilustrado” e “Notícias Ilustrado”.



Em 1929, entrou para o “Diário de Notícias”, mantendo-se a trabalhar nesta entidade até ser saneado, em 1975. Foi ao serviço deste jornal que fez a cobertura da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), um dos mais destacados trabalhos que realizou.
Efetuou múltiplos trabalhos oficiais para a secção de imprensa do Ministério do Ultramar, ao serviço do qual, fez a cobertura fotográfica de diversas viagens presidenciais a África e ao Brasil, utilizando, frequentemente, uma câmara Spido-Gaumont e uma Leica.
Acompanhou a primeira visita de Estado de um Presidente da República Portuguesa às colónias africanas, integrado na missão cinegráfica às colónias de África. Desta participação, resultou a obra “Viagem presidencial às colónias”, publicada pela Agência Geral das Colónias entre 1938 (ano em que recebeu a carteira profissional de jornalista) e 1939.



Nas suas reportagens de trabalho, destacam-se: as viagens presidenciais à Guiné (1955 e 1968), Cabo Verde (1955 e 1968), São Tomé e Príncipe (1954 e 1970), Angola (1954 e 1963), Moçambique (1956 e 1964), Brasil (1957), Açores (1957); as reportagens de caráter oficial, nomeadamente, exposições do Secretariado Nacional de Informação (SNI/SPN), inauguração do Estádio Nacional (1947), festas centenárias (1940), Exposição do Mundo Português (1940), iniciativas religiosas, Legião Portuguesa, Mocidade Portuguesa, festas da cidade de Lisboa (1947), congresso da União Nacional (1944) e retratos dos chefes de Estado.
O fotógrafo produziu e reuniu uma vasta coleção de documentos fotográficos, representativos da esfera oficial e propaganda nacional, que marcaram o período da ditadura portuguesa.




Considerando o interesse deste espólio para o registo visual do século XX português, a Câmara Municipal de Lisboa adquiriu a Firmino Marques da Costa, em 1990, cerca de 11 500 documentos fotográficos, vários diários de bordo e 1 máquina fotográfica, atualmente depositados e preservados no Arquivo Municipal de Lisboa-Fotográfico.
Com desprendimento bastante,
Marques da Costa afirmava:“Você sabe: Eu guardava isto, não era para coisa nenhuma, guardava ia lá ficando ficava para lá. Nunca pensei nisso para fazer um Arquivo, para vender um Arquivo, nunca me passou isso pela cabeça” (entrevista a Firmino Marques da Costa, 29 outubro 1990).
Mariana Caldas de Almeida





