Helena Corrêa de Barros

© Câmara Municipal de Lisboa/Direção Municipal de Cultura/Dep. de Património Cultural/Arquivo Municipal de Lisboa

O Arquivo Municipal de Lisboa/Fotográfico acolheu o fundo fotográfico de Helena Corrêa de Barros através de uma doação dos seus herdeiros, em 2003, e apresentou a exposição Helena Corrêa de Barros – Fotografia, a minha viagem preferida, entre 2018 e 2019.
Helena Margarida Buzaglo Abecassis Corrêa de Barros nasceu em Lisboa a 25 de fevereiro de 1910, no seio de uma família judaica com ramificações nos Açores e em Inglaterra e faleceu a 26 de maio de 2000, em Lisboa. Era a filha mais nova de Fortunato Carlos Bensaúde Abecassis (1875-1940) e de Sophia Amzalak Buzaglo Abecassis (1881-1955). Helena e os dois irmãos, Henrique Isaac Buzaglo Abecassis (1903-1975) e Eduardo José Buzaglo Abecassis (1906-1952) faziam parte da quarta geração de Abecassis radicados em Portugal, oriundos da diáspora de Marrocos.

O pai tinha nacionalidade inglesa e foi vogal e tesoureiro da comunidade israelita de Lisboa. Continuou a empresa comercial Abecassis (Irmãos) e Cª, que se dedicava à exportação e comercialização de adubos químicos e orgânicos e, mais tarde, expandiu-a, com a fusão Buzaglos e Cª. Durante a sua geração a empresa dos Abecassis passou a dedicar-se à indústria em Portugal com a Lusalite-Sociedade Portuguesa de Fibrocimento, a Sociedade de Perfumarias Nally, a Companhia de Seguros Mundial e a CEL-CAT.
A mãe tinha nacionalidade inglesa, foi membro da Organização Internacional de Mulheres Sionistas, inspirada no trabalho desenvolvido pelo Instituto Rockefeller e fundou o Centro de Assistência à Maternidade e Infância.

Helena casou com Eduardo Costa Lobo Corrêa de Barros (1912-2000), no dia 4 de abril de 1937. Deste casamento nasceram quatro filhos: Margarida Corrêa de Barros (1938), Teresa Corrêa de Barros (1939), Manuel Corrêa de Barros (1941-2004) e Sofia Abecassis Corrêa de Barros (1942).
Helena Corrêa de Barros é o exemplo perfeito da fotógrafa amadora, dedicada à prática fotográfica e exímia no domínio da técnica. A escolha da máquina fotográfica Leica, que a acompanhou toda a sua vida e do registo em diapositivo a cores durante mais de 50 anos (1947-1999), mostra bem a fotógrafa “sempre à frente do seu tempo” e “sempre com um olhar para o futuro” . Também participou em exposições nacionais e internacionais promovidas pelos concursos fotográficos com imagens a preto e branco, tendo sido sócia do Fotoclube 6×6.

Em 1955, apresentou um texto na rubrica A minha fotografia preferida, publicado na revista Fotografia – Revista ao Serviço da Arte Fotográfica, no qual referiu:
«Desde pequena que a fotografia foi para mim o passatempo mais agradável. Nunca fiz nenhuma viagem sem levar a máquina comigo e, muitas vezes, o prazer maior era o de poder tirar fotografias: se, por qualquer motivo, me não era possível fazê-lo, o passeio não tinha para mim o mesmo encanto. No entanto, só fazia fotografia documental ou descritiva das viagens, de flores e plantas, mais tarde dos meus filhos, sem me preocupar grandemente com a perfeição; só há pouco mais de um ano comecei a interessar-me pela “Fotografia de Salão” ou “Artística” […]»

a memória da família e amigos, contribui para o enriquecimento do Arquivo e para a história da fotografia em Portugal, bem como para as ciências sociais como património coletivo.

O presente texto foi baseado na publicação Helena Corrêa de Barros: fotografia, a minha viagem preferida. Lisboa: Câmara Municipal, 2018. ISBN 978-989-99505-7-3.

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