Richard Towers

Richard Towers, pseudónimo de Martinho Fernando Alves Torres, nasce a 14 de janeiro de 1974 em França (Saint Germain-en-Laye, Paris). Em 1984, muda-se, em definitivo, para Portugal, onde completa os seus estudos superiores, obtendo a licenciatura em línguas, na área do Ensino do Português e Francês. Em 2009, decide criar a sua própria editora – Neoma Produções – e dar vida a um conceito inovador: o Livro-Objeto. No ano de 2015, envereda pela literatura infantojuvenil, dando expressão à originalidade da sua obra, com criações que ultrapassam o convencional e abrem um novo caminho para a Literatura, a Música e a Arte.
Foi professor durante muitos anos, mas foi nas artes que encontrou a sua vocação. Como foi esta descoberta?
Enquanto professor, nunca deixei de estar ligado às artes, sobretudo à música. Tive muitos projetos musicais pelo que, quando decidi publicar as minhas obras, a música acabou por ser integrada naturalmente. Encontrei o momento certo quando embarquei na viagem da literatura infantil.
O Richard Towers, para além de músico, é escritor. Começou por escrever para os leitores jovens e adultos, mas acabou por eleger as crianças como o seu público favorito. Como aconteceu essa mudança?
A transição aconteceu de forma natural, pois o potencial do livro-objeto, para crianças, estava lá – foi só uma questão de adaptar os conteúdos. Criei um conjunto de personagens – A Banda de GuruRock – e decidi levá-los a viajar no tempo, para conhecerem personalidades da História Universal. Nas minhas obras, as peripécias levam ao encontro de nomes tão distintos como Beethoven, Einstein, Cleópatra, Pasteur ou Leonardo da Vinci.




O que é o livro-objeto? Como e quando surgiu essa ideia?
Começando pela segunda pergunta, a epifania deu-se em 2009, quando percebi que teria de romper com a convencionalidade do mercado para marcar uma posição. A ideia foi trabalhada ao longo de cinco anos, com avanços e recuos, até alcançar o resultado pretendido. O livro-objeto é um conceito inovador que remete para a dupla funcionalidade das obras, transformando-se, cada livro, num objeto. Por exemplo, o meu primeiro livro – A Sinfonia do tempo – é um livro que inclui um relógio, ativado por uma pilha, e que pode ser pendurado na parede. “O Desafio de GuruRock” é um livro-xadrez que inclui peças, “O Espelho Mágico” tem um espelho na capa e também pode ser pendurado na parede; “A Máscara dos Desejos” inclui uma máscara e o livro-puzzle, o mais recente lançamento, tem um puzzle na capa que, resolvido, revela o título da obra.
De todos os livros que publicou até hoje, qual é o mais especial? Porquê?
Todos são especiais, pois cada um tem uma história distinta. Geralmente, são “partos” difíceis, pois as minhas obras levam muito tempo a serem pensadas e produzidas, quer pela complexidade da sua construção física, quer pela intrincada ligação entre a história, a personalidade abordada e o seu objeto. Em termos de aceitação do público, posso destacar o livro-xadrez “O Desafio de GuruRock”, pois é um livro que permite a partilha através do jogo de xadrez/damas, o que o torna num dos mais interativos e solicitados da coleção.

Ser, ao mesmo tempo, autor, editor, produtor, distribuidor e ainda concertista, não deve ser tarefa fácil. Como faz a gestão do seu tempo com múltiplas atividades e compromissos?
Um dos meus maiores problemas é a agenda. Tenho imensos espetáculos em todo o país e um plano de edição pouco compatível com a minha disponibilidade. Neste momento, tenho cinco obras em espera, todas desta coleção – As Aventuras de GuruRock e a sua Banda – e prontas a serem publicadas. Quanto aos concertos literários, que promovo em todo o país, continuarão a ser o cerne do meu trabalho, pois são a verdadeira materialização de todo o projeto.
Em que consiste o concerto literário que leva às escolas e bibliotecas?
O concerto literário é uma realização artística que compreende leitura, música, coreografias, enigmas, interação e muita diversão. É uma viagem em que conduzo as crianças pelo mundo da imaginação, através da curiosidade (que neles é natural) e dos estímulos visuais e auditivos, os quais desaguam numa energia explosiva, em que todos participam de forma plena. Levo comigo um cenário, toco guitarra elétrica, construímos um puzzle, cantamos, dançamos, pulamos e rimos. As crianças descobrem os contributos das personalidades para a história da humanidade e uma nova forma de olhar para o livro e para a leitura. É uma enorme celebração!
“Levar à leitura, através da música”. Este é um dos principais objetivos do seu projeto artístico. Já tem alguns dados recolhidos por escolas, pais, ou alunos sobre a adesão destas crianças à leitura?
Não tenho uma estatística oficial, mas tenho uma certeza, comprovada no terreno: a apetência pela leitura sai muito reforçada com as sessões que levo a cabo. No pós-concerto, os professores, pais e alunos procuram as obras e fazem a apologia do livro-objeto.

O Richard já teve algum apoio estatal para o seu projeto? Como têm respondido as diferentes instituições?
Até ao momento, não fui contemplado com nenhum tipo de apoio, porém, sou regularmente contratado por entidades públicas (câmaras, juntas, associações, entre outros) para levar o concerto literário aos diferentes espaços comunitários.
Onde podemos comprar os seus livros?
As minhas obras podem ser adquiridas nas lojas da especialidade, tais como a Wook ou a Bertrand.
Pode revelar-nos alguns dos projetos para 2025?
Um dos objetivos de 2025 passa por levar o concerto literário além-fronteiras. Tenho já duas datas para a cidade de Estrasburgo, o 24 e 25 de maio, e uma forte possibilidade de apresentar o meu trabalho em Paris. A internacionalização do projeto é um dos maiores desafios, objetivo para o qual tenho trabalhado afincadamente, como atestam as minhas participações em Feiras Internacionais do Livro, como Bolonha e Frankfurt.
Uma mensagem para todos os artistas do mundo.
Primam pela originalidade e trilhem o vosso caminho.
